Rádio Angola Unida (RAU): 192º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 05-11-2020 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- - A agência de notação financeira Moody's alertou hoje que Angola e Moçambique
estão entre os países da África subsaariana onde as empresas públicas mais
podem desequilibrar as contas públicas devido ao reporte deficiente dos dados.
De acordo com o documento, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso,
"a intensificação das dificuldades financeiras das empresas estatais
devido à crise do novo coronavírus vai aumentar os riscos para a maioria dos
países emissores de dívida soberana". Os riscos, aponta-se, são
"particularmente elevados para os governos da África subsaariana devido
aos grandes níveis de dívida, à importância estratégica das empresas públicas e
à fraca governação, sendo a dívida garantida pelo Estado o maior risco imediato
em países como a Etiópia e a África do Sul, mas também podendo desequilibrar
países sem capacidade para ajudar as empresas, como a República do Congo ou
Moçambique". A dívida vencida das empresas públicas na África subsaariana
é "significativa", alerta a Moody's, estimando que as entidades
públicas não financeiras tenham uma dívida equivalente a 10,7% do Produto
Interno Bruto (PIB). O apoio do Estado, independentemente das obrigações
contratuais, é "altamente provável", escrevem os analistas da
Moody's, argumentando que "mesmo que o nível de apoio formal dado seja
baixo na região, com uma média de 3,4% do PIB, existe uma forte probabilidade
de o reporte dos dados ser 'feito por baixo'". O apoio, afirmam, será
sempre dado já que "na maior parte dos casos estas empresas públicas
operam em setores estratégicos da economia, empregam um grande número de
pessoas e fornecem serviços essenciais". No relatório, a Moody's lembra o
caso da Sonangol, entre outros, para apontar que "os países com recursos
naturais onde a produção de petróleo e minas são geridas por empresas públicas
são vulneráveis a choques de procura e de matérias primas, como por exemplo em
Angola, que em 2016 foi obrigada a ajudar a Sonangol com uma transferência de
10 mil milhões de dólares, equivalente a 10% do PIB, no seguimento de quebras
de liquidez causadas por uma descida do preço do petróleo".
- O Banco Angolano de Investimentos (BAI) apresentou recentemente o seu
Primeiro Relatório de Impacto Económico e Social, que explana as atividades
desenvolvidas por esta entidade entre 1996 a 2019. Ao longo dos anos, o Banco
Angolano de Investimentos (BAI), que em novembro completa 24 anos, tem vindo a
pautar a sua atividade pela realização de iniciativas que vão muito além da
componente de negócio e que contribuíram para o desenvolvimento social,
económico e ambiental do país. Com um ativo de 2.6 biliões de kwanzas (acima de
3.000 milhões de euros), tem mais de dois mil colaboradores, e crédito
(cumulativo ao longo dos anos) concedido superior a 4 biliões de kwanzas (acima
dos 5.000 milhões de euros), sendo por isso uma das maiores entidades
financeiras de Angola. No evento realizado online, em formato de webinar, foi
patente, através do testemunho de vários empresários e empreendedores – desde
os responsáveis pela Fazenda Pérola do Kikuxi, Alaturca, Fazenda Girassol,
Fazenda Vista Alegre, Biocom, Omatapalo –, o impacto que o financiamento e
apoio do BAI teve na atividade empresarial e, sobretudo, na criação de valor
acrescentado e na manutenção dos níveis de emprego nesta geografia. Luís Lélis,
presidente da Comissão Executiva do BAI, foi o anfitrião do evento,
considerando a apresentação deste primeiro relatório de impacto económico e
social como o lançamento de uma “pedra inicial” para o que será um conjunto de
eventos que vão acontecer nos próximos 12 meses e que culminará no 25.º aniversário
da instituição. “Começámos como um banco de investimento, mas hoje somos um
banco universal”, esclareceu Luís Lélis na sua apresentação. A sustentar esta
afirmação está o facto de, para além de banca de investimento, a atividade do
BAI ser agora expandida com a banca comercial, banca de particulares e banca de
empresas. “Estamos na cadeia completa do que é a função da banca”. Além de
estarem presentes nas 18 províncias de Angola, com 274 pontos de atendimento, o
BAI internacionalmente tem agências em Portugal, Cabo Verde e São Tomé e
Príncipe.
