Rádio Angola Unida (RAU): 187º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 01-10-2020 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- A petrolífera angolana Sonangol atravessa dificuldades económicas com impacto na economia do país e, em 2019, o pagamento da dívidas foi superior aos lucros das suas atividades petrolíferas. A agência Reuters escreve que esses resultados estão no relatório anual de 121 páginas publicado na semana passada pela empresa e serve para sublinhar os perigos económicos que Angola enfrenta. A Sonangol informou que os seus lucros líquidos caíram em 2019 para 46 mil milhões de kwanzas (cerca de 125 milhões de dólares), de 80 mil milhões de kwanzas (316 milhões de dólares) em 2018. Tal queda acontece apesar do preço médio do petróleo Brent ter sido, no ano passado, de 64 dólares o barril, não muito abaixo da média de 72 dólares de 2018. Entretanto, este ano a média situa-se nos 40 dólares o barril. No seu estudo, a agência Reuters afirma que as atividades centrais da Sonangol perderam 351 mil milhões de kwanzas (995 mihões de dólares), comparados com um lucro, em 2018, de 69 mil milhões de kwanzas (274 milhões de dólares). A queda do preço do petróleo agravou o peso das dívidas da companhia que obteve milhares de milhões de dólares de empréstimos da China e de bancos, como o Standard Charter, nos últimos anos para apoiar a economia e a sua expansão, dando o petróleo como garantia. O total do passivo em 2019 era de 36 mil milhões de dólares, segundo a Reuters, incluindo empréstimos, provisões de risco e contas a pagar. Em 2019, o pagamento de dívidas atingiu mil e 800 milhões de dólares, contra lucros operacionais da produção petrolífera, venda e refinação de mil e 570 milhões de dólares. “Forte crescimento”, mas sem muito impacto. A Reuters fez notar ainda que a companhia sublinhou os lucros líquidos como “um forte crescimento.... como resultado da estabilização de rendimentos e fortes reduções de custos no contexto da restruturação em curso”. Entretanto, lembra a agência, esse lucro líquido foi gerado por mil e 100 milhões de dólares de “resultados extraordinários”, a maior parte proveniente do cancelamento de uma vasta dívida velha e a venda de alguns ativos, incluindo quase 300 mil milhões de kwanzas referentes a uma companhia iraniana formada com a Sonangol para desenvolver um campo de gás que nunca arrancou devido às sanções internacionais impostas ao Irão. Outros ganhos extraordinários incluem a venda de uma companha de propriedades e 13 mil milhões de kwanzas de transferências de seguros de saúde de centenas de trabalhadores para o Estado. A Reuters conclui que companhia de auditoria KPGMK revelou que os passivos ou obrigações da Sonangol ultrapassam os seus ativos, algo que não acontecia desde a queda dos preços do petróleo em 2016.
- O Presidente angolano considerou hoje que, perante o "mar de
dificuldades" decorrentes do baixo preço do petróleo e da covid-19, a
"única saída" que resta a Angola é "produzir internamente tudo o
que as potencialidades do país permitirem". "Estimular a produção
interna de bens e de serviços, contando com o investimento privado nacional e
estrangeiros na agricultura, nas pescas, na indústria, no turismo, na
imobiliária e outros ramos da economia nacional", afirmou hoje João
Lourenço. O Presidente de Angola, que falava no Palácio Presidencial, em
Luanda, na cerimónia de posse dos membros do Conselho Económico e Social,
sublinhou que o estímulo da produção interna deve concorrer para o
"aumento da oferta de emprego", sobretudo para os jovens. Pelo menos
46 pessoas, entre economistas, académicos, ambientalistas, analistas e demais
atores da sociedade civil angolana compõem o atual Conselho Económico e Social,
criado recentemente e hoje empossado. João Lourenço disse contar com o saber e
a experiência das personalidades que integram o Conselho. "Para juntos
encontrarmos as melhores saídas desta situação difícil em que nos
encontramos", afirmou, sublinhando: "Mas que será ultrapassada se
trabalharmos unidos e com otimismo e esperança em dias melhores". "A
tempestade passará, mas a bonança só vem com o trabalho organizado e abnegado
dos melhores filhos da pátria, daqueles que procuram fazer bem o que sabem
fazer, colocando esse saber em prol do desenvolvimento económico e social do
país", notou. O Presidente angolano manifestou também confiança aos
membros do Conselho Económico e Social, referindo: "Juntos descobriremos
as oportunidades que se escondem por detrás do que aparenta só serem
dificuldades". "Descobriremos juntos as formas de criar riqueza e
acabar com a pobreza", observou.
