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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

OIÇA JÁ A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 195ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 26-11-2020.‏

 Rádio Angola Unida (RAU): 195º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 26-11-2020 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

-  O Presidente angolano, João Lourenço, convidou cerca de 100 jovens activistas para um encontro esta quinta-feira no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda, para ouvir as suas reivindicações. Até ao momento, o encontro não se realizou. O convite foi dirigido a jovens revolucionários com vista a discutir as reivindicações de maior justiça social e de luta contra a corrupção, que têm sido levantadas nas últimas manifestações em Luanda, algumas delas severamente reprimidas. Até ao momento, o encontro não se realizou. O movimento de activistas desconfia dos propósitos do anunciado encontro com o chefe de Estado, muitos deles declinaram o convite. Para o movimento de activistas os anteriores encontros realizados com o Presidente angolano não responderam às principais reivindicações, nomeadamente, à criação de emprego, maior investimentos nos sectores da educação e saúde e ao combate à extrema pobreza, que afecta a maioria da população angolana. De acordo com fontes oficiais angolana, este encontro solicitado pelo Presidente João Lourenço pretende criar um diálogo com os jovens angolanos com vista a compreender as suas principais preocupações e para que o executivo possa definir políticas sustentáveis para a juventude. Este encontro é visto como uma resposta à pressão feita sobre o Presidente com as manifestações de 24 de Outubro e 11 de Novembro. 

-  Em Angola, 11 e 21 de novembro de 2020 são datas que ficaram gravadas na história por assinalarem manifestações marcadas pela violência e repressão policial em Luanda. Mas o motivo que leva tantos jovens a sair à rua é intrinsecamente económico e foi dissecado no "Fórum Angola 2020: Sustentabilidade e Inclusão na Recuperação e Reforma Económica", organizado pela Chatham House, que decorreu dias 23 e 24 de novembro. Uma das oradoras desta iniciativa online, Sizaltina Cutaia, diretora da OSISA, a Iniciativa Sociedade Aberta para a África Austral, em Angola, traçou à DW o perfil dos manifestantes. "São jovens entre os 20 e os 35 anos, alguns são estudantes de nível universitário, mas a maioria está à procura do seu primeiro emprego. Muitos desses jovens vivem nas periferias e são filhos de zungueiras, trabalhadoras do setor informal". A ativista adianta ainda que se tratam de jovens "que muitas vezes não têm oportunidades e que têm vivido um pouco à margem. Não beneficiaram do ’boom’ que aconteceu no princípio dos anos 2000 e são jovens que já não compram o discurso da guerra." Sizaltina Cutaia destaca o grande fosso social que existe em Angola entre a classe média e a classe mais baixa e que o desemprego é a grande preocupação dos jovens. Na Lunda Norte, por exemplo, 80% dos jovens estão desempregados. A nível nacional o número ronda os 56%. A solução, entende Cutaia, não passa pelo Plano de Ação do Governo para a Empregabilidade (PAPE). "[O PAPE] não é um programa propriamente de fomento ou de criação de pequenas e médias empresas, é um programa de formação que distribui kits de jardinagem ou de corte e costura. Pensa-se que isto é que vai alavancar a economia?". 

- Angola possui 8.4 mil milhões de dólares norte-americanos de reserva internacional, que cobrem cerca de 11 meses de importações. A informação foi prestada nesta terça-feira pelo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, em declarações à imprensa, no final da 11ª (décima primeira) sessão da Comissão Económica do Conselho de Ministros. Por outro lado, neste trimestre, segundo o responsável, a balança de pagamentos, a nível da sua conta corrente, apresenta um défice de cerca de 1.3 mil milhões de dólares, uma inversão em relação a 2018, por altura da massificação das reformas macroeconómicas no país. Relativamente ao preço do petróleo, José Massano destacou que, desde Setembro último, houve uma recuperação de cerca de 58 por cento, em relação ao trimestre anterior, o que permite também manter o nível de reservas num patamar ainda confortável. Na sessão desta terça-feira, orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, a equipa económica aprovou o relatório de balanço de execução da programação financeira do tesouro nacional referente ao II (segundo) trimestre do corrente ano. O documento reflete os resultados da execução da receita para o período em referência, bem como de execução da despesa, com e sem incidência de tesouraria. 

