Rádio Angola Unida (RAU): 218º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 27-5-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
O Presidente angolano pediu “desculpas públicas pelo grande mal que foram
as execuções” durante o massacre de 27 de Maio de 1977 que, segundo diversas
fontes, pode ter provocado cerca de 30 mil vítimas."Não é hora de nos
apontarmos o dedo procurando os culpados. Importa que cada um assuma as suas
responsabilidades na parte que lhe cabe. É assim que, imbuídos deste espírito,
viemos junto das vítimas dos conflitos e dos angolanos em geral pedir
humildemente, em nome do Estado angolano, as nossas desculpas públicas pelo
grande mal que foram as execuções sumárias naquela altura e naquelas
circunstâncias", afirmou João Lourenço numa mensagem à nação transmitida
pela Televisão Pública de Angola, nesta quarta-feira, 26, véspera do 44o.
aniversário dos incidentes que, segundo analistas e sobreviventes, foram uma
purga no seio do regime do então Presidente Agostinho Neto. Para o Presidente,
"o pedido público de desculpas e de perdão não se resume a simples
palavras e reflecte um sincero arrependimento e vontade de pôr fim à angústia
que estas famílias carregam por falta de informação quanto aos seus entes
queridos". Ao falar numa "nova página da nossa história", João
Lourenço encorajou a todos os outros actores e participantes dos conflitos
políticos, a fazerem-no igualmente. "A história não se apaga, a verdade
dos factos deve ser assumida para que as sociedades tomem as necessárias
medidas preventivas, para evitar que tragédias idênticas se repitam",
acrescentou. O Chefe de Estado angolano também se referiu a outras vítimas dos
conflitos que marcaram o país enrre 11 de Novembro de 1975 e 4 de Abril de
2002. "Este povo heróico e generoso, que já deu provas de saber perdoar,
merece ouvir igualmente, de quem tem a responsabilidade de o fazer, um pedido
público de desculpas e de perdão pelas almas de Tito Chingungi, de Wilson dos
Santos e respectivas famílias, das valentes mulheres das fogueiras da Jamba,
dos passageiros do comboio do Zenza do Itombe, dos mártires das cidades do
Cuito Bié e do Huambo, e de outros não citados aqui". A cerimónia, que
aconteceu na Presidência e na presença ds principais autoridades do país, João
Lourenço considerou "este virar de página" deve conduz à
reconciliação genuína dos angolanos independentemente das cores
partidárias". "Exorto a todos os cidadãos angolanos a dedicarmos todo
o nosso saber, todas as nossas energias, à causa da edificação do nosso
projecto de Nação, do desenvolvimento económico e social, pela prosperidade e
bem estar dos angolanos", conluiu.
- As autoridades de Luanda anunciaram esta segunda-feira que apreenderam vários milhões de dólares, euros e kwanzas no âmbito de um processo de investigação a oficiais das Forças Armadas afetos à Presidência da República. Numa nota, a Procuradoria-Geral da República (PGR) tornou público um processo crime “em que estão envolvidos oficiais das Forças Armadas Angolanas afetos à Casa de Segurança do Presidente da República, por suspeita de cometimento dos crimes de peculato, retenção de moeda, associação criminosa e outros”. Na ação “foram apreendidos valores monetários em dinheiro sonante, guardados em caixas e malas, na ordem de milhões, em dólares norte-americanos, em euros e em kwanzas, bem como residências e viaturas”, acrescenta-se no comunicado. Na semana passada, o Novo Jornal noticiou que o chefe das finanças da banda musical da Presidência da República, major Pedro Lussaty, tinha sido detido quando transportava duas malas carregadas com 10 milhões de dólares (o equivalente a 8,1 milhões de euros) e 4 milhões de euros, e escreveu que o investigado “não justificou a posse e, alegadamente, procurava retirar o dinheiro do país”. Contactada pela Lusa, fonte da PGR confirmou tratar-se do mesmo caso. Também esta segunda-feira, segundo a Casa Civil da Presidência de Angola, foram exonerados seis oficiais generais da Presidência, entre os quais está o “tenente-general Ernesto Guerra Pires, do cargo de consultor do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, e o tenente-general Angelino Domingos Vieira, do cargo de secretário para o Pessoal e Quadros da Casa de Segurança do Presidente da República”. Além destes dois, também o tenente-general José Manuel Felipe Fernandes, secretário-geral da Casa de Segurança do Presidente da República, e o tenente-general João Francisco Cristóvão, diretor de gabinete do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, foram afastados dos cargos, de acordo com uma nota. O tenente-general Paulo Maria Bravo da Costa, que era secretário para Logística e Infraestruturas da Casa de Segurança do Presidente da República, e o brigadeiro José Barroso Nicolau, antigo assistente principal da Secretaria para os Assuntos dos Órgãos de Inteligência e Segurança de Estado da Casa de Segurança do Presidente da República, foram também exonerados.
