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sexta-feira, 26 de março de 2021

OUCA JÁ OUVIR A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 209ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 25-3-2021.‏

 

Rádio Angola Unida (RAU): 209º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 25-3-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

-  O MPLA e a UNITA voltaram aos habituais discursos inflamados e acusações mútuas nesta quarta-feira, 24, o que nos círculos políticos de Luanda é entendido como o regresso ao clima de crispação política, entre os principais partidos angolanos, em período pré-eleitoral. Depois de, em recentes declarações públicas, o deputado NelitoEkuikui ter acusado o Governo provincial de supostamente estar a distribuir armas à população de Luanda para “criar instabilidade social”, a resposta do MPLA não se fez esperar. O seu porta-voz , Albino Carlos, disse que as declarações do dirigente da UNITA são reveladoras da derrota da organização nas próximas eleições e acusou o principal partido da oposição de, alegadamente, estar por trás do que chamou de “manifestações desordeiras”. Carlos afirmou que dentro da UNITA “há uma forte contestação à sua nova liderança, há deserções de vários militantes, vários responsáveis da UNITA descontentes com esta liderança e nós achamos que isto é uma tentativa de ludibriar a opinião pública dos problemas internos”. O porta-voz do MPLA acusou a UNITA de criar a instabilidade “no sentido até de preparar os seus militantes para uma mais evidente derrota nas próximas eleições”. Antes, na sua denúncia, o deputado Nelito Ekuikui e representante da UNITA em Luanda apontou elementos da chamada “turma do apito”, formada por jovens mobilizados pelo Governo para, segundo os seus mentores, ajudarem a polícia a combater a criminalidade, de estarem por trás de tais actos. “Estão a distribuir armas aqui em Luanda e não sabemos o que é eles querem”, acusou o dirigente da UNITA. Por outro lado, numa outra declaração, a UNITA acusou o MPLA de continuar “a manifestar a mesma natureza divisionista, antipatriótica, corporativa, corrupta e corruptora”. A nota do partido do "galo negro" acusa o MPLA de ter dado instruções aos órgãos de comunicação social do Estado, “pagos com dinheiros de todos nós”, para atacarem o seu presidente, Adalberto Costa Júnior fazendo dele um “alvo a abater". Para a segunda força política angolana, promover a difamação e o assassínio de carácter dos promotores da mudança são "actos de claro desespero, que não dignificam a democracia", e que "não vão impedir a alternância democrática em 2022".

-  O processo do empresário angolano Carlos São Vicente, detido desde Setembro em Luanda, sob acusação de crimes de peculato, participação económica, tráfico de influência e lavagem de capitais, já se encontra no Tribunal de Comarca de Luanda. Após a apreensão dos bens de São Vicente e passados cerca de seis meses de prisão preventiva na Comarca de Viana e mais tarde na cadeia de São Paulo em Luanda, espera-se agora pelo inicio do julgamento. A confirmação é do procurador Álvaro João, porta-voz da Procuradoria-Geral da República (PGR), que numa curta conversa com a VOA, acrescentou, no entanto, não poder falar mais sobre o processo. “Nós não queremos mais nos pronunciar sobre o assunto quando já o remetemos em tribunal”, reiterou. Carlos São Vicente é acusado dos crimes de peculato, participação económica, tráfico de influência e lavagem de capitais. De recordar que o empresário obteve nesta semana uma importante vitória judicial na Suíça, onde o Tribunal Supremo anulou uma decisão do Tribunal de Genebra que tinha ordenado o congelamento dos seus bens.

 -  O alerta é de uma associação católica, enquanto Administrador diz desconhecer situação. Centenas de famílias afectadas pela seca na província angolana de Benguela utilizam o farelo para aliviar a penúria alimentar, chegando a dividir com animais as sobras do produto que resulta da transformação de cereais, alerta uma organização adstrita à Igreja Católica. Os Irmãos São Francisco de Assis (ISFA) sugerem que se decrete estado de emergência humanitária, ao passo que a CASA-CE acusa o Governo provincial de ter ignorado alertas para a situação vigente, lançados há vários meses. Situado a 156 quilómetros da cidade de Benguela, Chongoroi, um dos dois municípios eleitos há mais de um ano para o arranque do ‘’Kwenda’’, programa de transferências monetárias, nesta parcela do país, vive uma situação dramática, segundo Marcelino Muhepe, membro do ISFA. ‘’Sinto muito, bastante mesmo. Realmente muitas famílias sobrevivem dos farelos, por isso acho que o Estado deve decretar estado de emergência humanitária. Isso eu vi, ninguém me contou’’, desabafa o membro da Igreja Católica.  Com apoio da União Europeia, os Irmãos São Francisco de Assis procuram inserir algumas famílias num projecto produtivo.