- "Estamos a apontar para o final de 2021 ou início de 2022 para iniciar o processo de privatização das grandes empresas como a Sonangol ou a Endiama", disse a governante angolana durante a conferência da Bloomberg Investir em África, que decorre hoje em formato virtual. A venda faz parte da intenção do segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana para angariar verbas e reiniciar o crescimento económico positivo que não acontece há cinco anos. Até agora, Angola vendeu 30 empresas através de um programa de privatizações que vai até 2022, cujo total aponta para 195 ativos que estão destinados a ser vendidos. O prazo, no entanto, "depende da rapidez com que será possível organizar estas empresas e da garantia de cumprimento da 'due dilligence' [cumprimento das regras processuais internacionais] para capturar o interesse de investidores de qualidade", acrescentou Vera Daves. Na intervenção que fez na conferência organizada pela Bloomberg, a ministra das Finanças disse que espera que 2021 seja um "ponto de inflexão" na recessão económica que o país atravessa desde 2016, e perspetiva uma estagnação para esse ano. O crescimento, disse, será sustentado no setor não petrolífero, incluindo agricultura e minas, a que se juntam os resultados das reformas lançadas pelo executivo nos últimos três anos. Relativamente à dívida pública, que a ministra elege como a principal prioridade, a par da saúde, Vera Daves disse que não tenciona emitir nova dívida até que as principais praças financeiras internacionais "recuperem a confiança" e assumiu que o Governo está ciente das dificuldades. "Estamos complemente cientes de que este não é um momento fácil", disse a governante, pedindo paciência aos jovens que nas últimas semanas têm feito várias manifestações em Angola a pedir melhores condições de vida. 

- Os cidadãos de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Principe terão que pagar uma garantia de entre 5.000 e 15.000 dólares americanos para poderem visitar os Estados Unidos, ao abrigo de uma ordem temporária emitida pelo Departamento de Estado. A medida temporária entra em vigor a 24 de Dezembro e prolonga-se até Junho do próximo ano, abrangendo cidadãos de diversos países a maior parte dos quais africanos, cujos cidadãos têm grandes níveis de violação de prazos de visita dos seus vistos de turismo e de negócios. A administração Trump disse que a medida de seis meses servirá para testar a capacidade de se recolher essas fianças e servirá de dissuasão diplomática aqueles que querem violar os prazos de visita ao país. A medida exige que funcionários consulares americanos requeiram a viajantes desses países, em deslocações de turismo e negócio com um nível de violação de mais de 10% em 2019, que paguem uma quantia reembolsável que pode ser de 5.000, 10.000 ou 15.000 dólares. Entre os países abrangidos conta-se além dos quatro países de lingua portuguesa, a República Democrática do Congo Libéria, Sudão, Chad, Burundi, Djibouti, Eritreia, Gambia, Mauritânia Burkina Faso, Líbia e ainda Afeganistão, Butão, Irão, Síria, Laos and Iémen. 

RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola. 

Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são apresentados e produzidos em Washington D.C.

Perguntas e sugestões podem ser enviadas para Prof.kiluangenyc@yahoo.com.

PARA OUVIR: https://www.blogtalkradio.com/profkiluangenyc/2020/11/26/angolamas-haver-ou-no-eleies-autrquicas-em-2021?fbclid=IwAR08CGGd8dfUR-JXeOHk02X1NTNdgdP8nFKY_L358jxggB_WdeaB1hZz3kU

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

PODE JÁ OUVIR A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 194ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 19-11-2020.‏

 Rádio Angola Unida (RAU): 194º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 19-11-2020 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

