Rádio Angola Unida (RAU): 199º Edição do
programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 7-1-2021
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- "A IHS Markit desceu a previsão sobre a evolução da economia
depois da queda de 40% da atividade no setor da construção durante o segundo
trimestre do ano passado, que contribuiu para que o PIB deva ter caído 6,5% em
2020", disse Alisa Strobel em declarações à Lusa. A confirmar-se a
previsão, Angola terá registado o quinto ano consecutivo de crescimento
económico negativo, com o Governo a estimar uma crescimento económico nulo ou
perto de zero em 2021, de acordo com a revisão do Orçamento do Estado aprovada
em dezembro na Assembleia Nacional. Questionada sobre as previsões para Angola
em 2021, a economista disse que "a moeda nacional deverá continuar a
depreciar-se no primeiro semestre deste ano, a inflação deverá ficar mais alta
e as taxas de juros mais elevadas, o que vai continuar a limitar o crescimento
do rendimento disponível dos consumidores". Isto, acrescentou, "vai
levar a uma retoma do consumo privado mais fraca, o que vai abrandar a retoma
económica em 2021". Por outro lado, "uma recuperação modesta nos
preços do petróleo será fundamental para estimular o crescimento,
principalmente durante a segunda metade de 2021, com uma recuperação a produção
e a exportação de crude, mas o desemprego continua notavelmente elevado, e a
pobreza será prevalente na economia angolana a médio prazo". Sobre o
programa de privatizações das empresas públicas angolanas, a economista Alisa
Strobel diz que isso "será positivo para a recuperação dos setores dos
serviços e da produção artesanal em 2022", mas alertou que o crescimento
do serviço dos setores já este ano revelará apenas uma recuperação parcial da
queda do ano passado. No curto prazo, as reformas na Sociedade Nacional de
Combustíveis de Angola (Sonangol) e a privatização de vários ativos não
essenciais vão impulsionar receitas e crescimento, "mas apenas a médio
prazo, e não a curto prazo", concluiu.
- O projeto FRESAN, financiado pela União Europeia, vai disponibilizar
14,6 milhões de euros para financiar projetos de organizações da sociedade
civil angolana, de redução da pobreza e vulnerabilidade à insegurança alimentar
e nutricional, foi anunciado. Segundo uma nota do Centro Cultural Português a
que a Lusa teve hoje acesso, o Projeto FRESAN - Fortalecimento da Resiliência e
da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola, gerido parcialmente e
cofinanciado pelo instituto Camões abriu candidaturas até 30 de março para o
cofinanciamento de organizações da sociedade civil. O valor disponibilizado de
14,6 milhões de euros vai subvencionar ações de fortalecimento sustentável à
insegurança alimentar e nutricional nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe.
"O convite divide-se em dois lotes para uma subvenção máxima de 1.500.000
euros por projeto em cada lote", refere-se na nota. Para o primeiro lote,
está prevista a subvenção de atividades com foco em pastos e incluindo produtos
florestais não madeireiros, processamento, preservação e transformação de
produtos alimentares, canais e redes de comercialização e reservas de
alimentos. O lote dois refere-se a atividades com foco em água e incluindo
prevenção e gestão da desnutrição. O projeto FRESAN já apoiou nove projetos, no
valor de 10.019.917 euros, nas três edições anteriores. "A iniciativa faz
parte de um esforço conjunto da União Europeia com o Governo de Angola para
promover a resiliência de comunidades afetadas pela seca e ameaçadas pelos
efeitos das alterações climáticas no sul de Angola, dando oportunidade a organizações
da sociedade civil, de acordo com as suas áreas de atuação, experiência e as
necessidades das comunidades junto das quais intervêm, de apresentarem
propostas para apoiar a melhoria da segurança alimentar e nutricional",
sublinha-se na nota.
