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O general
angolano Bento "Kangamba" afirmou esta quinta-feira que não foi
constituído arguido pelas autoridades portuguesas, praticamente cinco meses
depois de buscas às propriedades em Portugal, desafiando a Justiça a apresentar
provas das suas alegadas actividades ilícitas.
O também
empresário angolano revelou, questionado pela Lusa, em Luanda, que se reuniu
esta semana com os advogados que o representam em Portugal, tendo constatado,
segundo disse, que a investigação em curso não se centra no dinheiro
encontrado, mas em "notícias falsas dos jornais e da internet".
"Não
sou arguido em nenhum processo. É estranho. Continuo sem nada", afirmou
Bento dos Santos "Kangamba", sobre as alegadas acusações de fraude
fiscal e branqueamento de capitais e desafiando as autoridades portuguesas a
"apresentarem provas".
Em causa
estão buscas realizadas a 15 de Outubro às propriedades de Bento dos Santos
"Kangamba" em Portugal, no âmbito de investigações do Departamento
Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) por suspeitas de branqueamento de
capitais, alegadamente relacionadas com a actividade do militar angolano em
território português.
"A
Justiça portuguesa atravessa um momento complicado", disse ainda, alegando
ter visto o seu nome "manchado" aos longos dos últimos meses com as
notícias publicadas sobre o caso. Mantém, ainda assim, que contínua disponível
para prestar esclarecimentos em Portugal, se for chamado para tal.
"Sempre
estive à disposição. Quem não deve, não teme. [Ser chamado pela Justiça] não
aconteceu, porque eu não cometi nada [crime]", disse.
De acordo
com informação anterior do próprio general, de três estrelas, em duas casas que
possui em Portugal foram encontrados, nas buscas, 1,7 milhões de euros e 900
mil euros, dinheiro que na sua versão serviria para "pagar aos
trabalhadores e colaboradores mais próximos" no país.
"Guardo
dinheiro em casa, em Portugal, porque não confio nos bancos portugueses. Não há
problema nenhum nisso", garante agora o polémico general e empresário
angolano.
Insiste
tratar-se de dinheiro proveniente dos seus rendimentos e não de actividades
ilícitas, afirmando que a Justiça portuguesa deve "apresentar as
provas" que tem neste processo contra si.
"O
problema que está aqui não é eu ser o empresário Bento ‘Kangamba', mas por
estar casado com a sobrinha do Presidente José Eduardo dos Santos. Mas quando
eu casei já era rico, nunca menti", afirma.
Bento dos
Santos "Kangamba" tem vindo a assumir preponderância na estrutura de
Luanda do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido liderado
por José Eduardo dos Santos e no poder no país desde 1975, além de presidente
do popular clube de futebol da capital Kabuscorp do Palanca (vice-campeão
angolano).
Sobre as
relações entre os dois países, o general, que tem sido acusado de envolvimento
em tráfico de mulheres e redes de prostituição de luxo, diz que durante a colonização
"o português fez filho em Angola" e recorda que "Bento dos
Santos não é nome do bairro [angolano]".
"Os
portugueses devem ser vistos como nossos irmãos. Somos família e devemos apoiar
os portugueses", enfatizou.
Afirma que
em Portugal só pretende "dar emprego aos portugueses", recordando que
participou no "desenvolvimento do desporto", financiando vários
clubes portugueses, e ironiza com a situação do Banco Espírito Santo (BES) e
ramificações ao banco em Angola (BESA).
"No
problema ‘BES' o general não está. E esse problema deixou de dar de comer a
milhares de portugueses", apontou, exigindo ser defendido pela Justiça em
Portugal.
"A
Justiça portuguesa tem leis que defendem os cidadãos, por isso também me deve
defender a mim", rematou. “” – FONTE : JORNAL de NEGÓCIOS
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