-  A consultora Eurasia considerou esta terça-feira (17.11) que a crise económica e o crescente descontentamento popular em Angola vão levar o Governo a aprofundar a luta contra a corrupção, atingindo o antigo vice-Presidente Manuel Vicente. "João Lourenço está a consolidar o controlo no Movimento Popular de Libertação de Angola [MPLA, no poder] através dos seus esforços contra a corrupção e espera ganhar o apoio popular para esta campanha numa altura em que continuam os protestos contra os escândalos de corrupção no seu Governo", escrevem os analistas Darias Jonker e Britanny Hughes. Num comentário aos mais recentes desenvolvimentos no país, estes analistas dizem que "com a acumulação de dívida pública e descontentamento com a economia, João Lourenço vai aumentar os esforços para recuperar os estimados 24 mil milhões de dólares [20,21 mil milhões de euros] que Angola perdeu para a corrupção durante o regime liderado por José Eduardo dos Santos". Para os analistas da Eurasia, o Presidente está a ser pressionado para investigar o antigo vice-Presidente e seu conselheiro para a área petrolífera, Manuel Vicente, e poderá usar a mesma estratégia que usou para revogar a imunidade do antigo ministro Manuel Rabelais. "O Parlamento aprovou a revogação da imunidade judicial de Manuel Rabelais e também no dia 27 de outubro aprovou um novo código penal que vai aumentar as penas para crimes de corrupção, o que pode abrir caminho para a investigação de mais membros da rede de compadrio do antigo Presidente", escrevem os analistas na nota enviada aos clientes, e a que a agência Lusa teve acesso. "A perda de imunidade de Manuel Rabelais abre a porta para Lourenço visar Manuel Vicente, antigo vice-Presidente de Angola e presidente da Sonangol entre 2012 e 2017", apontam, lembrando que o antigo governante "escapou até agora às perseguições por aconselhar Lourenço sobre os meandros da rede de compadrio de dos Santos e por ajudar na reforma do setor petrolífero". No entanto, afirmam os analistas, "continuar a proteger Manuel Vicente pode ser um risco político demasiado grande", já que o antigo líder da Sonangol já está a ser investigado pelas instâncias judiciais pelo seu papel num dos maiores esquemas de corrupção da era do antigo chefe de Estado, o Fundo Internacional da China". Manuel Vicente tem imunidade, enquanto antigo vice-Presidente, até setembro de 2022, mas esta pode ser revertida num processo semelhante ao que foi desencadeado contra Manuel Rabelais, conclui a Eurasia.

 -  A consultora NKC African Economics reviu hoje a estimativa de evolução da inflação em Angola, antevendo uma subida de 22,4% nos preços e uma depreciação de 60% da moeda nacional, o kwanza, este ano. "A moeda nacional permanece vulnerável às mudanças no sentimento global e deverá depreciar-se em mais de 60% em 2020 comparado com o ano passado, o que vai continuar a colocar pressão os preços do consumidor, devido à forte dependência de Angola dos bens importados", escrevem os analistas desta filial africana da britânica Oxford Economics. Num comentário à evolução inflação em Angola, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que "a implementação gradual de um IVA de 14%, bem como os antecipados aumentos nas propinas para a educação superior, vão continuar a pressionar a inflação em 2021". Assim, os analistas dizem agora esperar uma inflação média de 22,4% este ano, agravando-se face aos 17,1% registados no ano passado, e prevendo que abrande o crescimento para 20% no próximo ano. Os preços em Angola aumentaram 1,81% entre setembro e outubro, segundo um relatório mensal do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, colocando a inflação acumulada a 12 meses no valor mais alto desde dezembro de 2017. "Apesar das más condições económicas, a inflação continuou a subir em 2020, principalmente devido à queda no preço do petróleo este ano e à liberalização cambia do ano passado, que fez com que o kwanza tenha perdido 25% do seu valor desde o início do ano", apontam os analistas, lembrando que em média, em outubro, foram precisos 645 kwanzas para comprar um dólar, "o pior registo cambial de sempre". Na proposta do Orçamento Geral do Estado angolano para 2021, Luanda estima uma taxa de inflação acumulada anual de 18,27% para o próximo ano. No início de setembro, a agência de 'rating' Fitch previu uma recessão de 4% em Angola e uma subida da inflação para 24% durante este ano. "A contração no setor petrolífero, combinada com a falta de liquidez em dólares, vai manter Angola no quinto ano consecutivo de recessão, com uma contração de 4% e uma aceleração da inflação para 24% este ano, bem acima da média dos países com nota B, de 4,8%", afirmou então a agência, acrescentando que a economia angolana "continua a ser limitada pelo alto nível de dependência de matérias-primas".