- A Polícia Nacional de Angola (PNA) dispersou nesta quarta-feira, 25, em Benguela, centenas de jovens vendedores, no início de uma operação denominada de “Benguela Segura e Limpa”, lançada sob protestos de cidadãos que têm nas ruas a sua fonte de sobrevivência. Nem mesmo motoqueiros e taxistas, ainda sem pontos de estacionamento definidos, como admitem as autoridades, foram poupados no arranque de uma medida a coincidir com o elevado custo de vida. Por aqui começa, aliás, a crítica de jovens vendedores, que dizem ter sido surpreendidos na chegada aos locais de venda. "Muitos cães, muitos cavalos e muitos agentes só mesmo para os ambulantes, isso é mau, não há mais nada a fazer? O Estado tem de encontrar mecanismos, muita gente vive da venda nas ruas”, disse um dos vendedores enquanto era empurrado para o mercado Heróis de Moncada, com espaço para novos ocupantes, mas com preços que levam a fazer contas à vida. “Paga-se 500 kwanzas por bancada todos os dias, mas, às vezes, só conseguimos 1.500 kwanzas. O que vamos levar para casa?”, questionou um dos vendedores. O chefe do Gabinete de Comunicação do Comando Provincial da Polícia Nacional, Ernesto Tchiwale, diz que a operação vai continuar, afirmando que “visa desmantelar alguns focos de venda desordenada e práticas ilegais, como lavagem de carros na via pública”. “Queremos elevar o nível de ordem pública e organização”,disse a Tchiwale. O arranque da operação “Benguela Segura e Limpa” foi testemunhado pela Administradora Municipal, Adelta Matias.
- Familiares dizem estar descontentes e defesa vai recorrer ao Tribunal
Constitucional. O Tribunal Supremo (TS) de Angola reduziu a pena de 30 anos de
prisão do líder da seita José Julino Kalupeteka para 23 anos, cinco anos depois
do recurso interposto pela defesa. Familiares e advogados, no entanto, não
concordam e pretendem recorrer ao Tribunal Constitucional (TC). Kalupeteka foi
condenado em 2015 pelas mortes ocorridas no Monte Sumi, no Huambo, num conflito
entre fiéis da referida seita e elementos da polícia e Forças Armadas. Para o
filho Julino Katupe, “essa redução da pena não serve o que nós esperamos das
autoridades é mesmo a libertação do pai porque ele é inocente". Quem
também não se contenta com o acórdão é um dos advogados de defesa, Oliveira
Nanso, da associação Mãos Livres no Huambo. "O que nós pretendíamos com o
recurso era a anulação dos actos praticados pelo tribunal e não a redução, mas
o Tribunal Supremo decidiu por esta via, mesmo assim nós ainda temos o poder de
recorrer ao Tribunal Constitucional até porque ainda não fomos notificados
desta decisão", afirma Nanso. Com esta redução da pena para 23 anos e como
Kalupeteka está preso há cinco, em 2023 ele poderá poderá sair em liberdade,
bem como os demais que foram condenados, ainda de acordo com a defesa. José
Julino Kalupeteka foi condenado por autoria material de nove crimes de
homicídio qualificado consumado, crimes de homicídio qualificado frustrado e
ainda de crimes de desobediência, resistência e posse ilegal de arma de fogo
durante os confrontos de 2015. A oposição e várias organizações da sociedade
civil condenaram o que chamaram de “massacre do Monte Sumi” e a ONU chegou a
pedir uma investigação independente, que sempre foi negada pelo Governo
angolano.
- A consultora NKC African Economics considerou hoje que a moeda nacional de Angola deve depreciar-se mais 10% este ano, o que vai empurrar os preços para cima, com a inflação a subir ligeiramente para 22,4%. "Antevemos que a taxa de câmbio média para o kwanza vá depreciar-se mais de 10% este ano quando comparado com o ano passado, o que vai colocar pressão nos preços do consumidor, devido à forte dependência de Angola dos bens importados", escrevem os analistas desta filial africana da consultora birtânica Oxford Economics. Num comentário à evolução do kwanza, a NKC diz que "a previão para a taxa média de inflaçãoem 2021 é de 22,4%, ligeiramente acima da taxa de 22,3% registada no ano passado". O aumento dos preços do petróleo, em linha com a subida da procura, vão beneficiar o segundo maior produtor de petróleo na África subsasaariana, mas a moeda angolana, alertam, "vai continuar vulnerável devido à frágil recuperação económica e à procura global incerta devido às infeções de covid-19 nos países mais desenvolvidos". Os preços em Angola aumentaram 24,82% nos últimos 12 meses, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, divulgados em meados de maio, depois de ter visto um aumento de 2,09% nos preços entre março e abril. "A variação homóloga situa-se em 24,82%, registando um acréscimo de 4,01 pontos percentuais com relação a observada em igual período do ano anterior", refere o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN). O mesmo documento aponta que os preços aumentaram também 2,09% entre março e abril. O valor registado em abril deste ano representa um aumento de 0,31 pontos percentuais face ao mês anterior e, em termos homólogos, de 0,04 pontos percentuais face aos 2,05% registados no mesmo período do ano passado. Já desde o início do ano, a inflação em Angola soma 7,65%, valor semelhante ao registado nos primeiros quatro meses de 2020, quando alcançou os 7,89%. Em relação a 2019, isto representa um aumento de 3,25 pontos percentuais face aos 4,40% então registados. Na proposta do Orçamento Geral do Estado angolano para 2021, Luanda estimou uma taxa de inflação acumulada anual de 18,27% para este ano.
RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola.
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apresentados e produzidos em Washington D.C.
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
Prof.kiluangenyc@yahoo.com.
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