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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

OUÇA JÁ A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 205ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 25-2-2021.‏

 

Rádio Angola Unida (RAU): 205º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 25-2-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

-  A embaixadora dos Estados Unidos da América (EUA), Nina Maria Fite, deu uma entrevista à Rádio Nacional de Angola (RNA) no dia 2 de Fevereiro. A peça não foi para o ar nesse dia, mas vários dias depois, a 19 do mesmo mês. Sábado, 20, o Jornal de Angola chamou à primeira página o conteúdo da entrevista com o título “Administração Biden vai dar todo o apoio ao Presidente João Lourenço, no combate à corrupção em Angola”. O Novo Jornal soube que a situação está a gerar mal-estar pois a conversa teve lugar antes do polémico relatório divulgado pela Pangea Risk, uma consultora especializada na gestão de risco em África e no Médio Oriente, onde se analisa as eventuais consequências para Angola de uma alegada investigação de procuradores dos EUA sobre João Lourenço e outros dirigentes angolanos de topo. Na notícia que teve direito a manchete no Jornal de Angola lê-se que “Nina Fite disse que os EUA aguardam, com expectativa, a colaboração para o reforço da capacidade de Angola no cumprimento dos requisitos da Lei de Práticas de Corrupção dos Estados Unidos, que rege a forma como as empresas americanas devem desenvolver negócios no estrangeiro”. “O empenho do Presidente João Lourenço no combate à corrupção é um sinal positivo para os investidores estrangeiros”, continua o Jornal de Angola, citando a embaixadora, para, logo à frente na notícia escrever que “a chefe da missão diplomática americana em Angola informou que, para apoiar a luta do Governo angolano contra a corrupção, os Estados Unidos prestaram assistência técnica e orientações a muitas instituições angolanas no combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo”. O Jornal de Angola volta a citar a chefe da diplomacia norte-americana em Angola para assegurar que “Os Estados Unidos estão empenhados em expandir os fortes laços bilaterais com foco no comércio e investimentos mútuos”.

 -  Angola gastou, em 2019, para a importação de três milhões de toneladas métricas de combustíveis 1,7 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros), informou o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás. Diamantino de Azevedo procedeu à apresentação da lei de autorização legislativa sobre incentivos fiscais, aduaneiros e administrativos para a construção da refinaria de Cabinda. O diploma, que autoriza o Presidente da República conceder incentivos fiscais ao projeto de construção da refinaria de Cabinda, como a isenção, fixação e redução de impostos, taxas e encargos, foi aprovado por unanimidades pela Assembleia Nacional, com 163 votos a favor, nenhum contra e sem abstenções. Na apresentação do documento, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás disse que o Presidente João Lourenço poderá conceder incentivos fiscais e aduaneiros, nomeadamente mecanismos de aplicação de impostos de forma faseada, formas aceleradas de amortização e reintegração, despensa de retenção na fonte e estabelecimento de cláusulas de estabilidade fiscal. Os incentivos previstos na Lei do Investimento Privado em vigor são insuficientes para tornar o investimento economicamente viável, frisou o ministro. Diamantino de Azevedo salientou que embora Angola seja um país produtor de petróleo, o seu setor de refinação conta apenas com uma refinaria, com a capacidade de refinação de 65 mil barris de petróleo diário, que cobrem apenas cerca de 20% do consumo de derivados de petróleo no país. O remanescente é importado, o que implica um dispêndio avultado de divisas, “que poderiam ser utilizadas em investimentos públicos e outras despesas”, vincou. Para verter o quadro atual e a despesa crescente, o executivo definiu uma estratégia de refinação, que comporta os seguintes eixos: construção da refinaria de Cabinda, construção da refinaria do Lobito, construção da refinaria do Soyo e a modernização e otimização da refinaria de Luanda”, referiu. O projeto da refinaria de Cabinda, que prevê gerar cerca de 2.000 postos de trabalho, dos quais 400 diretos, visa a construção e a operacionalização de uma refinaria com capacidade de produção de 65 mil barris de petróleo por dia, na comuna de Malembo, província de Cabinda.

 - O Procurador-Geral da República de Angola (PGR) negou nesta quinta-feira, 18, no Lubango, a na província da Huíla, a possibilidade de abertura de um inquérito aos acontecimentos de 30 de Janeiro Cafunfo, na província angolana Lunda-Norte, que deixaram um número indeterminado de mortes. Hélder Pitta Grós, que falava no final da primeira reunião de dois dias de balanço da região judiciária sul, considerou que não compete à PGR abrir inquérito ao caso, mas sim avançar com um processo-crime que já está em curso por terem ocorrido mortes. “Há mortes, tem que haver um processo que a PGR é obrigada a instaurar para se apurar as causas da morte e tudo aquilo que o rodeia. Quanto ao inquérito não compete à PGR fazê-lo e nós estamos somente a trabalhar no processo que já está a ser instaurado e que já estão diligências a ser efectuadas”, afirmou Pitta Grós. Para o jurista Bernardo Peso, em processos penais ao invés de inquéritos, ocorrem investigações, por isso, refere ser normal que, no caso em análise, a PGR avance para uma investigação. “No processo-crime existem três verdades: existe o juízo de suspeita depois o juízo probatório e depois a verdade material. Tudo isso pressupõe investigação e não inquérito", reitera. Entretanto, Hélder Pitta Grós não fez qualquer pronunciamento sobre a situação do líder do Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, José Zecamutchima, que foi detido no dia 9 em Luanda pelo Serviço de Investigaçao Criminal (SIC), mas cujo paradeiro é desconhecido. Nem o advogado de defesa, Salvador Freire, nem a família de Zecamutchima conseguiram falar com o activista.