 -   Governo reconhece problema e diz estar empenhado em "minimizá-lo". A falta de empregos em Angola afecta particularmente a faixa juvenil que desespera-se ante a situação que tornou-se mais complexa com a pandemia da Covid-19. A ministra da Administração Pública Trabalho e Segurança Social, Teresa Dias, reconheceu recentemente que o desemprego juvenil é uma preocupação do Executivo, que tudo está a fazer para, não acabar, mas pelo menos, minimizar esse défice de emprego. A procura por uma oportunidade de emprego é grande e as ofertas são escassas para não dizer quase nenhumas. A VOA foi a vários Centros de Emprego em Luanda conversar com os jovens que procuram uma oportunidade. “O nosso Governo não está preparado para dar solução aos problemas dos jovens, olhe que neste momento estou aqui a andar com o currículo e ando a bater portas e nada, apesar de estar ainda a me formar, mas as oportunidades são raras, depois estamos num país onde o emprego é muito dependente do Estado e não devia ser assim, o Estado deveria potenciar o surgimento de mais empresas privadas", afirma um dos nossos entrevistados que preferiu o anonimato.Helena, que se identifica apenas com o primeiro nome, tem 33 anos de idade e diz que perdeu o emprego devido à Covid 19. "O emprego está difícil sim, os jovens querem contribuir, mas onde é que está o emprego? O nosso Governo deve ver esta situação que afecta sobretudo os jovens", afirma Helena. Outra jovem que se apresenta como Elizandra diz que a pandemia atrapalhou as coisas e pede ao Presidente para cumprir as promessas feitas. "Estou sem emprego, já meti documentos, com esta pandemia está difícil conseguir um emprego, segundo o Presidente da República iriam ser abertas muitas empresas este ano, até agora não estamos a ver nada”, lamenta, questionando “se no próximo ano, o último do seu reinado, as coisas vão melhorar".

- Angola vai recorrer ao endividamento para cobrir o défice de cerca de 938 mil milhões de kwanzas (1,1 mil milhões de euros) de despesas correntes da proposta de Orçamento Geral do Estado para 2021, disse hoje fonte governamental. Segundo a secretária de Estado do Orçamento e Investimentos Públicos, Aia-Eza da Silva, Angola não vai conseguir pagar as suas despesas com toda a receita que arrecadar. "Então vamos ter que nos endividar, esse orçamento ainda prevê algum nível de endividamento, daí que seja importante que o défice não seja tão elevado, porque nós já estamos com um nível de dívida do PIB [Produto Interno Bruto] acima dos 100%", disse Aia-Eza da Silva, em declarações à rádio pública angolana. A proposta de OGE 2021, com receitas estimadas e despesas fixas em 14,78 biliões de kwanzas (19,3 mil milhões de euros), vai terça-feira à discussão e votação, na generalidade, na Assembleia Nacional. A governante angolana disse que o défice que o orçamento tem neste momento é de aproximadamente 938 mil milhões de kwanzas, "e isso seria o financiamento a ser buscado para o financiamento deste défice, mas esta é só a despesa corrente". "Depois temos a despesa de financiamento - financiar o défice é uma coisa e vamos ter que fazê-lo -, mas depois vamos ter o financiamento do próprio nível de endividamento, que já temos hoje, e aí ainda são outros dinheiros a considerar", salientou. A secretária de Estado do Orçamento e Investimentos Públicos admitiu que o OGE para o exercício económico de 2021 foi "um dos mais difíceis de elaborar nesses últimos anos, porque o clima de incerteza é ainda muito grande". "A nossa produção petrolífera nesse orçamento 20/21 está a decrescer bastante, estamos com uma queda acentuada no PIB petrolífero. Em termos de barris de petróleo, são 1.200 por dia, isto é uma produção bastante reduzida em relação àquilo que seriam os melhores prognósticos sobre este mesmo indicador", frisou. Aia-Eza enalteceu "as perspetivas bastantes animadoras" do setor não petrolífero, contudo, insuficiente para sozinho "puxar o PIB do país". "Daí que a taxa de crescimento do produto para o país seja nula para o próximo ano, o que não é bom, porque nós temos vindo a ver recessões sucessivas no nosso produto de economia nos últimos anos e 2020 seria o ano em que estávamos à espera de uma taxa de crescimento positiva, que deveria se manter para 2021", acrescentou.

 RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola. 

Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são apresentados e produzidos em Washington D.C.

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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

OUÇA JÁ A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 193ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 12-11-2020.‏

 Rádio Angola Unida (RAU): 193º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 12-11-2020 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

-  Angola assinalou 45 anos da independência do país e estava prevista a realização de uma manifestação, organizada por um grupo de jovens ativistas, para exigir melhores condições de vida e a marcação de uma data para as primeiras eleições autárquicas. O ativista angolano Luaty Beirão recebeu esta quarta-feira ordem de detenção pela polícia quando transmitia em direto a caminhada para uma das manifestações em Luanda, no dia em que se assinalam os 45 anos da independência do país. Nos segundos finais do vídeo que estava a ser transmitido em direto pelo Facebook, dois polícias aproximam-se do ativista, que tem também nacionalidade portuguesa, e, depois de Luaty dizer que não vale a pena tirarem o telefone porque está a ser transmitido pela internet, pedem-lhe para os acompanhar à esquadra, ao que o ativista pergunta se está a ser detido e um dos polícias responde: "Está detido". Nos segundos a seguir, o ativista vira-se para trás, tentando falar aos que o acompanhavam, mas a transmissão é interrompida, ouvindo-se a voz de Luaty a dizer que o polícia está a tirar-lhe a câmara. Activistas Nito Alves e Laurinda Gouveia entre os muitos feridos. A Polícia Nacional (PN) de Angola reprimiu vários grupos que pretendiam avançar, a partir de diferentes bairros em Luanda, para uma manifestação contra o desemprego e a a favor da realização das eleições autárquicas em 2021, nesta quarta-feira, 11, dia em que se assinala o 45º aniversário da independência nacional. Com um sol ardente, a efeméride está a ser celebrada com uma chuva de protestos de milhares de jovens que, entretanto, foram reprimidos pela PN com gás lacrimogéneo. Os agentes bloquearam as imediações da Fábrica de Tabacos Unificados (FTU) e da Avenida Brasil que dão acesso ao Largo da Independência, onde os manifestantes pretendiam concentrar-se. Há relatos de vários feridos, entre eles os conhecidos activistas Nito Alves e Laurinda Gouveia, que terão sido espancados pelos agentes da PN. O correspondente da Reuters em Angola foi agredido pela polícia e viu o seu material de trabalho destruído, durante a tentativa de uma manifestação organizada por jovens ativistas para reclamar melhores condições de vida. A informação foi avançada à Lusa pelo próprio jornalista, que diz ter sido detido por alguns minutos pela polícia, apesar de ter se identificado, entretanto solto alguns instantes depois. "Estava identificado, mostrei o meu passe, levantei as mãos, mesmo assim eles partiram para agressão, quase partiam a câmara e detiveram-me por alguns minutos", disse Lee Bogotá, que ficou com marcas no corpo devido às agressões. Lee Bogotá descreveu que estava no meio da manifestação, tentou falar com os polícias e depois disso começou a ser atacado, tendo ficado sem as câmaras fotográfica e de vídeo e o microfone.

