Rádio Angola Unida (RAU): 225º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 15-7-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- Portugal e Angola assinaram hoje um acordo de financiamento de mestrados para formação de professores angolanos, através de uma parceria com a Universidade do Minho, que conta com um apoio de 150 mil euros do instituto Camões. O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação realçou, após rubricar o acordo, em Luanda, a sua importância para a cooperação portuguesa, sublinhando que está alinhado com os objetivos estratégicos de cooperação que se pretende desenvolver com Angola e com os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. "Este modelo corresponde à evolução da cooperação entre os nossos dois países", declarou Francisco André, destacando "a liderança e iniciativa" que as autoridades angolanas demonstraram neste processo. "Estaremos juntos no fim para avaliar de forma objetiva os resultados do programa", acrescentou. Francisco André, que se encontra em Angola no âmbito da cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), indicou que a visita vai servir também para passar em revista vários assuntos da cooperação portuguesa com a administração pública angolana e fazer um ponto de situação. Mas servirá principalmente, prosseguiu, para na semana em que se celebram os 25 anos da CPLP "reforçar os laços entre os dois países" e programar a relação futura no próximo quadro europeu de cooperação externa, onde Portugal e Angola estão envolvidos. O diretor do gabinete de quadros do Presidente da República, Edson Barreto, referiu que o acordo reforça "e muito, os laços de cooperação e amizade entre os dois países" e dá sequência a um memorando de entendimento assinado em 2018. Trata-se, neste caso, do envio de 100 estudantes angolanos para o Instituto de Educação da Universidade do Minho, para fazerem cursos de mestrado em metodologias especiais do pré-escolar, ensino primário e primeiro e segundo ciclo, explicou. O acordo, concretizado com o envio de estudantes angolanos para Portugal, já realizado em maio passado terá uma contribuição financeira do Camões -- Instituto da Cooperação e da Língua para implementação do projeto no valor de 150 mil euros.
- A investigadora Alexandra
Magnólia Dias defende que Angola tem "a responsabilidade moral" de
levar a Guiné Equatorial a cumprir o programa de adesão à CPLP, uma vez que foi
dos principais impulsionadores da entrada deste país na organização. Em
entrevista à agência Lusa a propósito dos 25 anos da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP), a investigadora do Instituto Português de Relações
Internacionais (IPRI), da Universidade Nova de Lisboa, considerou que a
implementação do programa de apoio à integração da Guiné Equatorial da CPLP,
prevista para ocorrer até 2022, deve ser uma das prioridades da presidência
angolana. Angola assume a presidência rotativa da organização lusófona na XII
Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, que se realiza na sexta-feira
e no sábado, em Luanda. "Angola, que foi um dos Estados-membros que maior
protagonismo e maior importância teve na admissão oficial da Guiné
Equatorial", na cimeira de Díli, em 2014, "deve na sua presidência
garantir que a Guiné Equatorial [...] implemente estas medidas efetivas e que a
abolição da pena de morte e alguns avanços no sentido de uma maior
liberalização política e sinais de democratização sejam levados a cabo",
defendeu. A especialista em assuntos africanos considerou que se trata de uma
"responsabilidade moral" de Angola "criar os incentivos" para
"uma maior democratização" da Guiné Equatorial, começando "pela
abolição da pena de morte", uma medida a que se comprometeu, mas que ainda
não cumpriu. Ressalvando que aquilo que se pode esperar das organizações
internacionais "para influenciar processos de transição e liberalização
política interna é sempre limitado", Alexandra Magnólia Dias defendeu que
são necessárias também medidas "para a criação de um espaço político para
manifestação da oposição dentro da sociedade e do Estado da Guiné Equatorial".