- Os analistas da consultora FocusEconomics estimam que a recessão económica em Angola fique nos 4,4%, antecipando uma recuperação para terreno positivo em 2021, ano em que a economia do país deverá crescer 0,6%. "A economia deverá aprofundar a recessão este ano devido ao duplo choque da pandemia e dos preços baixos do petróleo, mas para o ano o Produto Interno Bruto (PIB) deverá recuperar em linha com a recuperação económica, ainda que mantenha um crescimento marginal", lê-se na mais recente análise às economias africanas, a que a Lusa teve acesso. No relatório, os analistas escrevem que "o aumento da dívida pública num contexto de desvalorização do kwanza e de perigo de incumprimento financeiro ameaça a estabilidade macroeconómica e prejudicam a perspetiva de evolução da economia". No documento, a FocusEconomics alerta que no primeiro trimestre, a economia deverá ter caído ao triplo da velocidade dos últimos três meses do ano passado, registando de janeiro a março uma contração de 1,8% face aos 0,6% registados de outubro a dezembro de 2019. "A aceleração da queda da economia surgiu no seguimento de uma contração de dois dígitos no setor do comércio resultante do estado de emergência, que pesou duramente na atividade económica nacional", aponta-se no documento. Olhando para além do segundo trimestre, os últimos dados disponíveis, a Focus Economics estima que a recessão tenha abrandado a partir de junho, mas não o suficiente para permitir um crescimento positivo este ano.
- O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou, sexta-feira, em Pequim, que a China está disposta a trabalhar com Angola para fortalecer as relações bilaterais e elevar a parceria estratégica entre os dois países a um nível superior, informou, ontem, a Embaixada angolana, numa nota, citando a imprensa chinesa. Segundo o documento, a Xinhua, agência de notícias da China, refere, num artigo publicado ontem, que o líder chinês manteve, na noite de sexta-feira, uma conversa telefónica com o Presidente João Lourenço, durante a qual assegurou que vai encorajar o desenvolvimento de uma “cooperação mais prática”, incentivar as empresas do seu país a investirem em Angola para impulsionar o desenvolvimento económico e social. “Angola é um parceiro importante da China em África e as economias dos dois países complementam-se em função das potencialidades de cada um”, afirmou o Chefe de Estado chinês, antes de recordar a existência de uma relação de irmandade pautada na sinceridade, boa-fé e vantagens recíprocas. Acrescentou que a China está disposta a apoiar Angola no sentido de alcançar um desenvolvimento adequado à sua realidade e condições internas. Durante a conversa, o Presidente chinês assegurou, também, que o seu país está disposto a continuar a oferecer assistência a Angola, da melhor forma possível, e que enviará ao país, num futuro próximo, um grupo de especialistas médicos e epidemiologistas para reforçar o combate ao novo coronavírus. Xi Jinping informou que a China está disposta a priorizar os países africanos na partilha das suas vacinas, depois de concluídas as pesquisas em curso e logo que estejam disponíveis ao público. O estadista enfatizou que, com a pandemia da Covid-19, os Governos chinês e angolano tomaram medidas decisivas que ajudaram a conter, eficazmente, a epidemia, partindo do princípio que consiste em colocar a vida humana em primeiro lugar.
- Três anos após a posse de João Lourenço como Presidente de Angola, a 26 de setembro de 2017, analistas em Luanda são de opinião que as suas políticas perderam fôlego e o pais está numa armadilha permanente. Para tirar o país das sucessivas recessões, tão logo assumiu a “Cidade Alta”, João Lourenço avançou com medidas pragmáticas em busca da estabilidade macroeconómica.O combate à corrupção, ao monopólio, à bajulação e ao nepotismo são algumas das principais medidas eleitas pelo actual Presidente, mas o alcance das políticas e programas definidos não têm tido o sucesso desejado. Três anos depois do país conhecer o terceiro Presidente da República, nem tudo corre como previsto e a sociedade questiona-se sobre o futuro, a julgar pela difícil situação económica e social atual. No espaço de três anos de governação, João Lourenço assumiu publicamente a metáfora “marimbondo” para rotular aqueles governantes politicamente expostos que saquearam o pais e delapidaram as riquezas dos angolanos durante a gestão de José Eduardo dos Santos, quem fixou residência em Barcelona,a Espanha. Ao receber um Estado super-dependente do petróleo, com desequilíbrio nos principais indicadores da economia, monopólios e oligopólios constituídos, além de um ambiente de negócios pouco atraent para os investidores, sobretudo os estrangeiros, o Governo de João Lourenço aprovou um Plano Intercalar que funcionou entre Novembro de 2017 e Março de 2018.
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