 - Os membros da União dos Cabindenses para a Independência (UCI) Maurício Gimbi, presidente, André Bônzela e João Mampuela foram libertados na sexta-feira, 19, depois de terem passado quase oito meses em prisão preventiva. Os activistas foram detidos entre 28 e 30 de junho de 2020, acusados dos crimes de rebelião, ultraje ao Estado e associação criminosa. Na sexta-feira, um juiz decidiu colocá-los em liberdade, sob o Termo de Identidade e Residência, por excesso de prisão preventiva. A pronúncia descreve que no dia 28 de junho Maurício Gimbe e André Bônzela foram encontrados a colar panfletos A4, com os dizeres: “Abaixa as Armas", "Abaixo a Guerra em Cabinda", "Cabinda não é Angola", "Queremos Diálogo", "Viva Liberdade", "Viva o Povo de Cabinda”. Na altura da prisão de ambos, o advogado de defesa Bula Tempo afirmou à VOA que foram detidos, na rua, alegadamente, por terem colado panfletos com dizeres que apelavam para o fim da guerra em Cabinda, a necessidade do diálogo e a separação do enclave do território angolano. “Eles não foram presos em flagrante delito, o que é ilegal”, reiterou o advogado, lembrando que a prisão está assente “em fatos que atentam contra a liberdade de opinião”. Na sua página no Facebook, no sábado, Maurício Gimbi, líder da UCI, escreveu que "por causa da justa causa do povo de Cabinda, eu seria dado como desaparecido no dia 28 de junho de 2020 se o rapto arquitectado por alguns malfeitores contra a minha integridade física desse certo". "O plano era raptar-me, maltratar-me, tirar a minha vida e fazer desaparecer o meu cadáver sem deixar nenhum rasto para que o povo de Cabinda não se apercebesse e não se revoltasse", acrescenta, dizendo que "as mesmas pessoas que me fariam desaparecer seriam os mesmos responsáveis pela mesma manipulação". O activista ainda agradeceu a todos "aqueles que directa e indirectamente influenciaram o nosso sustento alimentar e assistência médica enquanto presos, e sobretudo aos que contribuíram para a nossa soltura imediata através do activismo social, dos direitos humanos e políticos". Desconhece-se, por agora, a data de julgamento.

 -  A UNITA propôs hoje a "criação de uma frente patriótica para alternância do poder” visando "salvar" Angola de uma "ditadura democrática", frente ao que considera umm retrocesso nas consquistas do país. A iniciativa foi anunciada em comunicado do Comité Permanente da Comissão Política do principal partido da oposição e marca o 19.º aniversário da morte do seu fundador, Jonas Malheiro Savimbi. O partido liderado por Adalberto Costa Júnior afirma ser “imperiosa a criação de uma frente patriótica para alternância do poder, com o fito de se salvar o país, amordaçado pela ditadura democrática”, no momento em que vê “com imensa preocupação o retroceder das conquistas alcançadas". Este desiderato, segundo a UNITA, destina-se a conseguir os objectivos preconizados por Savimbi: “paz, liberdade, democracia e desenvolvimento”, Hoje é assinalado como sendo o “dia do patriota”, Savimbi, cuja biografia é destacada na nota, que não dá detalhes da “frente única” para derrotar o MPLA. Na quinta-feira, 17, como a VOA noticiou então, os líderes da UNITA, Adalberto Costa Junior, do Bloco Democrático (BD), Justino Pinto de Andrade, e o coordenador do PRA-JA - Servir Angola, Abel Chivukuvuku, decidiram unir as forças para, segundo as suas palavras, tirar o MPLA do poder nas eleições de 2022 em Angola.Numa declaração conjunta apresentada numa conferência de imprensa em Luanda, eles exigiram que o Presidente João Lourenço se pronuncie e tome uma decisão sobre o que está ocorrer em Angola, com particular incidência em quatro questões: o “massacre” de Cafunfo, o estado actual da democracia que para eles está a regredir, a situação da justiça e as eleições de 2022.

 - O Governo angolano está a estudar as melhores formas para viabilizar, num curto prazo, em Icolo e Bengo, a construção de uma cidade aeroportuária, que pretende implantar na zona adjacente ao futuro Aeroporto Internacional de Luanda. De acordo com o ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d’Abreu, este projecto está enquadrado na estratégia em curso de tornar Luanda e o futuro aeroporto num Hub (Plataforma logística de referência) na mobilidade de passageiros e cargas de voos regionais e intercontinentais. Neste momento, adiantou, o Plano Director está em fase de execução, para a posterior passar-se à fase de identificação dos parceiros e das formas de implementação. O ministro Ricardo d’Abreu disse aos participantes ao “Fórum da Indústria Aeronáutica O sector aeronáutico no contexto mundial e local”, realizado ontem, por via online, que esta medida é parte do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, para o subsector dos Transportes aos mais diversos segmentos de actividade. Sem apontar custos e parceiros (privados) para darem corpo ao objectivo, o governante fez questão de assumir ser missão do sector que dirige garantir ao país o máximo de vantagens competitivas face à localização geográfica, infra-estruturas e toda a cadeia de serviços existentes disponíveis. Nesse sentido, um dos indicadores dados pelo ministro, a ilustrar todo o empenho em curso, é o de estar em fase avançada o Plano de Gestão e Controlo do Espaço Aéreo (PGCA), para o qual foi aprovado um orçamento de 36 milhões de dólares. “Incentivamos esta reunião, para reflectirmos sobre as questões actuais, que permitirão inferir sobre o futuro aeronáutico do nosso país, trazendo à mesma mesa, mesmo que de forma virtual, vários especialistas que vão olhar para os aspectos do crescimento social e do desenvolvimento económico e, os esforços de aumento da resiliência das rotas actuais para melhor sustentar, no futuro, toda a aviação no nosso continente africano”, afirmou.

RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola.

 Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são apresentados e produzidos em Washington D.C.

Perguntas e sugestões podem ser enviadas para Prof.kiluangenyc@yahoo.com.

