Rádio Angola Unida (RAU): 245º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 30-12-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- Em Angola, a Omunga questiona a
transparência do concurso público para a gestão da Reserva Estratégica
Alimentar entregue a uma empresa "duvidosa", a GESCESTA. A ONG diz
que o erário público vai beneficiar uma minoria. O Governo angolano lançou a
Reserva Estratégica Alimentar que visa regular o mercado e influenciar a baixa de
preços dos produtos alimentares essenciais que integram a cesta básica. A
gestão do programa foi entregue à empresa GESCESTA, pertencente ao grupo
Gemcorp, que já foi alvo de investigação por práticas pouco transparentes e que
terão lesado o Estado angolano. O Governo angolano espera que os preços dos
principais produtos da cesta básica reduzam em até 5% para o consumidor final
com o inícioda operacionalização da Reserva Estratégica Alimentar (REA), que
integra 11 produtos alimentares essenciais. João Malavindele, coordenador da
Organização Não Governamental (ONG ) Omunga,
defende que se trata de mais um caso que um grupo irá beneficiar do
erário público. ~
- O Fundo do Ambiente angolano vai ser
transformado em Fundo da Cultura, Turismo e Ambiente para fomentar a atividade
turística, sobretudo o turismo interno, apoiar associações ambientais e
artistas em dificuldades sociais, anunciou hoje o ministro do setor. Segundo o
ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Filipe Zau, estão em curso trabalhos
visando a "reforma do Fundo do Ambiente com vista à sua transformação em
Fundo da Cultura, Turismo e Ambiente, bem como a criação de equipas de trabalho
visando o estudo sobre a situação social dos artistas". "O apoio a
associações ambientais, bem como no fomento à atividade turística com primazia
para o turismo interno, tendo em conta o contexto atual da pandemia causada
pela covid-19, que nos obriga a medidas de biossegurança e distanciamento
físico", afirmou o governante. Filipe Zau, que falava na cerimónia de cumprimentos
de fim de ano do organismo que dirige, exortou também para a necessidade de uma
"boa gestão do erário" e dos bens colocados ao serviço do ministério,
reorganização e o funcionamento das diferentes áreas. Com base "nas
disposições legais existentes, para se evitar a usurpação de competências e a
insubordinação ou atos de indisciplina às normas e procedimentos
estabelecidos", pois "o futuro terá de ser de 'compliance'",
defendeu. O ministro angolano recordou, na sua intervenção, as três áreas específicas
do seu pelouro, referindo que "caso se crie uma área de interação entre as
mesmas", cultura, turismo e ambiente, "pode-se encontrar uma parte
comum, caracterizada pela interdisciplinaridade". A parte comum, explicou,
criará a identidade que o "ministério procura e que será implementada
através de projetos transversais às três áreas", enquanto "a parte
diversificada continuará a tratar de aspetos específicos a cada uma das
áreas". "Porém, estou em crer que será através dos projetos
resultantes da intercessão entre as três áreas que poderá nascer uma parte
relevante para a diversificação da nossa economia", frisou.
- O general angolano, Leopoldino Fragoso do
Nascimento (Dino) deixou de ser acionista da Puma Energy, empresa de
distribuição de combustíveis que é detida maioritariamente pela Trafigura. O
general Dino, um indefetível do antigo presidente, José Eduardo dos Santos,
tomou esta opção depois de ter visto as suas contas congeladas pelas
autoridades norte-americanas. Os EUA classificaram Dino e também o general
Manuel Hélder Vieira Dias (Kopelipa) como "ex-funcionários do governo que
roubaram milhares de milhões de dólares do governo angolano por meio de
peculato". A transação foi efetuada através da Cochan, a holding onde o
general Dino concentra as suas participações empresariais. Com a venda de 3% do
capital, Leopoldino Fragoso do Nascimento deixa de ter qualquer ligação à Puma
Energy. O valor do negócio não foi revelado. Com esta saída, a Trafigura passou
a deter 96,6% das ações da Puma Energy. Já este mês, o general Dino tinha
renunciado ao cargo de vice-presidente da mesa da assembleia-geral da Unitel,
de forma a proteger a operadora de telecomunicações angolana dos efeitos
adversos que resultam das sanções que lhe foram impostas pelos Estados Unidos.
O general Dino controla 25% do capital da Unitel através da empresa Geni.
Leopoldino Fragoso do Nascimento chegou mesmo a ser acionista da Trafigura,
muitinacional com sede em Singapura que comprou a sua participação por 390
milhões de dólares. O negócio tornou-se público em setembro deste ano. Na
altura, foi noticiado que o general possuía 15% da Trafigura, tendo apenas
ficado com uma posição residual.
- O Presidente de Angola João Lourenço
encontrou-se nesta sexta-feira, 24, com o seu predecessor Eduardo dos Santos
numa “visita de cortesia”, disse a Presidência em comunciado. Não foi revelada
a duração do encontro nem os assuntos discutidos, mas a visita faz aumentar a
especulação de estar em curso uma tentativa de reconciliação entre os dois estadistas
para garantir a unidade do partido, MPLA, durante a campanha eleitoral que se
avizinha. Essas relações foram abaladas pelas acções judiciais contra os filhos
do ex-Presidente, seus negócios e também de colaboradores próximos. O filho de
José Eduardo dos Santos, José Filomeno dos Santos, viu recentemente confirmada
a pena de prisão de cinco anos por envolvimento no desvio de centenas de
milhões de dólares. A filha Isabel dos Santos vive no estrangeiro depois de ter
sido acusada não só em Angola mas noutros países de envolvimento em corrupção,
lesando o Estado em centenas de milhões de dólares, algo que ela nega. Outra
filha, Tchizé dos Santos, escolheu também o exílio. Antigos colaboradores
próximos de Santos, como os generais “Kopelipa” e ‘Dino” foram também alvo de
acções por alegado envolvimento em negócios corruptos. Todas estas acções
levarm alguns analistas e familiares de José Eduardo dos Santos a acusar o
actual Presidente de perseguir a famíla do seu predecessor. Mas no início do
mês, após a sua reeleição como presidente do MPLA, João Lourenço elogiou num
discurso o papel de Santos na garantia da paz em Angola, fazendo pela primeira
vez levantar especulação sobre uma possível reconciliação. “A paz foi
conseguida pelos angolanos de uma forma geral, mas tinha que haver um líder”,
disse João Lourenço. “Estou-me a referir ao camarada Presidente José Eduardo
dos Santos”, acrescentou o dirigente angolano no meio de grandes aplausos dos
militantes. José Eduardo dos Santos “enquanto chefe de Estado e comandante em
chefe das Forças Armadas foi magnânimo e com esse seu comportamento garantiu
que a paz alcançada em Abril de 2002 perdurasse até aos dias de hoje”, reiterou
Lourenço na altura. A Presidência angolana disse no comunicado, em que revela a
visita de hoje, que “o encontro foi um gesto dentro do espírito de celebração
do Natal”. O ex-presidente ausentou-se de Angola em Abril de 2019, e ao longo
dos dois últimos anos, tinha permanecido quase sempre em Barcelona. José
Eduardo dos Santos regressou a Angola a 14 de Setembro deste ano, não se
sabendo se tenciona regressar a Barcelona.
- As notícias que destacamos em 2021 e as
nossas previsões quanto as factos que vão ocorrer em 2022, antes e depois das
Eleições Gerais.
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