- O Presidente angolano convidou
hoje os investidores a examinar o leque de oportunidades de negócios no país
nos setores da agricultura e pecuária, indústria, pescas, transportes,
construção e turismo. Segundo o Presidente angolano, citado numa nota de
imprensa, este evento significa para Angola uma oportunidade para apresentar o
país em renovação, uma economia emergente, que se quer tornar num destino
preferencial para os investidores. O chefe de Estado angolano sublinhou que
estão a ser tomadas medidas para melhorar o ambiente de negócios, reduzir a
dependência do petróleo e atrair o investimento estrangeiro para os diversos
recursos naturais e outros setores económicos do país. "Desde 2017 que
iniciámos um processo de implementação de reformas para promover o investimento
e aumentar a competitividade. Iniciámos um processo de privatização de empresas
e ativos, com destaque para setores que oferecem grandes vantagens competitivas
para o investidor privado, por isso, uso a presente plataforma para convidar a
comunidade de investidores a ser proativa no aproveitamento desta janela de
oportunidades", exortou João Lourenço. Ainda no quadro das reformas,
aclarou o Presidente angolano, foram aprovadas leis que estabelecem princípios
para o investimento privado e promovem a concorrência no mercado, bem como foi
liberalizada a taxa de câmbio e foram tomadas medidas contra a corrupção e
impunidade, com vista a criar um melhor ambiente de negócios. De acordo com o
chefe de Estado angolano, estas medidas visam essencialmente a transformação da
economia angolana e a atração de investimento privado, para ajudar a reduzir a
desigualdade, criar empregos e um rápido crescimento. "Angola de hoje é um
lugar seguro para investir, oferece um ambiente de negócios estável e
favorável, com uma população jovem, trabalhadora, de espírito empreendedor e
ávida em abraçar os desafios de um mercado em crescimento", garantiu João
Lourenço, destacando ainda a favorável localização geográfica de Angola no
acesso aos mercados da África Austral e Central. Para a retoma do crescimento
económico de Angola, frisou João Lourenço, é preciso o aumento do investimento,
"para proporcionar aos angolanos, em particular a juventude, melhores
rendimentos e, por essa via, aumentar o bem-estar das suas famílias".
- A Administraçao Municipal de Benguela vai iniciar Sexta-feira a venda
dos terrenos no bairro das Salinas de onde dezenas de famílias foram
desalojadas e enviadas para a escola do Magistério com poucas condições de
habitabilidade. Os antigos residenes prometem continuar a resistir e o seu
advogado José Faria avisa que a venda é ilegal . O anúncio das autoridades, foi
feito por via de um edital que estipula os preços preços entre 400 mil e 1
milhão de Kwanzas. Alguns antigos residentes fazem notar que tinham pago pelos
terrenos anes de lá teremsido expulsos. Em nome de um grupo com mais de 100
elementos, o cidadão João Mavinga, detentor do comprovativo de pagamento no
banco público BCI (Banco de Comércio e Indústria), numa conta denominada
“Embelezamento das Cidades’ disse ter um “sentimento de tristeza, nada vai,
nada vem, é assim há mais de três anos, mas já fizemos os pagamentos”. “ Talvez
fosse melhor dividir terras (nas Salinas) também para nós. Queremos saber quem
vai devolver o nosso dinheiro”, acescentou. Mavinga, à semelhança dos demais,
reclama um lote no projecto denominado “Benguela Sul”, onde, segundo
informações disponíveis, as delimitações da área estão já a desaparecer. Maria
Jamba de Almeida, ex-moradora, reafirma que as famílias desalojadas vão até às
últimas consequências e sentem-se chocadas com o anúncio da venda dos terrenos.
” Isto abalou com os ‘salineiros’, até porque a Administração sabe que o caso
está em tribunal. Mas não vamos sair de lá , o bairro pode ser o nosso
cemitério, só se for isso. Vamos lutar a ferro e fogo até ao fim”, disse. Em
comunicado distribuído à imprensa, a defesa das famílias, liderada pelo
advogado José Faria, escreve que a venda de terrenos nas Salinas é ilegal, pelo
que lança um apelo à não adesão a um negócio susceptível a outros conflitos.
RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola.
Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são apresentados e produzidos em Washington D.C.
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
Prof.kiluangenyc@yahoo.com.
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