PARA OUVIR: https://www.blogtalkradio.com/profkiluangenyc/2021/02/26/angola-palavras-da-embaixadora-americana-vs-aproveitamento-poltico-1?fbclid=IwAR2KOepg8y13z6_JCaEsCuOAFmqI5TEcdSqKhooLCsmq1xcCzV3rlWGiTSs


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

OUÇA JÁ A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 204ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 18-2-2021

 Rádio Angola Unida (RAU): 204º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 18-2-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

- O presidente de Angola, João Lourenço, está a ser investigado há cerca de um ano por procuradores norte-americanos. A informação é avançada pelo semanário Expresso, que cita um relatório da Pangea Risk, uma consultora especializada em análise de informação para gestão de risco sobre negócios em África e no Médio Oriente. A investigação em curso "pode diminuir a capacidade de Angola manter acesso a financiamento multilateral e reestruturar com sucesso o pesado farto de dívida" diz o relatório da Pangea Risk citado pelo Expresso. O mesmo documento adianta que os procuradores norte-americanos" têm estado a compilar durante quase um ano provas de violação das leis e regulamentos dos EUA pelo presidente João Lourenço, a sua família e parceiros de negócio". Segundo o mesmo documento, além de João Lourenço estão na mira das autoridades norte-americanas a primeira-dama angolana, Ana Afonso Dias Lourenço (acionista da agência de comunicação Orion), o advogado Carlos Feijó, o ministro da Energia, João Baptista Borges, o antigo vice-presidente Manuel Vicente, e os empresários Carlos Cunha e Valdomiro Minoru Dondo. O relatório da Pangea Rik referido pelo Expresso explica que "a família [de João Lourenço] está a ser investigada por numerosas violações do FCPA, transações bancárias ilegais, fraudes bancárias para a compra de imóveis nos Estados Unidos, e uma conspiração para defraudar o Departamento de Justiça dos EUA pela família Lourenço". A informação obtida pela consultora e avançada pelo Expresso "foi corroborada por várias fontes internacionais nos media, já que novos indícios de alegadas irregularidades caíram no domínio público", indica a própria empresa. A consultora avança que parte das suspeitas está relacionada com subornos que terão sido pagos pela construtora brasileira Odebrecht a empresas controladas por João Lourenço, a sua mulher e parceiros de negócio próximos. O relatório enumera também empresas públicas e privadas de algum modo ligadas ao círculo mais próximo de João Lourenço, incluindo neste núcleo as construtoras Angoprojectos, Sotal, Engetech, Locomague e Omatapalo, a estatal Simportex, os bancos Sol e BAI, a imobiliária Imogestin, a Companhia de Cervejas de Angola e a agência de comunicação Orion. A Pangea Risk conta ainda o caso da Squire Patton Boggs, a empresa de lóbi norte-americana contratada pelo Governo angolano em 2019, informação que foi detalhada pelo Negócios na edição do Radar África de 20 de janeiro de 2020. A Squire recebeu 10,4 milhões de dólares, sendo que destes, 625 mil dólares canalizados para um consultor extremo, a ERME Capital. "A ERME Capital foi criada no início de 2019 e desde então recebeu mais de 4 milhões de dólares de fundos provenientes do governo de Angola. Isabel dos Santos alegou que a empresa foi usada para financiar a campanha mediática contra si e os negócios da sua família. A ERME Capital é administrada por Pedro Pinto Ferreira e Maria Mergner, que são amigos do ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente", diz o relatório da Pangea. Refira-se que a Pangea Risk tem entre os seus clientes o Afreximbank, o Banco Africano de Desenvolvimento, a petrolífera Chevron, as francesas Axa e BNP Paribas, o Banco Europeu de Investimento, entre outras importantes instituições da alta finança.

 -  Empresas próximas da empresária receberam 20 milhões de dólares da Sonangol dias antes da demissão dela. Cerca de 20 milhões de dólares pagos pela petrolífera angolana Sonangol por consultoria foram parar a empresas ligadas à empresária Isabel dos Santos, enquanto era presidente do Conselho de Administração da maior empresa do país. O contrato que obrigou a Sonangol a pagar os serviços de consultoria, passados e futuros, foi assinado dias antes da filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos ser afastada da empresa. O dinheiro saiu de um montante de 131 milhões de dólares que a companhia offshore Ironsea/Matter, sediada no Dubai e usada como intermediária nos pagamentos de serviços de consultoria à Sonangol, recebeu da empresa. Além dos 20 milhões que depois foram parar a empresas ligadas a Santos, 68 milhões de dólares destinaram-se a outras consultoras internacionais: BCG (31,2 milhões), PwC (21,4) e McKinsey (15,4). Ainda foram pagos 5,3 milhões de dólares ao escritório de advogados Vieira de Almeida. Estas revelações foram feitas pelo jornal português Expresso na sua edição desta sexta-feira, 12 Fevereiro, e a estação televisiva de Portugal SIC apresentará uma reportagem alargada na sua emissão da noite. No bolo de 20 milhões de dólares que foram distribuídos pela Matter por várias pequenas consultoras e empresas em Portugal, destacam-se aquelas que têm relações directas com Isabel dos Santos: houve 1,9 milhão de dólares transferidos para a Fidequity e para a Santoro, sendo que ambas pertencem à empresária e ambas, mais uma vez, eram dirigidas por Mário Leite da Silva. Outros 3,4 milhões de dólares foram transferidos para a sucursal portuguesa da YouCall, uma empresa angolana de recursos humanos em que Isabel dos Santos detinha uma quota de 70% e Paula Oliveira os restantes 30%. Esse valor faz parte de um total de 6,2 milhões de dólares pagos pela Matter a três companhias ligadas à accionista portuguesa da companhia offshore do Dubai. As outras duas, a SDO Consultores e a PCFCNO, são controladas apenas por Paula Oliveira e receberam 1,1 milhão e 1,7 milhão de dólares, respectivamente. A PCFCNO, que teve direito à maior fatia, representa o nome completo da empresária, Paula Cristina Fidalgo Carvalho das Neves Oliveira, e é uma empresa com apenas um funcionário e que foi incorporada na ilha da Madeira em Agosto de 2017, três meses antes de receber o dinheiro do Dubai. A investigação revela ainda que também foram pagos através do Dubai 11,5 milhões à Odkas, uma outra consultora sediada na Madeira e que é detida em 49% pela mulher de Mário Leite da Silva, tendo prestado serviços relacionados com o software de gestão (SAP) da Sonangol. Neste emaranhado financeiro, boa parte do dinheiro da Sonangol saiu de uma conta da petrolífera no Eurobic em Lisboa, passou pela conta da Matter no Dubai e voltou depois para a capital portuguesa, tendo sido distribuída por uma série de contas em diversos bancos. Na altura, Isabel dos Santos disse ter preferido recorrer a uma empresa intermediária no Dubai, porque dessa forma poupou dinheiro à Sonangol. O Expresso e a SIC revelam que o contrato entre a Matter e a Sonangol “foi forjado em Londres, na subsidiária britânica da petrolífera angolana, a 10 de Novembro de 2017, cinco dias antes de Isabel dos Santos ter sido despedida da Sonangol pelo então recém-nomeado Presidente angolano João Lourenço”. O contrato obrigava a Sonangol a pagar à Matter todos os serviços de consultoria passados e futuros fornecidos à petrolífera, sem limites de valor. Este contrato, bem como as transferências bancárias e outros factos, incluindo quase 58 milhões de dólares transferidos para o Dubai a 16 de Novembro de 2017, no dia a seguir ao afastamento da filha de José Eduardo dos Santos, levaram o Ministério Público angolano a constituir como arguidos Isabel dos Santos, o marido Sindika Dokolo, falecido em Outubro passado, o gestor Mário Leite da Silva, amiga Paula Oliveira e um antigo funcionário da PwC, Sarju Raikundalia, que se tornou administrador financeiro da Sonangol e que foi quem protagonizou o contrato em Londres.

