Rádio Angola Unida (RAU): 169º
Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 28-05-2020
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- Depois de dois meses de estado de emergência, Angola iniciou esta terça-feira
uma fase diferente de exceção, a situação de calamidade pública, que se
prolongará enquanto se mantiver o risco de propagação da pandemia. O Presidente
da República de Angola, João Lourenço, reúne-se na sexta-feira com
representantes da sociedade civil para "trocar ideias" sobre o
futuro, face ao impacto da covid-19 sobre a economia angolana e a vida das
famílias. Segundo uma nota da secretaria de imprensa vão estar presentes
empresários, líderes religiosos, académicos, representantes da juventude e
jornalistas. Depois de dois meses de estado de emergência, Angola iniciou esta
terça-feira uma fase diferente de exceção, a situação de calamidade pública,
que se prolongará enquanto se mantiver o risco de propagação da pandemia.
"Esta fase compreende um conjunto de medidas pensadas para garantir um
melhor equilíbrio entre a estratégia sanitária de prevenção e combate da
covid-19 e a necessidade de relançar gradualmente a atividade económica e o
regresso à normalidade da vida social", sublinha a nota. Angola regista
atualmente 71 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus, dos quais
quatro óbitos, 49 casos ativos e estáveis e 18 recuperados.
- As estimativas das mortes ocorridas após os confrontos em Luanda no 27
de Maio de 1977 variam entre os 30.000 e 100.000 pessoas. Civis, militares,
músicos, foram apanhados na onda de repressão que se seguiu com pessoas
torturadas e massacradas em redor do país por alegada associação com
“fraccionistas”. Ele fazia parte da Nona Brigada que se envolveu em tiroteios
com a Guarda Presidencial, mas Nelito Ramalhete responsabiliza a Guarda
Presidencial: “Fomos para cobrir uma manifestação e ninguém me contou isto, eu
estive lá”. “O nosso grupo, ninguém fez nenhum tiro eles é que atiraram
primeiro contra o povo”, acrescentou. Para Moisés António da Silva “Marçal” de
63 anos de idade, na referida data houve uma manifestação popular em que
milhares de pessoas dirigiam-se ao palácio onde muitos foram presos e depois
torturados e mortos. “Ainda tenho sequelas não consigo ficar 30 minutos de pé,
foi horrível”, disse recordando as agressões a que os presos foram submetidos
quando foram levados para outra província. João Sebastião disse que o seu
irmão, o músico Artur Nunes foi preso e nunca mais foi visto: “Eu sei que ele
foi morto a sangue frio”, disse. Francisco Rasgado perdeu três irmãos e disse
que “a chacina levou entre 50 a 100 mil pessoas”. “Por favor, tenham coragem de
analisar as coisas com olhos de ver!’’, pede o jornalista. Para Rasgado a
comissão de reconciliação formada o ano passado pelo Presidente João Lourenço
devia operar em todas as províncias. Para ele é preciso “estar no terreno com
consultas a todas as vítimas”.
- O Executivo angolano aprovou uma
proposta de alteração à lei do investimento privado que permite negociar
facilidades e incentivos de acordo com impacto económico e social dos projetos.
A proposta aprovada pela Comissão Económica do Conselho de Ministros, a que a
agência de notícias Lusa teve acesso, "visa melhorar a competitividade na
atração do investimento privado", sobretudo o investimento direto
estrangeiro com comparticipação das multinacionais. Fruto desta alteração, o
novo regime contratual vai permitir a negociação de incentivos e facilidades
tendo em conta "as especificidades dos projetos de investimento, os
impactos sociais e económicos resultantes da sua implementação, a contribuição
para o fomento da produção nacional e a diversificação das exportações".
- Depois de receber o ano passado vários sofisticados aviões de combate
russos, Angola recebeu agora seis aviões de ataque e treino fabricados
conjuntamente pela China e Paquistão. Trata-se do avião K-8W e Angola deverá
receber outros seis aviões deste tipo durante este ano, disse a publicação
DefenceWeb. A publicação Chinese Military Aviation confirma que Angola é um
“cliente” na compra destes aviões acrescentando que 12 aviões foram comprados
“provavelmente em 2018” e seis foram entregues este ano. Segundo publicações
especializadas cada avião custa cerca de 10 milhões de dólares o que é considerado
um avião de baixo custo. A confirmar-se a compra do avião, o custo total a
Angola deverá assim rondar os 120 milhões de dólares. A Rússia já completou a
entrega de todos os aviões de combate SU-30K a Angola, disse o director do
Serviço Federal para a Cooperação Militar-Técnica da Rússia, Smitry Shugaev. Os
detalhes do acordo para a compra desses aviões continuam contudo rodeados de
mistério. Shugaev, citado pela agência Sputnik, anunciou a entrega dos aviões à
margem da cimeira Rússia/África em Sochi. “Completámos a entrega dos nossos
SU-30K jactos de combates a Angola”, disse Shugaev sem dar outros pormenores. O
contrato foi mencionado pela primeira vez em 2013 e, segundo notícias então
publicadas, envolvia 12 ou 18 aviões mas nunca foram dados pormenores concretos
do contrato. Segundo a agência Sputnik o contrato envolveu no entanto apenas
oito aviões. A agência disse que o ministro da Defesa angolano Salviano de
Jesus Sequeira declarou em Abril que Angola tinha então já recebido seis dos
oito SU-30K que tinha comprado. De acordo com notícias anteriores divulgadas
pela Aviation International News os aviões comprados pertenciam à Força Aérea
indiana e têm estado a ser remodelados na Bielorrússia. Os aviões em causa
foram comprados pela Índia entre 1997 e 1999 e estiveram em uso até meados de
2011 quando a Índia decidiu comprar novos aviões ao fabricante dos Sukhois.
