Rádio Angola Unida (RAU): 241º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 18-11-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- Julgamento de oficiais da Casa de Segurança
poderá revelar detalhes sobre como os acusados tiveram acesso a dezenas milhões
de dólares encontrados em malas. Um dos maiores escândalos financeiros a abalar
o Governo angolano poderá em breve ter o seu desfecho em tribunal com possíveis
revelações sobre como um major da Casa de Segurança do Presidente tinha em seu
poder dezenas de milhões de dólares quando foi preso no aeroporto de Luanda em
Maio deste ano. O porta-voz da Procuradoria-Geral da República, Álvaro João,
confirmou na manhã desta terça-feira, 16, à VOA a formalização da acusação do
“Caso Lussaty”, cujo processo será agora remetido ao tribunal para julgamento.
O major Pedro Lussaty foi preso no aeroporto com malas com 10 milhões de
dólares e quantro milhões de Euros. Em consequência, o Presidente da República
substituiu seis oficiais generais na Casa de Segurança da Presidência da
República, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou ter aberto um
processo-crime contra oficiais das Forças Armadas Angolanas (FAA) afectos à
Casa de Segurança. Uma semana depois, João Lourenço afastou também o ministro
de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro
Sebastião. O porta-voz da PGR disse que o processo já foi formalmente terminado
e “todos os acusados e seus advogados foram informados da acusação e
posteriormente após algum formalismo legal o processo será submetido ao juízo
para efeito de julgamento”. Álvaro João sublinhou que até a PGR remeter o
processo ao tribunal serão necessários 10 dias. No total são 24 implicados.
Pesam sobre os acusados, na sua maioria oficiais superiores, oficiais generais
e civis, acusações de crimes de peculato, recebimento indevido de capitais,
associação criminosa e branqueamento de capitais e podem ser condenados a penas
de até 20 anos de prisão. O major Pedro Lussaty, principal figura deste
processo foi detido no âmbito da “Operação Caranguejo”, levado a cabo pelo
Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) dirigido pelo general
Fernando Garcia Miala e no momento da operação foram apreendidos milhões de dólares,
euros, kwanzas, carros de luxos e outros bens. Lussaty poderá servir de bode
expiatório. O jornalista Ilídio Manuel considera que a ser levado à justiça
Pedro Lussaty poderá ser o único a pagar pelos crimes dos verdadeiros
implicados no roubo do dinheiro público por ser “o elo mais fraco na cadeia”.
Aquele analista político também admite que, mesmo que venham a ser condenadas
altas figuras das Forças Armadas e dos serviços de Inteligência Militar, estas
poderão aguardar pelo recurso em segunda instância por “tempo indeterminado”.
"O recurso das sentenças tem sido uma das formas de se fazer com que se
evitemdeterminadas punições”, afirmou. Pedro Lussaty ,de 43 anos, na altura da
detenção, estava ligado à área das Finanças da Banda Musical da Presidência da
República.
- O Governo angolano anunciou que vai
continuar o corte nas regalias para titulares de cargos políticos e outros
gestores públicos, numa decisão que alguns veem como manobra eleitoralista, mas
que traz a público benefícios impensáveis para a população angolana. A ministra
das Finanças, Vera Daves, afirmou que o Executivo não tem dinheiro para gastar
com estas regalias que vão ser eliminadas no orçamento para 2022. Os cortes
envolvem subsídios de manutenção de residências, suspensão de atribuição de
veículos e apoio às residências de titulares de cargos políticos, magistrados e
outros gestores públicos, suspensão de subsídio de instalação e de estímulo,
redução do número de empregadas para os mesmos titulares e suspensão de
atribuição de bilhetes de viagens destes titulares, incluindo deputados e
cônjuges. Especialistas olham para estas medidas comal gum cepticismo. Eduardo
Nkossi, especialista em finanças públicas, diz que estes cortes já deviam ter
sido feitos há mais tempo, enquanto no que diz respeito à falta de dinheiro, o
professor universitário coloca reticências. "Cortes em regalias são
nromais que assim seja, mas a ministra tinha que se referir a outros gastos
previstos neste ano eleitoral, que demonstram maior percentagem de gastos na perspectiva
propagandística do partido no poder”, disse. Nkossi consideroupropósito que “é
só ver o uso que se dá aos meios de comunicação social que são públicos em
benefício do partido-Estado, são meios usados para propaganda eleitoral do
partido governante". Outro economista, David Kissadila, também entende que
estas medidas pecam por ser tardias e por terem uma tendência eleitoralista.
"Por isso vê-se agora a incidência na construção de hospitais, o problema
das vacinas, processos de admissão de professores e médicos”, apontou. “É aí
onde se nota que este Executivo só actua com propósitos eleitoralistas”,
acrescentou Kissadila para quem “estes anúncios visam contentar as populações”.