- Um encontro marcado para este sábado no Bengo deveria reunir à mesma mesa jovens e autoridades para falar do "Direito à Manifestação", mas a polícia não compareceu. Os ativistas decidiram sair às ruas nos próximos meses. Os problemas são conhecidos: o elevado custo de vida, a não realização das eleições autárquicas e a permanência do MPLA no poder. O que tarda a chegar são as soluções, razão pela qual uma série de manifestações deverá acontecer nos próximos meses na província angolana do Bengo. A informação foi avançada, este sábado (13.02) à DW África, pelo coordenador provincial do Movimento Revolucionário, Jaime MC, que entende que o lugar dos ativistas é na rua. "Sairemos às ruas, é lá onde devemos ficar, não devíamos ter saído. Nós somos homens das ruas”, afirmou. Várias províncias de Angola têm sido palco de manifestações nos últimos meses, mas não o Bengo. Um facto que fica a dever-se, explica o ativista, à indisponibilidade, por diferentes motivos, dos vários organizadores. "Parámos de sair às ruas porque eu fui atropelado pela polícia durante uma manifestação (realizada no meio do ano passado). Fui jogado para uma cadeia, não tive assistência médica, nem acesso a medicamentos. Depois fui condenado a um mês de prisão com os meus companheiros Cheque Hata, Piriquito e Mbozo Lima", explica Jaime MC, acrescentando que o movimento está de volta para mostrar "que aquilo que não nos mata, torna-nos mais fortes". Também o jovem e ativista MC Life diz estar preparado para participar nas próximas reivindicações. "O ativismo é algo que nos identifica, é algo que começamos a fazer muito cedo e por isso estamos preparados para participar em qualquer ação com ele relacionada".

 -  Jurista classifica de grave violação da lei impedir que o advogado e familiares tenham contacto com o preso O jurista angolano Agostinho Canando classifica de grave e uma violação da lei a decisão das autoridades angolanas proibirem familiares e o advogado de terem acesso ao dirigente do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, detido há oito dias. É preocupante para alguns o facto do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e a Procuradoria Geral da República (PGR) dizerem desconhecer o seu paradeiro. “O contacto directo entre eles não deve ser inviabilizado e já constitui uma violação”, disse Canando para quem não saber o paradeiro de Zecamutchima “dá claramente um sinal de que todos os direitos tem sido violados”. O advogado Salvador Freire disse por seu turno que nunca mais teve contacto com o seu cliente desde que este foi preso desconhecendo precisamente onde se encontra. A única informação que lhe é prestada é dada pelo piquete do local onde foi detido quando lá se apresentou, que diz apenas que ele continua detido no local. “Não posso dar uma informação exacta porque nós não temos contacto físico com Zecamutchima, apenas o piquete vem-nos dizer que está aqui, mas não sabemos ao certo se está aí ou não”, disse. Salvador Freire disse que na altura da detençao foi informado que Zecamutchima poderia ser levado para a Lunda Norte para ser interrogado e que se isso acontecer tenciona deslocar-se a essa província para defender o seu cliente. A Voz da América já contactou o Procurador Álvaro João, porta-voz da PGR, que disse não ter qualquer informação sobre o paradeiro de José Mateus Zecamutchima. Manuel Aleluia porta-voz do SIC-Geral disse também não ter informações.