- A medida tem como objetivo
facilitar a vida dos beneficiários com contrato de promessa de compra e venda,
na modalidade de propriedade resolúvel, que têm a vantagem de sofrer redução
das prestações. O Fundo de Fomento Habitacional (FFH) uniformizou o período de
pagamento das prestações dos beneficiários das centralidades habitacionais em
Angola, que permite o alargamento do prazo para 30 anos ou equivalente a 360
prestações, anunciou o Governo. De acordo com um comunicado de imprensa do
Ministério das Finanças de Angola, esta uniformização decorre ao abrigo dos
respetivos contratos de compra e venda com propriedade resolúvel, devendo os
beneficiários, que rubricaram inicialmente contratos com a extinto Fundo de
Ativos para o Desenvolvimento Habitacional (FADEH) e com as imobiliárias SONIP
e KORA solicitar, por escrito, a alteração das cláusulas contratuais. A nota
salienta que esta medida tem como objetivo facilitar a vida a todos os
beneficiários com contrato de promessa de compra e venda, na modalidade de
propriedade resolúvel, que têm assim a vantagem de sofrer uma redução das suas
prestações e, com isso, ajustar a taxa de esforço às atuais condições sociais e
económicas do país.
- O gabinete de estudos do Banco Fomento Angola (BFA) prevê que a
produção de petróleo em Angola caia para 1,3 milhões de barris por dia devido
ao cancelamento e adiamento dos investimentos previstos para este ano.
"Com o cancelamento ou adiamento dos novos investimentos planeados para
este ano, o BFA espera que a produção média anual seja de 1,3 milhões de barris
por dia, uma queda de mais de 5%, e que compara com a expectativa inicial de
cerca de 1,39 milhões de barris", lê-se num relatório sobre os mercados
angolanos. No documento, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os
analistas do BFA escrevem que "de janeiro a abril deste ano as exportações
de crude estabilizaram nos -0,2% quando comparadas com o mesmo período do ano
passado, para uma média de 1,39 milhões de barris por dia". A grande
diferença, sublinham, está no valor das exportações, que caiu para metade nos
primeiros meses do ano, com Angola a exportar cerca de 1,44 milhões de barris
em abril, uma subida de 3,5% face a abril de 2019. "O preço médio de
exportação, no entanto, caiu para 29,6 dólares por barril, ou seja, menos 55%
do que em abril de 2019, uma queda em linha com o efeito da covid-19 nesta
matéria-prima", lê-se no relatório. "Com o declínio do preço, as
receitas caíram 53,5% face ao período homólogo, para 1,32 mil milhões de
dólares [1,2 mil milhões de euros]", aponta-se no documento. A produção de
petróleo em Angola mantém-se num ritmo mais lento, com as atividades de prospeção
praticamente paradas devido aos receios de propagação da covid-19 por parte dos
operadores no país.
- O Comunicado de Imprensa emitido pela Engª Isabel dos Santos, o qual
publicamos abaixo:
O Ministério Público angolano apresentou mais uma prova fabricada no
processo de arresto de bens da Engª. Isabel dos Santos. Um memorando - cuja
autenticidade nunca foi comprovada pelo tribunal ou pelas autoridades de Angola
ou Portugal - demonstra reiteradamente a Procuradoria a recorrer a provas
fabricadas para lograr junto do tribunal a decisão de arresto de bens da
empresária. Uma transação comercial falsa supostamente envolvendo a Engª.
Isabel dos Santos é relatada num memorando não assinado e não datado e anexado
a uma carta oficial dos Serviços de Inteligência angolanos. Esta carta e
memorando foram ambos entregues ao Tribunal pela Procuradoria angolana como
prova para sustentar que a Engª. Isabel dos Santos tinha a intenção de vender a
sua participação na empresa UNITEL a um investidor não nomeado dos Emirados Árabes
Unidos (EAU) e por esta via dissipar o seu património. Este memo não está
assinado, não tem carimbo oficial nem data e relata uma suposta transação, sem
referir as datas dos supostos eventos ou onde estes eventos ocorreram e ainda
sem os nomes das pessoas envolvidas e sem quaisquer outras informações ou
evidencias de trocas de correspondência por parte das partes. Numa declaração à
imprensa a 13 de Maio, o Procurador-Geral angolano confirmou que este memo era
uma prova chave no caso e também não negou que a Procuradoria tivesse
apresentado ao Tribunal o documento do passaporte falso.
RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não
têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um
Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na
dignidade do povo soberano de Angola.
Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são
apresentados e produzidos em Washington D.C.
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
Prof.kiluangenyc@yahoo.com.
PARA OUVIR:https://www.blogtalkradio.com/profkiluangenyc/2020/05/29/angola-de-onde-vem-o-dinheiro-da-reserva-internacional?fbclid=IwAR1dM44YrcGkzTETADmjtYeeJoP8-_9Sz83euQX_3S4yp8hwaJNRG55V0XI