Questionada sobre o impacto da adesão deste país, liderado desde 1979 por
Teodoro Obiang, acusado por organizações internacionais de violações dos
direitos humanos, a professora referiu que a admissão "foi contra os
princípios fundacionais da CPLP", nomadamente "o passado histórico
como um legado colonial" e a "língua comum". Segundo a
investigadora, a adesão da antiga colónia espanhola, impulsionada por Angola e
pelo Brasil e em que Portugal "foi apanhado na curva", colocou também
em causa um dos princípios e elementos constitutivos da CPLP, que é "o
respeito pela democracia e pelos direitos humanos", gerando "uma
crise profunda em termos identitários". Alexandra Magnólia Dias considerou
que essa fase estará já ultrapassada, mas destacou que neste processo de adesão
"os resultados são tímidos", incluindo na promoção e disseminação da
língua portuguesa naquele país. Sobre a evolução da CPLP ao longo de 25 anos, a
investigadora referiu o acordo de mobilidade, que deverá ser aprovado na
cimeira de Luanda, como "uma das grandes conquistas", que "tem
efeitos tangíveis que vão ser visíveis" porque "vai facilitar e
promover a aproximação entre cidadãos da CPLP". A professora referiu
tratar-se de "um acordo contracorrente" porque será firmado numa
altura de restrições à mobilidade, sobretudo no quadro da pandemia da covid-19,
dando "um sinal político de vontade de avançar e eliminar obstruções"
no espaço lusófono. Questionada sobre limitações à aplicação desde acordo tendo
em conta os espaços regionais em que cada país se encontra, admitiu que há
questões a ultrapassar, mas disse esperar medidas efetivas e não apenas
"narrativa política". Para a investigadora, este acordo "é um
marco, que pode ser um ponto de viragem importante para a CPLP", sobretudo
numa altura de "maior encerramento do ponto de vista global e de
emergência de movimentos e partidos políticos que apelam ao ódio". Sobre a
aposta na vertente económica, Alexandra Magnólia Dias referiu que é preciso
"sair do paradigma securitário" e pensar em África "como um
mercado de destino dos seus produtos" e não "como fonte de migrantes
irregulares".
- O Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) de Angola anunciou hoje a abertura de concurso público para a privatização de três empreendimentos agroindustriais no país no âmbito do Programa de Privatizações (PROPRIV). Em causa está a privatização dos complexos industriais do Dombe Grande e do Namibe e ainda do Matadouro de Malange em concurso virtual que será aberto vinte dias após no próximo dia 29 deste mês. De acordo com o comunicado do IGAPE, o ato irá decorrer de forma virtual, através da plataforma de leilão eletrónico do PROPRIV, por via dos procedimentos de concurso público na modalidade de alienação de ativos. Os ativos em concurso já estiveram no mercado, mas que não chegaram a ser adjudicados, segundo o instituto. O IGAPE informa ainda que será emitida uma autorização especial para que os investidores possam visitar os empreendimentos, pelo que estes deverão indicar, por email, os nomes dos representantes e respetivas empresas, bem como, o ativo ou ativos que pretendem visitar.
- Vítimas das cheias de 2015 na província angolana de Benguela, ainda sem
habitações, perderam para uma empresa de construção civil a única fonte de
sobrevivência, um espaço onde exploravam árvores para a transformação em
carvão, vedado para a instalação de placas solares, soube a VOA. Na localidade
dos Cabrais, pertencente ao município da Catumbela, vários cidadãos dizem que a
ocupação dos terrenos, há alguns meses, agudizou a situação das 350 famílias
que vinham já enfrentando a fome e falta de água e medicamentos. A inserção de
membros da comunidade dos Cabrais nas obras que culminarão com a produção de
energia solar para Benguela, a partir do terceiro projecto do género, foi a
solução encontrada para acabar com o conflito de terrenos. José Maria, morador
da zona, ao falar de dificuldades como a alimentação, assistência medicamentosa
e falta de água, disse que a empresa MCA, parceira do Governo, não está a cumprir.
"Eles, depois da terraplanagem, já estão a empregar, colocaram 60
(pessoas) do Biópio, nós... nada. O soba teve de levar três pessoas , só assim
eles receberam, mas entre sessenta só temos três", lamenta o munícipe. Ele
indica que "as pessoas não têm nada para sobreviver, tudo está escasso” e
que“o centro de saúde existe mas não há medicamentos, e os escorpiões, cobras e
lacraus estão sempre a ferrar as pessoas". Das autoridades locais,
continuam a chegar promessas."Dia 11 de Maio, mandámos vir o senhor
governador para ver o nosso sofrimento. Ele prometeu ajudar a construir as
casas, vamos ver", diz José Maria.
- A Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana deteve mais de 20 oficiais na província do Cuando Cubango, ainda na sequência da operação “Caranguejo”, lançada em Maio e que levou à detenção do major Pedro Lussaty e à limpeza na Casa de Segurança do Presidente da República. Na altura, foi também demitido o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança, Pedro Sebastião.
RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola.
Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são
apresentados e produzidos em Washington D.C.
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
Prof.kiluangenyc@yahoo.com.
Sem comentários:
Enviar um comentário