 - O Sindicato dos Professores, SINPROF, protestou contra uma ordem do governo de Luanda obrigando os professores a participarem numa campanha de limpeza da cidade que decorreu segunda-feira. O lixo tem vindo a aumentar por toda a cidade depois de no mês passado o governo da província de Luanda, ter rescindido o contracto com cerca de seis empresas de saneamento básico. Desde então, muitas destas empresas retiraram os seus contentores nas ruas da capital e os citadinos vem deitando o lixo em qualquer lugar. O Governo local convocou a população para participar da limpeza nesta segunda-feira e os professores foram coagidos a aparecer. Segundo o SINPROF a ordem prometia punir quem não participou. Admar Jinduma, secretário-geral do SINPROF, condenou a ordem do governo afirmando que os professores não são responsáveis pela incompetência do governo. “Não estamos no tempo do Sábado Vermelho, onde as pessoas eram convocadas para esse tipo de campanha”, disse. “Se o governo é incompetente essa responsabilidade não pode ser atribuída aos professores”, acrescentou. Jinduma entende que o governo deve melhorar os seus mecanismos de governação para a recolha de lixo em Luanda. “Há modelos e exemplos pelo mundo, entendemos que o governo de Luanda deve aprimorar seus mecanismos para o efeito”, disse. Joana Lina Ramos Baptista Cândido, Governadora Provincial de Luanda, que participou da limpeza de cidade disse que a limpeza vai continuar.

 -  O elevado índice de pobreza das famílias na província de Malanje afecta centenas de crianças que todos os anos têm que ser assistidas no Hospital Provincial Materno Infantil sofrendo de má-nutrição. Os municípios com muitas ocorrências de má-nutrição são os de Malanje, Calandula, Cangandala, Kiwaba-Nzoji e Mucari. A chefe de seção de nutrição do Hospital Provincial Materno Infantil local,Claudete Umbumba, fez notar a pobreza dessas crianças afirmando que “são crianças carentes ... vêem às vezes sem nada, nem roupa, nem alimentação, nem valores [dinheiro] para poder fazer tudo que nós pedimos”. Umumba disse que muitas vezes as famílias não têm os meios paracomprar medicamentos necessários “mas nós temos que fazer esforçode ajudar, pedimos à farmácia que nos abastece e assim medicamos essas crianças”. Segundo as estatísticas do hospital quatro a cinco crianças menores de oito anos de idade desnutridas são assistidas todos os dias na sala de nutrição do hospital. O supervisor do programa provincial de nutrição do departamento de saúde pública e controlo de endemias do Gabinete Provincial da Saúde, Pedro Botelho da Gama, confirmou a morte de quatro crianças malnutridas em 2020, menos quatro comparativamente ao igual período do ano anterior. 

- A inflação em Angola subiu 24,4% em janeiro face ao período homólogo do ano passado, registando um aumento de 1,5% face à subida dos preços registada em dezembro, divulgou o Instituto Nacional de Estatística angolano. “A variação homóloga situa-se em 24,41%, registando um acréscimo de 6,46 pontos percentuais com relação à observada em igual período do ano anterior”, lê-se na nota hoje divulgada em Luanda. “Comparando a variação homóloga atual com a registada no mês anterior (dezembro de 2020) verifica-se uma diminuição de 0,68 pontos percentuais”, acrescenta-se ainda no texto. Durante o mês de janeiro, “as províncias que registaram maior aumento nos preços foram Luanda com 1,94%, Cuanza Norte com 1,93%, Lunda Sul com 1,78% e Bié com 1,69%”, ao passo que as províncias com menor aumento de preços foram Cuando Cubango e Moxico com 1,46% cada, Cunene com 1,45%, Cuanza Sul com 1,41% e Cabinda com 1,26%. Olhando para a decomposição das classes que influenciaram o aumento dos preços, o INE afirma que a “classe ‘Alimentação e Bebidas não Alcoólicas’ foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços com 1,11 pontos percentuais durante o mês de Janeiro, seguida dos ‘Bens e Serviços Diversos’, com 0,08 pontos percentuais, ‘Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção’, com 0,06 pontos percentuais e ‘Habitação, Água, Eletricidade e Combustíveis’, com 0,05 pontos”. 

RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola. 

Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são apresentados e produzidos em Washington D.C.

Perguntas e sugestões podem ser enviadas para Prof.kiluangenyc@yahoo.com.

PARA OUVIR: https://www.blogtalkradio.com/profkiluangenyc/2021/02/19/angolaisabel-dos-santos-e-os-contos-de-consultoriaquando-as-comadres-se-zangam?fbclid=IwAR0WpcYebrU8c0tna6M7TXVqCERkXTro-Mj6pgsVQ7rn_kA7Kkn5bz1XIT8

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

PODE JÁ OUVIR A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 203ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 11-2-2021

 Rádio Angola Unida (RAU): 203º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 11-2-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

- José Zecamutchima, presidente do Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe, é acusado dos crimes de rebelião e associação de malfeitores após os confrontos que resultaram em 15 mortos. O presidente do Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, foi detido esta terça-feira, disse à Lusa o seu advogado, Salvador Freire. Segundo Salvador Freire, Zecamutchima foi chamado para prestar declarações, tendo ao advogado exigido que fosse notificado para tal. “Foi difícil passarem a notificação da detenção, só nessa altura nos foi dado a conhecer que havia um mandado de detenção passado pelo Procurador da Lunda Norte”, disse à Lusa. Salvador Freire adiantou que Zecamutchima é acusado dos crimes de rebelião e associação de malfeitores. Declarando-se “surpreendido”, o advogado afirmou que está a “fazer tudo para deixar cair os crimes” que constam no mandado. Em 30 de janeiro, segundo a polícia angolana, cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende a autonomia daquela região, tentaram invadir uma esquadra policial, obrigando as forças de ordem a defender-se, provocando seis mortes, A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local, que falam pelo menos 25 mortos e alegam que se tratou de uma tentativa de manifestação, previamente comunicada às autoridades, e que os manifestantes estavam desarmados. O Movimento Protetorado da Lunda Tchokwe luta pela autonomia da região das Lundas, no Leste-Norte de Angola.