- Jovens ativistas angolanos e atores da sociedade civil marcham no
próximo sábado, na província do Uíje, norte de Angola, para protestar contra as
"dificuldades socioeconómicas" e exigir "alternância no poder no
país", anunciou esta terça-feira a organização. Segundo o ativista Jorge
Kisseque, um dos organizadores da marcha, a manifestação "será
pacífica" e visa "exigir a alternância no poder em Angola" por
considerar que o "atual Governo constitui um obstáculo para a edificação
de uma Angola inclusiva para todos". "Impedindo desta forma a
realização da vontade do povo soberano como é o caso da não-fixação da data das
autarquias locais, a não mobilização de condições múltiplas para a criação de
um sistema de saúde, educação, saneamento básico, acesso à água, ao emprego, aos
transportes públicos e de qualidade", afirmou hoje Jorge Kisseque, em
declarações à Lusa. A marcha agendada para sábado deve decorrer sob o lema
"45 anos é muito, MPLA fora", porque, para o ativista, o Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) "é o
responsável pelos problemas básicos que afetam milhares de angolanos há 45
anos". "Como está claro, com o MPLA no poder esses problemas básicos
não serão resolvidos", argumentou, convidando os cidadãos das restantes
províncias angolanas a se solidarizarem com a iniciativa. Kisseque, que diz ter
sido "baleado com sete tiros nos pés", em agosto de 2020, um dia
antes de uma manifestação por si organizada, considera também que a
"alternância ao poder é a única opção para que os angolanos tenham
oportunidades iguais". "E contribuam na edificação de uma Angola
socialmente justa", notou. De acordo com o ativista, o governo e o comando
provincial da polícia no Uíje "já foram informados sobre a realização da
manifestação" e uma reunião entre os organizadores da marcha e a polícia
local está prevista para manhã de sexta-feira. "Esperamos que polícia
nacional assegure a nossa manifestação pacífica e pedimos à comunidade
internacional e à Amnistia Internacional para que acompanhem no sentido de não
acontecer o que se registou em agosto de 2020 quando fui baleado",
concluiu.
- A notícia, avançada este sábado
pelo semanário “Expresso”, dá conta de que a ação cautelar deu entrada esta
semana no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, não sendo ainda
conhecidos os fundamentos do processo. A empresária angolana Isabel dos Santos
avançou com um processo cautelar contra o Banco de Portugal devido à sua
participação no EuroBic, que se encontra arrestada devido ao Luanda Leaks. A
notícia, avançada este sábado pelo semanário “Expresso”, dá conta de que a ação
cautelar deu entrada esta semana no Tribunal Administrativo do Círculo de
Lisboa, não sendo ainda conhecidos os fundamentos do processo. Segundo o
“Expresso”, o EuroBic (no qual a empresária angolana é dona de 43,5%) e as duas
entidades, através das quais Isabel dos Santos detém participações no banco
(25% pela Santoro Financial e 17,5% pela Finisantoro Holding) surgem como
contra-interessados da ação cautelar que Isabel dos Santos apresentou no tribunal
de Lisboa. Quer isto dizer que o processo cautelar que visa “impedir uma
decisão do supervisor” bancário. Desconhece-se, no entanto, os fundamentos que
terão levado à contenda jurídica contra uma decisão do Banco de Portugal.
Isabel dos Santos tem a sua posição arrestada, apesar de ser a acionista
maioritária do EuroBic. O restante capital está nas mãos do seu sócio Fernando
Teles (37%) e de outros investidores, como Sebastião Lavrador, um ex-governador
do Banco Nacional de Angola.
- O Governo angolano lançou um concurso para a recuperação da frota de
helicópteros da Polícia Nacional, composta por mais de 20 aeronaves e que
"está paralisada na totalidade", anunciou hoje o Ministério do
Interior. "Toda a frota de helicópteros da Polícia Nacional está em terra,
paralisada na totalidade, por isso é que o concurso é recuperação da frota, por
isso colocámos em concurso a frota para entenderem que é o conjunto de
aeronaves, equipamentos de manutenção, pilotos, mecânicos e assistentes",
afirmou hoje o diretor nacional de Infraestruturas e Equipamentos do
ministério, Carlos Albino. Em declarações à Lusa, o responsável disse esperar
por um grande número de empresas no concurso agora lançado para recuperação da
frota de helicópteros da polícia angolana, porque antes mesmo do concurso cinco
empresas já haviam manifestado interesse. "Significa que haverá uma adesão
desejável e, se calhar, vai superar a expetativa, agora se estarão ou não
habilitadas, isto vamos aferir depois, mas a princípio a expetativa é
boa", realçou. O Ministério do Interior angolano lançou na segunda-feira
um concurso limitado por prévia qualificação para recuperação/reabilitação da
frota de helicópteros da Polícia Nacional, fora do território angolano, no
valor de 28,4 mil milhões de kwanzas (35,2 milhões de euros). Em despacho
assinado pelo ministro do Interior angolano, Eugénio Laborinho, o órgão
ministerial informa que o concurso terá como prazo de execução seis meses e que
os candidatos devem ter como "requisitos mínimos" três anos de atividade
comprovada. O concurso, que implica a celebração de um contrato público,
determina também que os candidatos devem ter também como "requisitos
mínimos um relatório financeiro dos últimos três anos de atividade".
RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não
têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um
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dignidade do povo soberano de Angola.
Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são
apresentados e produzidos em Washington D.C.
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
Prof.kiluangenyc@yahoo.com.
PARA OUVIR: https://www.blogtalkradio.com/profkiluangenyc/2021/01/08/angola-manifestaes-juvenis-vs-promessas-polticas?fbclid=IwAR2aZ19kOsLo9GIp4ES-zTwbI6-uaVV8Odm-l1eI2kLtGkvE0332pxAsUy0
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