Rádio Angola Unida (RAU): 212º Edição do
programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 15-4-2021
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- O antigo gestor do extinto Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional
e Marketing da Administração (Grecima), Manuel Rabelais, e o seu assistente,
Hilário Alemão, vão aguardar em liberdade o julgamento do recurso interposto
pela defesa junto do plenário do Tribunal Supremo (TS). O também deputado do
MPLA, com mandato suspenso, foi condenado a 14 anos e seis meses de prisão e o
seu assistente a 10 anos e seis meses de cadeia pelos crimes de peculato e de
branqueamento de capitais na gestão da instituição, que terá resultado num
desfalque equivalente a mais de 117 milhões de dólares, em 2016 e 2017. Para
já, os prazos para a decisão em segunda instância não são rigorosamente
cumpridos em Angola e, entretanto, uma amnistia ou um indulto presidencial pode
anular as penas aplicadas. Esta é a opinião dos advogados Salvador Freire e
Pedro Caprecata, quando questionados pela VOA sobre o facto de muitos recursos
entregues a tribunais superiores nunca serem analisados, deixando os condenados
praticamente livres. No entanto, Salvador Freire, líder da organização Mãos
Livres, considera a suspensão das penas, decidida na segunda-feira pelo juiz,
um procedimento jurídico normal despido de qualquer interesse que,
subjectivamente, possa ser entendido como visando favorecer os implicados. O
jurista diz não haver qualquer dualidade de critérios entre este processo e o
que envolveu o também deputado e antigo ministro dos Transporte dos
Transportes, Augusto Tomás, que antes do julgamento já se encontrava em
situação de prisão preventiva. “São normas estabelecidas e não é que uns sejam
melhores que outros”, defende. O jurista Pedro Capracata também diz concordar
com o princípio judicial aplicado pelo TS mas chama a atenção para o que
qualifica de “processos de combate à corrupção que utilizam o jurídico para
atingir fins políticos”. A aguardar pelo julgamento do recurso estão também o
ex-presidente do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno dos Santos “Zenu”, e
Valter Filipe, acusados do desvio de 500 milhões de dólares no conhecido “no
caso BNA”. O filho do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e o
antigo governador do Banco Nacional Angola foram condenados, em Agosto de 2020,
a cinco e oito anos de prisão, respectivamente, pelo crime de burla por
defraudação, na forma continuada e tráfico de influências.
- Jorge Mendes Manuel acusa a
polícia de disparar contra tudo e todos à queima-roupa em Cacuaco. O jornalista
da Rádio Despertar, Jorge Mendes Manuel, detido na passada quarta-feira, 7, já
está em liberdade com termo de identidade e residência. Ele foi detido no
Cacuaco, arredores de Luanda, quando as autoridades preparavam-se para fazer
demolições de casas na zona do Sequele. Como a VOA informou ontem, o director
interino da Rádio Despertar, Queiroz Siluvia, disse que o jornalista foi detido
enquanto cobria a demolição das casas, mas o porta-voz da Polícia Nacional
(PN), Nestor Goubel, assegurou que em nenhum momento ele se identificou como
tal e foi considerado invasor de terras. Em entrevista à VOA nesta terça-feira,
12, Jorge Manuel, nega a versão apresentada pela PN. “Uma coisa é estar
identificado, outra é não estar, eu estava identificado e as forças quando
chegaram começaram a fazer disparos a tudo e a todos, não houve tempo para se
identificar”, diz o jornalista que acusa as forças de defesa e segurança de
fazerem disparos e espancarem muitos populares no momento das detenções. “Eles
no local espancaram muitos populares e fizem muitos tiros à queima-roupa”,
reitera Jorge Manuel que voltará a ser ouvido pelo tribunal na segunda-feira,
19. Recorde-se que o porta-voz da PN, Nestor Goubel, disse que “em nenhum
momento ele identificou-se como jornalista e no dia em que as autoridades
estavam a destruir as cubatas, ele fez parte do grupo de jovens que criou
barricadas na zona em que estavam a partir as casas”.
- Uma praga de gafanhotos está a
dizimar culturas no sul de Angola fazendo agudizar ainda mais a possibilidade
de fome na região. Uma invasão de milhões dos insectos que antes de poisarem
parecem nuvens escuras de chuvajá arrasou culturas de camponeses no Kuando
Kubango e no Cunene. Nesta última provincia os gafanhotos devoraram todas as
lavras localizadas em mbala yo mungo, marco 12 Mongua e Caluheque. A informação
foi prestada pelas comunidades locais que perderam as suas culturas.
Desconhece-se até aqui os estragos causados na da cintura verde do Cunene em
Cuvelai. No Kuando Kubango até as árvores têm sido atacadas pelos insectos. O
ministro angolano da Aricultura, Pescas e Florestas, António Assis avisou que
‘é de prever “novas incursões nos próximos dias” acrescentando que é preciso
começarem a tomar-se medidas adequadas para lidar com o problema. “Nós vimos
quer no Cunene como no Kuando Kubango algumas práticas, as famílias, os
cidadãos ....usam as armadilhas tradicionais, tocam as latas para tentar
afugentar, isso não resolve o problema”, disse. Em Ondjiva no Cunene o Padre
Gaudencio Felix Yakulengue disse que a passagem dos gafanhtos pela cidade no
fim-de-semana foi “assustadora” e residentes mais velhos disseram “nunca ter
visto uma situação daquelas”.
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
Prof.kiluangenyc@yahoo.com.
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