 - O Observatório para a Coesão Social e Justiça (OCSJ) apresentou uma queixa-crime contra o ministro do Interior e o comandante da Polícia Nacional de Angola por considerar as suas declarações uma "apologia ao crime", após os acontecimentos de Cafunfo. A participação, que deu entrada na Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP), no dia 08 de fevereiro, faz referência ao "acontecimento trágico" de 30 de janeiro, em que se registou a morte de um  número indeterminado de pessoas num alegado ato de rebelião na vila de Cafunfo (Lunda Norte). "O que inquieta são as repercussões negativas que se sucederam, com violação dos direitos fundamentais e humanos, assim como torturas e prisões arbitrárias e formalmente ilegais, ao ponto de existirem execuções sumárias", aponta o documento, a que a Lusa teve acesso. Segundo a versão da polícia, seis pessoas morreram nesse dia quando um grupo de cidadãos ligadas ao Movimento do Protetorado Lunda Tchokwe (MPLT) protagonizaram um ato de rebelião e tentaram invadir uma esquadra, informações contrariadas por testemunhos locais, pelo MPLT e pela oposição angolana que estimam mais de 20 mortes numa tentativa de manifestação pacífica. O OCSJ critica os alvos da participação (o ministro, Eugénio Laborinho, e o comandante, Paulo Almeida) por terem provocado "uma verdadeira crispação" e fomentarem um clima de perseguição, instabilidade emocional e desconfiança, em vez de apelarem à calma. Nos dias que se seguiram ao incidente, o comandante Paulo Almeida afirmou que "aqueles que tentarem invadir as esquadras (...) vão ter uma resposta pronta, eficiente e desproporcional" da polícia. Quanto a Eugénio Laborinho, avisou que o Governo não iria dialogar com "esta gente" que "está no caminho errado" e cujos interesses são "o garimpo, onde os estrangeiros dominam e comandam os angolanos que ali vivem". Para a organização defensora dos direitos humanos, verifica-se "um apelo à intolerância, violência, ódio e xenofobia, alimentando este ato de preâmbulo de futuros distúrbios, perseguições, agressões e assaltos a estrangeiros. O OCSJ considera que este posicionamento de altas figuras políticas do governo angolano "é inaceitável" e alimenta um clima de violência e caça ao homem, além de violar vários artigos da Constituição da República angolana. "Estes atos são considerados pela doutrina e a lei como apologia ao crime, constitui também provocação ao crime, na medida em que alimentam pressupostos que poderão justificar novas repressões, violações de direitos e eventuais execuções sumárias", lê-se no documento. 

- O Banco Africano de Exportações e Importações (AfreximBank) tem cerca de 1,3 mil milhões de dólares (mil milhões de euros) para investir em projetos em Angola, divulgou o Governo angolano no seu 'site' oficial. O presidente do AfreximBank, Benedict Oramah, foi hoje recebido em audiência pelo Presidente da República, João Lourenço, no Palácio Presidencial, em Luanda. Segundo o Governo, estão disponíveis um financiamento de mil milhões de dólares para implementar diferentes projetos ligados ao setor da energia e águas, bem como carteiras de crédito para apoiar os bancos nacionais, valores que poderão ser disponibilizados no decurso deste ano. O representante do banco africano abordou, com o Presidente angolano, "questões específicas e prioritárias para o país, entre elas o projeto de fornecimento de água à cidade de Luanda, orçado em cerca de 900 milhões de dólares [742 milhões de euros], e o projeto do Corredor Ferroviário do Lobito, orçado em cerca de três mil milhões de dólares [2,4 mil milhões de euros]", segundo a informação do Governo angolano. No encontro, foram também tratadas questões relacionadas com uma futura ligação ferroviária que poderá existir entre Luanda e Cuito, bem como os caminhos-de-ferro de Luanda e Benguela, e os projetos de construção e concessão da refinaria e do porto do Lobito. "Outro assunto tratado entre as partes foi a vacina contra a covid-19, uma vez que o Afreximbank foi mandatado pela União Africana para comprar 270 milhões de doses", das quais Angola receberá uma parte, indicou ainda a informação veiculada pelo governo. A delegação que acompanha o presidente do Afreximbank é composta por vários empresários, "alguns com uma forte ligação de trabalho em Angola, como é o caso de Ahmed El Sewedy", presidente de um grupo egípcio (Elsewedy) com vários interesses no país. 

-  O elevado índice de pobreza das famílias na província de Malanje afecta centenas de crianças que todos os anos têm que ser assistidas no Hospital Provincial Materno Infantil sofrendo de má-nutrição. Os municípios com muitas ocorrências de má-nutrição são os de Malanje, Calandula, Cangandala, Kiwaba-Nzoji e Mucari. A chefe de seção de nutrição do Hospital Provincial Materno Infantil local,Claudete Umbumba, fez notar a pobreza dessas crianças afirmando que “são crianças carentes ... vêem às vezes sem nada, nem roupa, nem alimentação, nem valores [dinheiro] para poder fazer tudo que nós pedimos”. Umumba disse que muitas vezes as famílias não têm os meios paracomprar medicamentos necessários “mas nós temos que fazer esforçode ajudar, pedimos à farmácia que nos abastece e assim medicamos essas crianças”. Segundo as estatísticas do hospital quatro a cinco crianças menores de oito anos de idade desnutridas são assistidas todos os dias na sala de nutrição do hospital. O supervisor do programa provincial de nutrição do departamento de saúde pública e controlo de endemias do Gabinete Provincial da Saúde, Pedro Botelho da Gama, confirmou a morte de quatro crianças malnutridas em 2020, menos quatro comparativamente ao igual período do ano anterior. 

