Rádio Angola Unida (RAU): 198º
Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 17-12-2020
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- O general Kopelipa poderá agora ser arrolado no julgamento de Manuel Rabelais
pelo desvio de mais de 98 milhões de euros. O julgamento de Manuel Rabelais,
antigo director do extinto Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação
Institucional e Marketing da Administração (Grecima),pode arrolar pelo menos
mais uma figura de proa do Governo de José Eduardo dos Santos. O representante
do Ministério Público apresentou ao tribuna luma carta do ex-Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, na qual atribui ao então ministro de Estado
e Chefe da Casa Militar, Manuel Hélder Viera Dias “Kopelipa”, a
responsabilidades sobre a forma como foi gerido aquele órgão e que resultou num
desfalque de quase 100 milhões de euros. Na carta dirigida à Câmara Criminal do
Tribunal Supremo (TS), durante a fase de instrução preparatória do processo
judicial, José Eduardo dos Santos é referido como tendo declarado que "não
tem nada que esclarecer porque a questão da gestão do Grecima foi acompanhada
pelo general na reforma Manuel Hélder Viera Dias”. O antigo Presidente
sustentou que se mais esclarecimentos fossem necessários o general Kopelipa
também podia fazê-los “desde que não se trate de matéria de segredo do Estado”.
O analista Ilídio Manuel admite que o general Kopelipa pode vir a ser arrolado
como declarante se o TS entender ser necessário. Manuel António Rabelais, que é
acusado dos crimes de branqueamento de capitais, peculato e violação de normas
de execução do plano e orçamento foi confrontado, na terça-feira, 15, com um
extrato bancário do Banco do Comércio e Indústria (BCI)que atestam todos
movimentos financeiros efectuados pelo Grecima entre 2016 e 2017. O Ministério
Público afirma que o antigo gestor usou em benefício próprio cerca de 98
milhões de euros. Nesta terceira sessão de julgamento, o réu reiterou que o
Grecima dependia da Casa de Segurança do Presidente da República, liderada pelo
general Kopelipa. Contudo, segundo afirmou, as questões de carácter secreto
eram despachadas com o PR e mesmo assim os despachos era essencialmente verbais
e não havia quaisquer documentos. Rabelais assumiu que transferiu 15 milhões de
euros para o exterior do país, em benefício dos canais televisivos Euronews e
África news e para mais três empresas de consultoria e comunicação, de que é
sócio de pelo menos duas delas. As operações, segundo disse, visavam promover
uma boa imagem de Angola em véspera do período eleitoral de 2017, além de
outras acções que envolviam valores monetários que eram canalizados para alguns
órgãos de comunicação social estatais e privados, bem como para jornalistas,
políticos influentes e como instituições parceiras do Grecima. O antigo
ministro da Comunicação referiu que todas as empresas que adquiriram divisas,
disponibilizadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA), fizeram-no em bancos
comerciais. As transferências, adiantou, foram efectuadas sob orientação do
antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. O julgamento prossegue
nesta quarta-feira, 16.
- Economistas e empresários anoglanos manifestaram o seu descontentamento
com o Orçamento Geral de Estado (OGE) para 2021 aprovado na segunda-feira, 14,
na Assembleia Nacional, embora haja entre quem diga que face às realidades
económicas e financeiras é o único possível. O Odocumento foi aprovado, uma vez
mais, com todos os votos do MPLA e da FNLA, enquanto a UNITA votou contra e
abstenção da CASA CE e PRS. Em jeito de letura do OGE, o economista e
empresário Carlos Padre diz que a sua classe está desgastada com os orçamentos
aprovados que não vão ao encontro dos anseios e planos das pessoas. Padre
considera que o país está parado e o OGE não tem nenhum impacto nas suas
necessidades e ambições. "Isto reflecte a opinião dos empresários de uma
maneira geral”, diz, afirmando que “já não encaramos com esperança os OGE
porque o impacto na sua realização é zero, ficam sempre aquém do previsto”. “Os
homens de negócios estão agastados e desanimados”, acrescenta o
empresário.Damião Cabulo, outro economista e empresário, entende que após 45
anos de independência “nunca tivemos um orçamento consensual e a justificação é
sempre amesma: o orçamento possível e não o desejado”. “Primeiro era a guerra,
depois o preço do petróleo e agora a desculpa é a covid 19”, afirma.
Falta de vontade política. Para
além da Covid-19, a não conclusão da discussão e aprovação do Pacote
Legislativo Autárquico é também apontada pelo partido no poder, o MPLA, como
uma das causas para a não realização, até ao momento, das eleições autárquicas.
Segundo Nelito Ekuikui, deputado e secretário provincial da União Nacional para
Independência Total de Angola (UNITA), em Luanda, este "é um falso
problema". "A condição legal
não diz absolutamente nada. O que falta aprovar, em um mês, agenda-se e
aprova-se. Portanto, o que falta é mesmo vontade política", assevera. Para
este político, se existisse vontade política por parte do Governo, as eleições
autárquicas já teriam sido realizadas este ano: "O senhor Presidente da
República prometeu aos angolanos que as eleições autárquicas seriam realizadas
em 2020, era o tempo necessário para se realizarem", adverte. "Sempre
que existir vontade política da parte de quem detém o poder, realiza-se tudo e
mais alguma coisa", sublinha.
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
Prof.kiluangenyc@yahoo.com.
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