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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A UNITA e as eleições presidenciais em 2009

Na mesma semana, em que foi a provado em Conselho de Ministros o OGE, que incluí dotações para as eleições presidenciais em 2009, o Presidente da UNITA apresenta um dilema, se o Partido irá ou não apoiar um candidato próprio, mantendo-se as condições de desorganização e irregularidades que foram referenciadas no acto eleitoral das legislativas do corrente ano.

A possibilidade da UNITA vir apoiar um candidato, é algo que ainda merece discussão interna e parece que o Dr. Samakuva não se candidata perante um conjunto de situações adversas que ocorreram no dia da votação, durante a campanha eleitoral e que se podem manter nas eleições presidenciais.

Os militantes e alguns dirigentes da UNITA ainda não conhecem as conclusões a que chegou uma comissão de inquérito, que ficou de apurar várias situações e entre elas, erros e responsabilidades de quem participou directamente no processo eleitoral e teve uma actuação medíocre.
O que se sabe, é que o Presidente da UNITA já considerou que o Partido aprendeu uma lição nas eleições legislativas, mas não se sabe quais são as implicações da mesma, na melhoria interna do partido em próximos actos eleitorais.

Em relação aos receios, quanto aos condicionalismos externos de cariz eleitoral, não pode nem deve ser encarado como um «bicho papão» intimidatório, ao ponto de auto excluir o Partido de uma processo eleitoral, tão importante como as Presidenciais.
Antes sim, deve ser encarado como um desafio sério e persistente junto das entidades responsáveis pelos processos eleitorais no país, a começar pelo CNE (que também tem um inquérito a decorrer para se apurar as irregularidades e a desorganização apontada em devido tempo) e sensibilizando a sociedade, outros partidos políticos e as entidades que podem participar na melhoria do sistema e processo eleitoral no país.

A mera observação, de que se não forem feitas a desejadas melhorias no processo de votação, o Partido não participa nas presidenciais, parece-me um facilitismo e uma falta de empenho em participar activamente na resolução dos problemas, sejam eles quais forem, e não é uma atitude à que estamos habituados a ver na UNITA, como principal força de oposição em Angola.

Penso, que haverá no partido dirigentes e militantes prontos a participarem nas presidenciais, a maioria como apoiantes e só muito poucos podem ambicionar a serem candidatos, caso o Presidente da UNITA venha a abdicar de o ser.

Posso até compreender a posição do Dr. Samakuva, que rodeado de uma equipa perdedora não esteja suficientemente motivado para num espaço tão curto, entrar noutro processo eleitoral. Mas se esta é uma das razões, está nas suas mãos aconselhar-se e apoiar-se noutros dirigentes e militantes que estão prontos a empenharem-se nas eleições presidenciais, onde o carisma do candidato é mais importante, que o partido, ou partidos que o apoiam.

Se é certo, que o Dr. Samakuva tem com ele uma derrota importante, também é altura para demonstrar que está em posição de conduzir o partido para melhores resultados eleitorais, diferente daquele que obteve nas legislativas.

Este dilema da UNITA, de ir ou não para as eleições Presidenciais tem que ser resolvido rapidamente.

Este OGE tem também verbas para os municípios gerirem, num ambiente auspicioso para quem possa admitir eleições autárquicas em 2010, pretendendo o MPLA fazer o pleno, ou seja, obtiveram maioria qualificada nas legislativas de 2008, estão em melhor posição para garantirem a vitória do seu candidato presidencial em 2009 e porque não ganharem as autárquicas em 2010?!

E como fica a UNITA neste quadro eleitoral?!... com uma derrota nas legislativas de 2008, virem a falhar as presidenciais de 2009 e ficam sem saber o que fazer nas autárquicas de 2010?

Pois então, o melhor é alguém começar a pensar que a UNITA merece um líder proactivo e pronto a empenhar-se em todos os desafios eleitorais em Angola, porque devem essa posição ao eleitorado angolano.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A redução da pobreza passa também pelo combate à corrupção

O Governo Angolano aprovou em 11 de Fevereiro de 2004 o ECP (Estratégia de Combate à pobreza), durante a vigência do GURN (que hoje a Assembleia Nacional revogou), advogando a necessidade de se promover um desenvolvimento económico e social abrangente e sustentável.

A Cimeira do Milénio onde Angola participou e vinculou-se a cumprir os oitos objectivos a fixados para o desenvolvimento humano, designadamente: a erradicação da pobreza e da fome, o acesso universal ao ensino primário, a promoção de igualdade de género e capacitação da mulher, a redução da mortalidade infantil, a melhoria da saúde materna, o combate ao VIH/SIDA, a malária e outras doenças, a promoção de um ambiente sustentável, o desenvolvimento de parcerias globais para o desenvolvimento, e associadas a estes objectivos foram também estabelecidos metas a atingir até 2015, destacando-se o compromisso de reduzir para metade o número de pessoas cujo rendimento é inferior a 1 dólar diário.

O combate á pobreza está também no âmbito do NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento de África), estabelecendo este programa a necessidade de assegurar o cumprimento das metas do Milénio, com vista ao crescimento e desenvolvimento económico em África.

A SADC (Comunidade para o desenvolvimento da África Austral) identifica estratégias para a erradicação da pobreza que incluem a redistribuição dos activos naturais, a construção e manutenção de infra-estruturas, a promoção do conhecimento e dos cuidados de saúde, a expansão dos mercados regionais e a promoção do investimento de forma a estimular o crescimento económico, e a criação de oportunidades de emprego para os pobres.

No Índice de Desenvolvimento Humano, Angola situa-se numa posição do ranking nada abonatório, com as intenções governamentais de melhorar a qualidade de vida dos Angolanos.
O actual Governo tem que incluir políticas para promover a boa governação, reforçando a capacidade e eficiência do sistema judiciário, protegendo os direitos e liberdades dos cidadãos e que a ECP é um processo que inclui consultas, diálogo, reflexão e que não existem soluções únicas e definitivas na direcção da eliminação da pobreza.

A avaliação feita pela Organização não-governamental Transparência Internacional nos seus relatórios, indica claramente que sem combater a corrupção será impossível reduzir a pobreza e isto aplica-se ao nosso país.

Quando o cidadão tem que recorrer ao mercado paralelo para comprar medicamentos ou um bem material de fraca qualidade, porque os outros são muito caros e pela «mão da corrupção», não se consegue ter acesso aos mesmos nos locais indicados, estas situações agravam a pobreza.
Esta ONG calcula que em África desaparecem milhões de dólares como consequência da corrupção nos recursos da ajuda internacional ao continente. É necessário um esforço no desenvolvimento de bons governos e funcionários públicos confiáveis, tornando os recursos mais eficazes, exigindo transparência no fluxo das doações.

Tentar reduzir a pobreza sem um combate sério e eficaz contra a corrupção é « remar contra a maré ».

A corrupção é um entrave ao desenvolvimento.
O Governo Angolano conhece o fenómeno da corrupção, precisa é de reformas urgentes para o combate do mesmo, passando a ser uma das prioridades, caso contrário não conseguirá atingir as metas do Milénio.

A Assembleia Nacional tem que ter uma acção legislativa consistente e clara, conjuntamente com instituições de controlo e mecanismos de supervisão eficientes, conseguindo-se desta forma níveis mais baixos de corrupção, permitindo-se a participação da sociedade civil neste esforço nacional, com o objectivo do desenvolvimento e qualidade de vida dos Angolanos.