- O advogado da Sonangol alega que a posição indireta da Exem na Galp Energia foi adquirida através de fraude e lavagem de dinheiro, pelo que a petrolífera angolana pede que a participação na companhia portuguesa lhe seja devolvida. As autoridades angolanas solicitaram ao tribunal holandês, onde Isabel dos Santos está a ser investigada, que proceda ao confisco da posição indireta da empresária angolana no capital da Galp Energia, de modo a que esta seja devolvida à Sonangol. A notícia está a ser avançada esta segunda-feira pela Reuters, que cita os advogados da Sonangol, empresa estatal angolana que é acionista da Galp através de uma holding onde também participa a filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos. Desde setembro que se sabe que a Exem Energy, empresa de Sindika Dokolo (marido de Isabel dos Santos entretanto falecido), está a ser investigada pelas autoridades judiciais na Holanda. É através da Exem que Isabel dos Santos é acionista indireta da Galp, pois controla 40% da Esperanza (os outros 60% são da Sonangol), que detém 45% da Amorim Energia, que por sua vez controla 33,34% da Galp Energia. Segundo a Reuters, o pedido de confisco da Sonangol vai ser apreciado no tribunal de Amesterdão na última semana de maio. Emmanuel Gaillard, advogado da firma Shearman & Sterling, que representa a Sonangol, disse à agência de notícias que a posição de Isabel dos Santos na Galp, atualmente avaliada em cerca de 500 milhões de dólares, foi adquirida através de fraude e lavagem de dinheiro. "É tudo corrupção", disse o advogado, salientando que a Exem "deve-nos as ações, a participação indireta na Galp, porque a roubaram. É ilegal, por isso têm que nos devolver", afirmou Emmanuel Gaillard à Reuters. Quando em setembro foi notícia a investigação à Exem na Holanda, esta empresa revelou que o inquérito pretendia averiguar se existem relações familiares que possam ter influenciado a celebração de contratos, parcerias ou relações comerciais entre esta ou outras relacionadas com Sindika Dokolo e a Sonangol, na altura em que Manuel Vicente era presidente do conselho de administração da petrolífera angolana. A Exem afirma que acordou o investimento e a participação na Galp com Américo Amorim em 2005 tendo pagado as suas ações na Esperaza, no valor aproximado de 75 milhões de euros, em duas parcelas: 11,5 milhões de euros pagos na assinatura do contrato e 64 milhões de euros mais juros pagos em outubro de 2017, em kwanzas, ao câmbio do dia, "nada devendo à Sonangol pela entrada no capital da Esperaza e desta na Galp". As autoridades judiciais angolanas contrariam esta versão e sustentam que a Esperaza foi financiada em 100% pela Sonangol, num total de mais de 193 milhões de euros, tendo emprestado à Exem Energy 75.075.880 euros, valores não devolvidos até à data. A disputa entre Angola e Isabel dos Santos sobre o pagamento da posição na Galp já tem mais de um ano. Com o caso agora em tribunal, poderá vir a ter impacto na carteira de participações de Isabel dos Santos, muitas delas já alvo de arrestos por parte das autoridades angolana.  

RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola. 

Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são apresentados e produzidos em Washington D.C.

Perguntas e sugestões podem ser enviadas para Prof.kiluangenyc@yahoo.com.

PARA OUVIR: https://www.blogtalkradio.com/profkiluangenyc/2021/02/12/angola-a-sonangol-serviu-de-caixa-de-multibanco-para-a-isabel-de-santos?fbclid=IwAR0atN3yAdfVm66D7uaxkcY_4qYjqabKurnpJE8hwd79dPBprDR5mCkbKOY

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Analise do Massacre de Manifestantes em Cafunfo - dia 8/2/2021

  


Analise do Massacre de Manifestantes em Cafunfo

Participantes:
- Luiz Araújo, Fundador e ex-Director da Associação Angolana SOS Habitat
- Florindo Chivucute,  Director Executivo da Friends of Angola
- Carlos Lopes, Analista Político

Moderador:
- Serafim de Oliveira

Horário: 16 horas de Angola/ 15: horas de Portugal

sera transmitido ao vivo na pagina do facebook da Friends of Angola as 16:00 hora de Angola e 15:00 de Portugal:
https://www.facebook.com/friendsofangola

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

OUÇA JÁ A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 202ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 4-2-2021

 

Rádio Angola Unida (RAU): 202º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 4-2-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