Aquele economista lembrou que as pessoas ligadas ao poder “sempre beneficiaram
e ostentaram estas regalias em detrimento da população"
- “Povo não come jardins”, diz habitante ao
criticar planos de embelezamento da cidade. Empresários na cidade angolana do
Soyo acusam o Governo de não lhes pagar o que deve, ao mesmo tempo que a
situação económica nessa zona se deteriora com cidadãos a manifestarem
desespero face aos problemas que têm que enfrentar para sobreviver. Os
empresários dizem que responderam ao apelo do Executivo local para apoiar no
combate à Covid 19, mas que a contrapartida do Estado tarda em chegar. Fotunato
Isak, disse à VOA, que “os agentes económicos aqui choram com as dívidas do
Estado que até agora não paga as suas hospedarias, hotéis que foram ocupados no
quadro das quarentenas da Covid-19”. “Alguns até decidiram avançar com
processos em tribunal contra as administrações, pelos seus espaços ocupados e
até hoje não pagaram" acrescentou. Isaak disse ainda que a siuação
económica para o cidadão comum se está deteriorar. "O dinheiro que dizem
do programa Kwenda, nós aqui não vimos, também dizem que o preço da cesta
básica baixou, tudo mentira, não baixou nada”, afirmou, acrescentando que “há
total ausência do estado nesta transição da Covid-19, a situação aqui das
populações vai agravando, o desemprego sempre em alta". Hamilton Lemos,
outro habitante da vil,a disse que “a saúde aqui é débil, a situação sócio
económica das pessoas está doente. “O Soyo produz tanta riqueza mas o seu povo
não vê nada", lamentou Lemos para quem os programas de prevenção da Covid
são uma lástima. No município com mais de 250 mil habitantes há um só posto de
vacinação contra a Covid-19. "As pessoas das outras comunas têm de
madrugar para conseguir uma vacina e ainda sofrem, são assaltadas pelos
marginais, na quinta-feira aconteceu no meu bairro”, contou. Raúl Paulo, também
residente no Soyo, afirmoun que as coisas se agravaram desde que começou a
pandemia, em Março do ano passado, alguns que sobreviviam antes das suas
lavras, agora nem isso podem mais."As pessoas aqui ficam em jejum dias e dias
por não terem uns cem kwanzas para comer,” disse.“Aqueles que viviam da
agricultura nas suas lavras, o Executivo ocupou estas lavras para colocar os
seus projectos, a população aqui ficou numa miséria extrema", afirmou
Paulo para quem “o Governo aqui só se ocupa em arranjar a cidade com jardins,
etc., mas o povo não come jardim, o povo quer saúde, o povo precisa de emprego,
pelo menos um mínimo para sobreviver"
- Oito
meses após ter sido reinaugurada pelo Presidente angolano João Lourenço os 130
trabalhadores da fábrica têxtil de Benguela dizem que náo recebem salários há
vários meses e que a produção está paralizada devido à falta de algodão. Os
seguranças, sem salários há sete meses, são os mais prejudicados, ao passo que
o pessoal técnico reclama dois, três e quatro meses de salários em atraso. Em
nome do colectivo, o sindicalista Waldemar António diz que a nova gestora da
fábrica, a empresa Baobab, do Zimbabwe, vem dando sinais de falta de
credibilidade. “Nós estamos paralisados há um mês, primeiro porque não pagam, é
irregular, e também por causa da situação contratual”, disse afirmando que “até
agora não temos contracto de trabalho, e em reuniões com a direcção, assim que
chegaram, muitos disseram que a Baobab entrou num concurso público às escuras".
"Isto assim é complicado para uma empresa nova, que quer crescer",
acrescentou. O coordenador técnico e chefe da produção, João David, diz que não
entra em detalhes sobre a situação da empresa, mas salienta que os salários e a
falta de algodão devem ser resolvidos nos próximos dias. “Sou apenas
coordenador e supervisor da área técnica. As respostas devem ser dadas pelo
Conselho de Administração, são razões administrativas que provocam
atrasos", disse o responsável. Nos termos do contrato de gestão, a Baobab
vai gerir a antiga África Têxtil durante 12 anos, produzindo algodão em Angola,
devendo posteriormente adquirir a unidade. Com capacidade instalada para
produzir milhares de toneladas de bens têxteis, como tecidos, fios de algodão e
toalhas, fruto de um financiamento de 480 milhões de dólares americanos, a
fábrica tem planos chegar aos 1200 funcionários.
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apresentados e produzidos em Washington D.C.
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
Prof.kiluangenyc@yahoo.com.
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