 - O diretor da consultora EXX Africa disse à Lusa que as reformas em Angola poderão ser adiadas devido à crise económica e aos protestos violentos das últimas semanas, o que afeta as relações com o FMI. "Acrise económica e os protestos violentos que originou vão aumentar a pressão sobre o Governo de Angola para atenuar as reformas definidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as medidas de austeridade", disse Robert Besseling quando questionado pela Lusa sobre se a crise propicia ou dificulta a implementação das reformas. Os recentes casos de corrupção, a falta de empenho na transparência e a falta de reformas no setor bancário vão prejudicar as relações com o FMI e adiar a implementação da agenda reformista", acrescentou o responsável, na semana em que se assinalam os 45 anos da independência do país. Nas declarações à Lusa, o diretor desta consultora sedeada em Joanesburgo considerou que a privatização dos ativos não petrolíferos está "parada devido à falta de interesse dos investidores" e avisou que isso "prejudica a diversificação económica". Os investimentos privados, notou, "são principalmente direcionados para o setor petrolífero, como os 920 milhões de dólares [775 milhões de euros] para a refinaria petrolífera de Cabinda, que estão a ser financiados de forma opaca pela Gemcorp numa altura em que o preço do petróleo ainda está abaixo do 'break-even' [ponto de início do lucro]". Questionado sobre a evolução da economia de Angola nos próximos anos, em que a maioria dos analistas prevê um regresso ao crescimento económico positivo depois de cinco anos de recessão, Robert Besseling lembrou a recente sondagem feita pela EXX Africa, que mostra que 60% dos angolanos estão pessimistas sobre o país. "Apesar de o FMI antever uma modesta recuperação económica no próximo ano, os angolanos estão pessimistas; a elevada inflação e o desemprego massivo são as principais preocupações para muitos angolanos, numa altura em que a agenda de privatizações do Governo está parada devido à pandemia e continua vulnerável a interferências políticas, o que está a manter os investidores estrangeiros relutantes em investir nos ativos angolanos", concluiu o analista.

 -   A Câmara de Energia Africana (CEA) alertou hoje que os preços baixos do petróleo podem originar atrasos na exploração de novos poços em África e particularmente em Angola e defendeu um novo regime fiscal para atrair investidores. "A maioria dos projetos que estava pronto para aprovação foi planeado assumindo um preço de 55 a 60 dólares por barril, por isso o facto de o preço rondar atualmente os 40 dólares significa más notícias, principalmente porque as principais decisões de investimento precisam do preço nos 45 dólares para dar lucro ['breakeven'], e alguns até nos 60 dólares", lê-se no relatório sobre Perspetivas da Energia em África. No relatório da CEA com o apoio técnico da Rystad Energy, enviado esta tarde aos investidores, os especialistas escrevem que "a ENI e a ExxonMobil já disseram que vão focar-se no desenvolvimento de projetos com um preço de 'breakeven' menor que 35 dólares e o desenvolvimento do poço Agogo em Angola enfrenta um adiamento devido ao seu preço de 45 dólares por barril". Além deste, os poços marginais Palas, Astraea e Juno operados pela BP em Angola podem também "ser adiados devido ao preço relativamente alto de 'breakeven', aos compromissos da BP noutras partes do mundo e à transição energética". Os atrasos decorrentes da redução da procura mundial de combustíveis devido à pandemia, num contexto de preços já de si reduzidos face à média dos últimos anos, teve um impacto muito significativo nos países exportadores de petróleo, como Angola ou a Guiné Equatorial, que dependem da venda desta matéria-prima para equilibrarem o orçamento e financiarem o desenvolvimento económico.

 - Para Costa Silva, nascido no planalto central angolano, fundador e membro dos comités Amílcar Cabral, que apoiavam o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) e contestavam o regime colonial, Angola atravessa, 45 anos depois da sua independência, um período difícil "com seríssimos riscos de instabilidade política e social". "A combinação do declínio das receitas petrolíferas, deterioração da situação económica do país, as expectativas que podem não ser preenchidas, ou totalmente preenchidas, na luta contra a corrupção, cria uma combinação tóxica", explicou o gestor, autor do documento-base para o plano de recuperação da economia portuguesa para 2020-2030 e especialista na área do petróleo. Trata-se de um contexto no qual o Presidente da República precisa "não só de resiliência e resistência, mas de alguns rasgos em termos da política interna, que se não forem efetuados podem conduzir a uma grande instabilidade social e política", defendeu. 