- Uma manifestação organizada no passado sábado por parte de um movimento independentista numa vila no nordeste de Angola tornou-se tema internacional quando a polícia reprimiu os protestantes pela força das armas. Com um número de vítimas mortais incerto, o caso tem sido caracterizado por acusações de parte a parte. Este é guia para explicar o que aconteceu em Cafunfo. O caso teve lugar no passado sábado, 30 de janeiro, quando uma manifestação convocada pelo Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT) foi reprimida pela polícia angolana na vila mineira de Cafunfo, na província angolana de Lunda-Norte, no nordeste do país. A polícia acusa 300 elementos do MPPLT de terem tentado invadir uma esquadra policial de Cafunfo para a ocupar e colocar uma bandeira num "ato de rebelião". As autoridades dizem que os manifestantes estavam armados com armas de fogo do tipo AKM, caçadeiras, ferros, paus e outras armas brancas, bem como pequenos engenhos explosivos artesanais. O Presidente do MPPLT, José Mateus Zecamutchima, alega que as forças de segurança angolanas dispararam indiscriminadamente contra manifestantes desarmados quando estes se encontravam na rua e que não houve tentativa de invasão. Para além disso, o dirigente diz que o seu movimento tinha enviado antecipadamente uma carta ao governo provincial pedindo autorização para a manifestação, mas que os seus membros já vinham sendo alvo de perseguições e detenções desde dia 16 de janeiro. Alguns ativistas cívicos da região, não ligados ao MPPLT, também contestaram a versão da polícia em declarações à Agência Lusa. A manifestação foi marcada para assinalar o 127.º aniversário do reconhecimento internacional do tratado de protetorado português da Lunda. O Movimento Protetorado da Lunda Tchokwe luta pela autonomia da região das Lundas, no Leste-Norte de Angola, baseando-se num Acordo de Protetorado celebrado entre nativos Lunda-Tchokwe e Portugal nos anos 1885 e 1894, que daria ao território um estatuto internacionalmente reconhecido. Esse acordo que lhe dava uma condição independente, todavia, terá sido ignorado quando Portugal negociou a independência de Angola entre 1974/1975 apenas com os movimentos de libertação segundo o MPPLT. O Estado angolano, porém, não reconhece as pretensões do MPPLT, defendendo a unidade territorial do país e contrariando as pulsões independentistas da região: situação similar ocorre em Cabinda, enclave a norte, rodeado pela República Democrática do Congo, cujos líderes locais há muitos anos defendem a independência, alegando uma história colonial autónoma de Luanda. Para além da questão histórica e territorial, há também motivações de ordem económica para Angola querer manter estas duas regiões: as Lundas são ricas em diamantes, Cabinda é onde se encontram a maior parte das reservas petrolíferas do país. Num primeiro balanço, a polícia angolana falou em quatro vítimas mortais e outras cinco pessoas feridas durante a tentativa de dispersão, tendo também dois oficiais ficado feridos. Mais tarde, as autoridades atualizaram o número oficial de mortos para sete, adiantando que foram detidas 16 pessoas, entre as quais três cidadãos da República Democrática do Congo. Segundo a agência de notícias angolana ANGOP, os "processos-crime estão em preparação e serão remetidos ao Ministério Público". O MPPLT, porém, logo no dia 30, acusou as autoridades de terem causado 15 mortos e dez feridos, entre os quais uma criança, ao terem disparado indiscriminadamente contra a multidão. Posteriormente, o movimento adiantou ainda que uma das vítimas mortais foi o filho de um secretário regional da organização, mas ressalvou que este número de mortos não é o definitivo, uma vez que ainda há muitos desaparecidos e foragidos, nomeadamente pessoas que fugiram para as matas. Entre estes dois balanços, há observadores independentes a situar o número de mortos algures no meio. A organização não-governamental Amnistia Internacional (AI) confirmou ontem a morte de pelo menos 10 pessoas, ao passo que a ONG angolana OMUNGA situou esse valor em 12 óbitos.

 - A consultora NKC African Economics considerou hoje que as recentes manifestações e os confrontos mortais em Angola mostram que o descontentamento popular deverá continuar, oferecendo um terreno fértil para a oposição capitalizar a insatisfação dos eleitores. "Não é claro se os eventos em Cafunfo vão levar a mais instabilidade na região ou noutros sítios em Angola, mas o que é claro é que a insatisfação com o Governo de João Lourenço não mostra sinais de desvanecer, o que oferece aos partidos de oposição e aos movimentos independentistas a oportunidade para mobilizarem os apoiantes e aproveitarem o descontentamento geral", disse o analista Louw Nel. Numa nota enviada à Lusa, este analista da NKC African Economics, a filial africana da britânica Oxford Economics, escreve que "o aumento das ações de protesto do Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT) coincidiu com uma subida generalizada das manifestações anti-Governo em Angola no ano passado, que estavam relacionadas com a deterioração das condições socioeconómicas agravadas pela pandemia e pela quebra dos preços do petróleo". As autoridades, lembra, "responderam de forma pesada, com a brutalidade policial a aumentar ainda mais o vigor dos protestos", a que se juntou o adiamento das eleições municipais, um revés para estes movimentos, que "são os que mais têm a ganhar com a participação popular na escolha dos seus representantes municipais e distritais".

 -  O Índice de Democracia 2020 no mundo, da The Economist Intelligence Unit publicado nesta quarta-feira, 3, coloca Angola no grupo dos regimes autoritários na posição 117a. num total de 167 países. O investigador angolano e activista dos direitos humanos, Francisco Tunga Alberto, dá razão às conclusões do estudo, que constatou uma regressão da democracia na África subsaariana. "Angola nunca viveu uma verdadeira democracia desde a sua independência e o que houve foi apenas a troca da liderança política no partido que governa o país há mais de quatro décadas", diz Alberto. O estudo aponta Cabo Verde como sendo o único país lusófono a ser considerado uma democracia, embora imperfeita, enquanto Angola, Moçambique e Guiné-Bissau estão classificados como regimes autoritários. O director executivo do Instituto Angolano de Sistemas Eleitorais e Democracia (IASED), Luís Jimbo, considera tratar-se de um relatório atípico que reporta uma situação também atípica vivida num ano marcado pela pandemia da covid-19. Para Luís Jimbo, as promessas eleitorais não cumpridas pelo Governo de Angola e a implantação de medidas excepcionais para conter a Covid-19, “foram em si uma excepção do Estado Democrático”.

 - Uma carta enviada ao Presidente João Lourenço denuncia que pacientes tiveram "altas administrativas e compulsivas" em hospitais portugueses. O grupo alerta para o risco que um regresso forçado a Angola representa. Na missiva dirigida ao Presidente João Lourenço, a Associação de Apoio aos Doentes Angolanos em Portugal (ADAP) refere que, em outubro do ano passado, uma comissão médica mandatada pelo Ministério da Saúde angolano esteve em Portugal, onde convocou a maior parte dos doentes de junta neste país. A comissão abordou "fundamentalmente", o "tempo de gozo de junta médica, tipo de patologia, andamento do tratamento e periodicidade, bem como da condição de legalidade do doente no Estado português (residência ou nacionalidade)". Segundo a ADAP, que lamenta não ter sido ouvida neste inquérito, após a passagem desta Comissão por Portugal, os doentes foram "surpreendidos de forma arbitrária e aleatoriamente com altas administrativas e compulsivamente, sem o aval ou consentimento do médico assistente local, que acompanha o doente". As liberações de pacientes, segundo a ADAP, está a ser tomada "sem observar a periodicidade do tratamento, a complexidade da patologia, o grau de incapacidade do doente e os riscos e consequências que podem advir desta tomada de decisão que pode culminar com o agravamento do estado de saúde do paciente e eventualmente a morte do indivíduo".

 RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola.

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