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quarta-feira, 20 de abril de 2011

A nova lei do investimento privado em Angola é elitista


Foi aprovada no plenário da Assembleia Nacional Angolana a nova Lei do Investimento Privado Angolano.

Após ouvir o Ministro das Finanças Dr. Carlos Lopes, que aceitou correções menores a nova Lei, vindas da bancada da UNITA e algumas da bancada do MPLA, realço as seguintes alterações na citada Lei:

1- Fica abrangido pela nova lei, os investimentos no país superiores a um milhão de dólares americanos, que darão direito a isenções fiscais e aduaneiras, após aprovação do Ministério das Finanças ( a ANIP perdeu autonomia nesta matéria ). Todo o investimento abaixo deste valor é considerado no quadro geral do investimento em Angola, que obedece a legislação específica existente e a ser criada, como a Lei de apoio as micros, pequenas e médias empresas angolanas.

Defende o executivo angolano, que esta lei evitará a «sangria» de capitais para o exterior, principalmente em projectos que foram pouco relevantes para o país, nomeadamente na criação de postos de trabalho.

As críticas levantadas pela classe empresarial e outros sectores sociais angolanos, de que esta lei deixava de fora os empresários nacionais, foi contrariada pelo Ministro das Finanças com a Lei do Fomento do Empresariado Nacional, que convínhamos na prática, nunca teve sucesso na sua aplicabilidade, nomeadamente, no que diz respeito aos apoios financeiros, como o crédito e o capital de risco, as previstas isenções ao imposto industrial, aduaneiro etc.

2 – Deixa de haver a presunção do projecto aprovado no fim do prazo previsto para a sua análise, dando lugar a outra presunção de “desaprovação” como forma de garantia do Estado Angolano contra projectos aprovados com pouca relevância nacional no desenvolvimento do país.

3 – Foram aceites alguns alargamentos de prazos ao longo da sessão parlamentar, com base nas propostas dos Deputados.

Esta Lei é elitista, porque de facto condiciona em igualdade de circunstâncias os empresários, quer nacionais quer estrangeiros, no acesso aos benefícios previstos nas três zonas estabelecidas. É uma Lei a ser aplicada aos projectos escolhidos, com os investidores de maior dimensão, que serão muito poucos e irão controlar e usufruir, dos concursos abertos pelo Estado as empresas privadas «apadrinhadas», em sectores apetecíveis como a Habitação, infra-estruturas rodoviárias e sociais ( saúde e educação ), agricultura e pescas, com a alegação do Executivo, que são este os projectos que vão criar milhares de postos de trabalho em Angola e por maioria de razão a serem premiados com os incentivos fiscais e outros.

O Ministro das Finanças não se cansou de sublinhar que esta Lei assegurava o bem-estar dos Angolanos. A ver vamos, Sr. Ministro.

O que vai acontecer, é que as poupanças internacionais vão ser desviadas para outros países, como Moçambique, que têm custos mais baixos de implantação de projectos de investimento, em que o IDE é protegido e é garantido o repatriamento dos lucros de uma forma mais célere e desburocratizada do que em Angola.

Não tenho dúvidas que este ano e os próximos anos terão níveis de investimento, mais baixos em Angola, por força desta Lei, não só no investimento estrangeiro como no nacional, considerando que o empresariado angolano está descapitalizado.

As falhas de pagamento por parte do Executivo Angolano nos últimos dois anos, que colocaram centenas de empresas em situação financeira de colapso e juntando a dificuldade no repatriamento dos lucros, os empresários vão começar a desinvestir em Angola, alienando as suas participações nas sociedades de direito Angolano.

Esta iniciativa reguladora do investimento privado vai ser um dos maiores desastres económicos e financeiros em Angola, com consequências imprevisíveis a médio e longo prazo, acreditando que a curto prazo só os «elitistas» sonharão que vão multiplicar os seus lucros com os esquemas habituais.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

As falhas da PAZ social em Angola



Nove anos depois da assinatura em Luanda, da Adenda ao Acordo de Lusaka efectuado em Luena, entre as FALA e as FAA, ainda temos um foco armado em Cabinda. O Executivo Angolano tem sido manifestamente ineficaz na resolução deste conflito armado latente em Cabinda. O calar das armas em Angola não foi totalmente conseguido.

A Paz em Angola, é um processo evolutivo que merece atenção de todos.

Numa altura, em que se constata que a Comunidade Internacional intervém nos países, onde existem violações dos direitos humanos e «convidam» os responsáveis a deixarem o poder (veja-se o bom exemplo da Líbia), Angola pode ficar ao alcance de eventuais medidas cautelares internacionais, se o Executivo persistir numa política interna de coagir a oposição, a sociedade civil e aos angolanos em não manifestarem a sua indignação, contra os abusos do poder e ao desrespeito dos seus direitos fundamentais.

Os Angolanos sentem-se defraudados em relação as promessas do partido maioritário e querem eleições para manifestarem o seu desagrado e votarem nos Partidos que venham apresentar um programa governativo, que vise melhorar as suas vidas e a satisfação das necessidades básicas, como a habitação, saúde, educação, emprego e melhor distribuição da riqueza nacional.

A aposta no recurso humano angolano deve ser uma prioridade do Executivo, que não deve depender do cartão de militante, para aceder as oportunidades que surgem aos empreendedores ou aqueles, que buscam o sustento diário, para viverem com dignidade no seu País.

O Angolano, independentemente do seu credo religioso, raça, filiação partidária, profissão e género, tem o direito a usufruir dos seus bens materiais, herança e outros ónus legalmente outorgados pela Constituição e quando é impedido pelo Estado, deve ser devidamente indemnizado, compensando as suas perdas e os lucros que deixará de ter, por força de um confisco ou nacionalização.

O investidor estrangeiro quando chega Angola tem que se preocupar, não apenas com os seus lucros, mas também ajudar os seus trabalhadores a terem uma vida melhor, pagando pontualmente o salário, os benefícios sociais contratados e cumprir zelosamente com a legislação nacional.

A responsabilização do Executivo, pela falta de água potável e de saneamento básico nas habitações, pelo fraco investimento nas escolas, centros de saúde e hospitais, no ínfimo apoio a indústria não petrolífera e agricultura, no reduzido combate a pobreza, no enriquecimento de uma elite político-partidária do maioritário e seus familiares, vai ser um dia despoletada em sede própria e utilizando os mecanismos legais de um Estado de Direito e Democrático.

A PAZ social só será uma realidade em Angola, quando os angolanos se sentirem donos do seu país e não subalternos e enteados de uma minoria dirigentes arrogantes, que pensa que vai eternizar-se no poder, nem que tenham de usar a força e as ameaças veladas contra cidadãos indefesos.