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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

 Rádio Angola Unida (RAU): 192º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 05-11-2020 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

- - A agência de notação financeira Moody's alertou hoje que Angola e Moçambique estão entre os países da África subsaariana onde as empresas públicas mais podem desequilibrar as contas públicas devido ao reporte deficiente dos dados. De acordo com o documento, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, "a intensificação das dificuldades financeiras das empresas estatais devido à crise do novo coronavírus vai aumentar os riscos para a maioria dos países emissores de dívida soberana". Os riscos, aponta-se, são "particularmente elevados para os governos da África subsaariana devido aos grandes níveis de dívida, à importância estratégica das empresas públicas e à fraca governação, sendo a dívida garantida pelo Estado o maior risco imediato em países como a Etiópia e a África do Sul, mas também podendo desequilibrar países sem capacidade para ajudar as empresas, como a República do Congo ou Moçambique". A dívida vencida das empresas públicas na África subsaariana é "significativa", alerta a Moody's, estimando que as entidades públicas não financeiras tenham uma dívida equivalente a 10,7% do Produto Interno Bruto (PIB). O apoio do Estado, independentemente das obrigações contratuais, é "altamente provável", escrevem os analistas da Moody's, argumentando que "mesmo que o nível de apoio formal dado seja baixo na região, com uma média de 3,4% do PIB, existe uma forte probabilidade de o reporte dos dados ser 'feito por baixo'". O apoio, afirmam, será sempre dado já que "na maior parte dos casos estas empresas públicas operam em setores estratégicos da economia, empregam um grande número de pessoas e fornecem serviços essenciais". No relatório, a Moody's lembra o caso da Sonangol, entre outros, para apontar que "os países com recursos naturais onde a produção de petróleo e minas são geridas por empresas públicas são vulneráveis a choques de procura e de matérias primas, como por exemplo em Angola, que em 2016 foi obrigada a ajudar a Sonangol com uma transferência de 10 mil milhões de dólares, equivalente a 10% do PIB, no seguimento de quebras de liquidez causadas por uma descida do preço do petróleo".

- O Banco Angolano de Investimentos (BAI) apresentou recentemente o seu Primeiro Relatório de Impacto Económico e Social, que explana as atividades desenvolvidas por esta entidade entre 1996 a 2019. Ao longo dos anos, o Banco Angolano de Investimentos (BAI), que em novembro completa 24 anos, tem vindo a pautar a sua atividade pela realização de iniciativas que vão muito além da componente de negócio e que contribuíram para o desenvolvimento social, económico e ambiental do país. Com um ativo de 2.6 biliões de kwanzas (acima de 3.000 milhões de euros), tem mais de dois mil colaboradores, e crédito (cumulativo ao longo dos anos) concedido superior a 4 biliões de kwanzas (acima dos 5.000 milhões de euros), sendo por isso uma das maiores entidades financeiras de Angola. No evento realizado online, em formato de webinar, foi patente, através do testemunho de vários empresários e empreendedores – desde os responsáveis pela Fazenda Pérola do Kikuxi, Alaturca, Fazenda Girassol, Fazenda Vista Alegre, Biocom, Omatapalo –, o impacto que o financiamento e apoio do BAI teve na atividade empresarial e, sobretudo, na criação de valor acrescentado e na manutenção dos níveis de emprego nesta geografia. Luís Lélis, presidente da Comissão Executiva do BAI, foi o anfitrião do evento, considerando a apresentação deste primeiro relatório de impacto económico e social como o lançamento de uma “pedra inicial” para o que será um conjunto de eventos que vão acontecer nos próximos 12 meses e que culminará no 25.º aniversário da instituição. “Começámos como um banco de investimento, mas hoje somos um banco universal”, esclareceu Luís Lélis na sua apresentação. A sustentar esta afirmação está o facto de, para além de banca de investimento, a atividade do BAI ser agora expandida com a banca comercial, banca de particulares e banca de empresas. “Estamos na cadeia completa do que é a função da banca”. Além de estarem presentes nas 18 províncias de Angola, com 274 pontos de atendimento, o BAI internacionalmente tem agências em Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

