Rádio Angola Unida (RAU): 184º
Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 10-09-2020
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- Analistas angolanos consideraram que a apreensão de edifícios de
empresas ligadas ao empresário Carlos São Vicente pouco efeito terá sobre a sua
situação financeira. A procuradoria angolana anunciou ontem a apreensão de
edifícios e hotéis pertencentes à AAA, uma empresa associada a Carlos Manuel de
São Vicente depois das autoridades suíças terem congelado uma conta com 900
milhões de dólares do empresário, num banco onde tinha também contas em nome
das vários familiares incluindo de sua mulher Irene Neto. A AAA tinha afirmado
anteriormente possuir 86 edifícios incluindo um que .pertence à cadeia de
hotéis IKa e outros 12 que são hoteis IU. Constituídos com fundos públicos, os
imóveis passam a ter como fiel depositário o Cofre Geral da Justiça, conforme
uma nota oficial da PGR. O jurista Pedro Capracata diz que os imóveis
confiscados não representam qualquer valor que possa preocupar o empresário
angolano se comparado com os 900 milhões que tem no estrangeiro. “Os prédios
serviram apenas para desviar os milhões e hoje estão todos degradados e sem
qualquer proveito”, disse. “Estão a cair por todos os lados e ninguém pode
viver lá porque entra água por todo o lado”, acrescentou.
- O governo angolano concordou em acabar com a obrigação do uso de
máscara por indivíduos dentro das suas próprias viaturas desde que não
acompanhados, acedendo assim a uma onda de protestos na sequência da morte de
um médico detido pela polícia. O Dr. Sílvio Dala morreu em circunstâncias por
esclarecer numa esquadra da polícia para onde tinha sido levado por não usar
máscara dentro do seu automóvel privado.
O governo angolano anulou a cláusula depois da pressão feita, nesse
sentido, pelas organizações cívicas e profissionais e por figuras públicas do
país , na sequência da morte do médico pediatra Sílvio Dala. As autoridades
disseram que Dala morreu de um ataque cardíaco mas muitos dizem haver indícios
de agressão. O uso de máscara dentro de viatura particular tem sido criticado
por não ter qualquer benefício e isso foi levantado a partir de hoje para
aqueles que viagem sozinhos no seu automóvel.
- O Presidente angolano anunciou esta terça-feira que o Governo vai abrir
exceções para a entrada no país de expatriados que trabalham em setores-chave
da economia de Angola, a exemplo do que acontece com o setor petrolífero. João
Lourenço discursava na abertura da reunião extraordinária do Conselho da
República, que analisou a situação da Covid-19 em Angola. O chefe de Estado
angolano frisou que, apesar das restrições impostas pela pandemia do novo
coronavírus, desde março passado, nomeadamente a cerca sanitária nacional, que
teve implicações nos voos de carreira internacionais, vão ser abertas exceções
devidamente reguladas. “Para permitir que os expatriados que trabalhem em
Angola, nos setores-chave da nossa economia, nas empresas privadas e nos
projetos públicos de infraestruturas que importa concluir possam viajar, a
exemplo do que já acontece no ramo dos petróleos onde as entradas e saídas dos
expatriados nunca cessou”, justificou. Angola tem as suas fronteiras fechadas
desde o dia 20 de março, para tentar conter a propagação da pandemia, mas tem
autorizado a realização de voos de carga e de caráter humanitário para os
estrangeiros que desejem regressar aos seus países de origem e repatriamento de
cidadãos angolanos que se encontravam retidos no exterior.
- Em declarações à Lusa na sequência do anúncio de um acordo entre a
China e vários países emergentes para uma moratória sobre o pagamento das
dívidas à China, não havendo confirmação sobre se Angola está incluída ou não,
Carlos Rosado de Carvalho aventou a possibilidade de ser elaborado um novo
orçamento, mas alertou que "haverá cortes muito violentos caso Angola não
consiga negociar com a China o pagamento da dívida". O pagamento da dívida
à China no âmbito do atual Orçamento Geral de Estado (OGE) revisto este ano "não
é exequível", afirmou. "Pelas minhas contas, o orçamento tem
implícita uma moratória de 3,7 mil milhões de dólares, mais ou menos, portanto,
se não houver essa moratória, não sei onde é que Angola vai buscar dinheiro,
não é exequível o orçamento revisto tal como ele está", frisou. As
declarações do analista surgem na semana em que o Financial Times noticiou que
a China tinha chegado a acordo com metade dos 20 países que pediram um
adiamento dos pagamentos da dívida ao abrido da Inciativa para a Suspensão do
Serviço da Dívida (DSSI), embora sem especificar quais são os países e sem
pormenorizar se Angola é um deles ou não. "Angola recebeu cerca de um
terço de todos os empréstimos chineses a África, e é o que tem, de longe, o
mais a ganhar com a DSSI, já que cerca de 2,6 mil milhões de dólares de
pagamentos este ano poderiam ser congelados, representando 3,1% do PIB, segundo
o Banco Mundial", lê-se no artigo do Financial Times. Para Carlos Rosado
de Carvalho, "se não houver acordo com a China, o Governo terá de fazer um
orçamento novo e com cortes muito violentos sobre a despesa".
- A agência de notação financeira Moody’s reviu em baixa o rating da
dívida soberana de Angola de longo prazo, emitida em moeda local e estrangeira,
de B3 para Caa1, e alterou a perspetiva para estável. Em comunicado divulgado
na terça-feira, a Moody’s justificou a decisão de rever em baixa a notação com
“os choques resultantes da acentuada queda no preço do petróleo e da pandemia
do novo coronavírus e o relacionado agravamento da desvalorização da moeda”.
Estes fatores “contribuíram para um enfraquecimento significativo das já fracas
finanças públicas e da frágil posição externa” do país, especificou. Já a
passagem da perspetiva para estável significa para a Moody’s que os riscos do
crédito a Angola estão “adequadamente refletidos no atual rating de Caa1”. As
notas B3 e Caa1 pertencem ambas a um grau de não investimento, cuja escala
descendente vai de Ba1 a C. As obrigações classificadas Caa (1, 2 ou 3) são
consideradas de qualidade pobre e sujeitas a um risco de crédito muito elevado,
na definição da agência de rating.
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têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um
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Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
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