-   O Presidente angolano convidou hoje os investidores a examinar o leque de oportunidades de negócios no país nos setores da agricultura e pecuária, indústria, pescas, transportes, construção e turismo. Segundo o Presidente angolano, citado numa nota de imprensa, este evento significa para Angola uma oportunidade para apresentar o país em renovação, uma economia emergente, que se quer tornar num destino preferencial para os investidores. O chefe de Estado angolano sublinhou que estão a ser tomadas medidas para melhorar o ambiente de negócios, reduzir a dependência do petróleo e atrair o investimento estrangeiro para os diversos recursos naturais e outros setores económicos do país. "Desde 2017 que iniciámos um processo de implementação de reformas para promover o investimento e aumentar a competitividade. Iniciámos um processo de privatização de empresas e ativos, com destaque para setores que oferecem grandes vantagens competitivas para o investidor privado, por isso, uso a presente plataforma para convidar a comunidade de investidores a ser proativa no aproveitamento desta janela de oportunidades", exortou João Lourenço. Ainda no quadro das reformas, aclarou o Presidente angolano, foram aprovadas leis que estabelecem princípios para o investimento privado e promovem a concorrência no mercado, bem como foi liberalizada a taxa de câmbio e foram tomadas medidas contra a corrupção e impunidade, com vista a criar um melhor ambiente de negócios. De acordo com o chefe de Estado angolano, estas medidas visam essencialmente a transformação da economia angolana e a atração de investimento privado, para ajudar a reduzir a desigualdade, criar empregos e um rápido crescimento. "Angola de hoje é um lugar seguro para investir, oferece um ambiente de negócios estável e favorável, com uma população jovem, trabalhadora, de espírito empreendedor e ávida em abraçar os desafios de um mercado em crescimento", garantiu João Lourenço, destacando ainda a favorável localização geográfica de Angola no acesso aos mercados da África Austral e Central. Para a retoma do crescimento económico de Angola, frisou João Lourenço, é preciso o aumento do investimento, "para proporcionar aos angolanos, em particular a juventude, melhores rendimentos e, por essa via, aumentar o bem-estar das suas famílias".

- A Administraçao Municipal de Benguela vai iniciar Sexta-feira a venda dos terrenos no bairro das Salinas de onde dezenas de famílias foram desalojadas e enviadas para a escola do Magistério com poucas condições de habitabilidade. Os antigos residenes prometem continuar a resistir e o seu advogado José Faria avisa que a venda é ilegal . O anúncio das autoridades, foi feito por via de um edital que estipula os preços preços entre 400 mil e 1 milhão de Kwanzas. Alguns antigos residentes fazem notar que tinham pago pelos terrenos anes de lá teremsido expulsos. Em nome de um grupo com mais de 100 elementos, o cidadão João Mavinga, detentor do comprovativo de pagamento no banco público BCI (Banco de Comércio e Indústria), numa conta denominada “Embelezamento das Cidades’ disse ter um “sentimento de tristeza, nada vai, nada vem, é assim há mais de três anos, mas já fizemos os pagamentos”. “ Talvez fosse melhor dividir terras (nas Salinas) também para nós. Queremos saber quem vai devolver o nosso dinheiro”, acescentou. Mavinga, à semelhança dos demais, reclama um lote no projecto denominado “Benguela Sul”, onde, segundo informações disponíveis, as delimitações da área estão já a desaparecer. Maria Jamba de Almeida, ex-moradora, reafirma que as famílias desalojadas vão até às últimas consequências e sentem-se chocadas com o anúncio da venda dos terrenos. ” Isto abalou com os ‘salineiros’, até porque a Administração sabe que o caso está em tribunal. Mas não vamos sair de lá , o bairro pode ser o nosso cemitério, só se for isso. Vamos lutar a ferro e fogo até ao fim”, disse. Em comunicado distribuído à imprensa, a defesa das famílias, liderada pelo advogado José Faria, escreve que a venda de terrenos nas Salinas é ilegal, pelo que lança um apelo à não adesão a um negócio susceptível a outros conflitos.

 RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola.

 Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são apresentados e produzidos em Washington D.C.

Perguntas e sugestões podem ser enviadas para Prof.kiluangenyc@yahoo.com.

PARA OUVIR: https://www.blogtalkradio.com/profkiluangenyc/2020/11/06/angolaprivatizao-das-empresas-pblicas-vsdesemprego?fbclid=IwAR2xq1sPonRkFUyjHTCCTLacQ4DD--36wfY6mktPNucQ_H1Uf791IYgKRDw