 - A Câmara de Comércio de Taizhou em Angola contratou um escritório chinês de advogados para "melhor proteger os direitos e interesses dos seus membros" devido às "mudanças na política e economia locais". Segundo o Departamento de Justiça da Província de Jiangsu, adjacente a Xangai, a Jiangsu Guanqian Law Firm vai ajudar a "proteger melhor os direitos legais e interesses" dos membros da Câmara de Comércio. A associação tem um papel "fulcral" na economia angolana e tem servido de "ponte de amizade" entre a China e Angola, mas enfrenta atualmente "uma situação mais complexa", sublinhou um comunicado. Zhu Xingya, diretor executivo da Jiangsu Guanqian, prometeu ultrapassar as dificuldades culturais e linguísticas para ajudar a associação a lidar com "disputas legais no estrangeiro". O escritório de advogados quer usar Angola como trampolim para mais tarde alargar a cobertura legal a outros países, acrescentou Zhu Xingya. Em dezembro, o embaixador da China em Angola, Gong Tao, tinha aconselhado os empresários chineses a reforçar o investimento em segurança devido à "recente deterioração do ambiente de segurança pública". A Câmara de Comércio de Taizhou em Angola reúne empresários com ligações à cidade de Taizhou, na província de Jiangsu. A empresa Jiangsu Jiangzhou Agricultural Science and Technology Development Co., Ltd investiu 12 milhões de dólares (10,15 milhões de euros) no projeto agrícola Jiangzhou Agriculture, na província do Huambo. O projeto gerou 180 postos de trabalho no cultivo de vegetais, fruta e cereais e na criação de gado bovino numa área de 2.544 hectares no município da Chicala-Cholohanga. Uma delegação das autoridades de Taizhou visitou o Huambo em dezembro de 2019, tendo ficado marcada para maio de 2020 a visita de um grupo de empresários da província angolana à China. A iniciativa foi cancelada devido à pandemia de covid-19.

 -  O diretor para África da agência de `rating` Fitch disse hoje que o impacto da nova alocação de Direitos Especiais de Saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI) será muito limitado em Angola devido ao peso da dívida. "É certamente uma coisa que ajuda, mas Angola está num nível de rating CCC e isso indica uma situação económica e orçamental bastante difícil, em que estamos preocupados principalmente com o grande nível de dívida, que no final deste ano deverá chegar aos 126,4% do PIB, e mesmo que desça tendo em conta a evolução do preço do petróleo, a dívida continua num nível extremamente elevado", disse Jan Friederich. Em entrevista à Lusa por videoconferência a partir de Hong Kong, o diretor da Fitch Ratings para o Médio Oriente e África vincou que "uma alocação de 1% do PIB não é assim tão significativa, mas certamente ajuda a lidar com as pressões de financiamento imediato, mas a longo prazo não é uma panaceia", acrescentou. A Fitch Ratings publicou um relatório onde aponta que, numa lista dos 20 países mais beneficiados pela nova alocação de Direitos Especiais de Saque (DES), e onde figuram Angola e Moçambique, o país mais beneficiado em função do PIB é a Zâmbia, mas ainda assim influenciando o modelo de atribuição de ratings em apenas 0,1 pontos, sendo que é preciso um ponto inteiro para influenciar o rating. "Não antevemos um impacto significativo nos `ratings` devido à alocação", lê-se no relatório enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, e no qual se aponta que Angola deverá receber 777,7 milhões de dólares (655 milhões de euros) tendo em conta a quota de 0,16% que tem no Fundo Monetário Internacional (FMI). O FMI deverá aprovar nos Encontros da Primavera, em abril, uma nova alocação de 500 mil milhões de dólares (420 mil milhões de euros) que permitirá aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa receber quase 1.300 milhões de dólares (1.095 milhões de euros) em função da sua quota, podendo ser aumentado se os países mais desenvolvidos aceitarem a proposta de emprestarem parte da verba que vão receber aos países com mais necessidades orçamentais. Questionado sobre a evolução económica de Angola, Jan Friederich disse que é possível ver uma melhoria no crescimento económico face às previsões, mas alertou que o cenário do FMI para a recuperação é demasiado otimista.

 RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola.

Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são apresentados e produzidos em Washington D.C.

Perguntas e sugestões podem ser enviadas para Prof.kiluangenyc@yahoo.com.

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sexta-feira, 19 de março de 2021

PODE JÁ OUVIR A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 208ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 18-3-2021.‏

 

Rádio Angola Unida (RAU): 208º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 18-3-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

-   -  A administração municipal do Cuango, província angolana da Lunda Norte, lançou um concurso para iluminação pública, construção de escolas e centro de saúde em Cafunfo, palco de incidentes com feridos e mortos em janeiro, foi hoje anunciado. Em comunicado divulgado no Jornal de Angola, a administração do Cuango refere que o concurso público, com prazo de execução de um ano, decorre nos termos da Lei dos Contratos Públicos. O concurso inscreve 12 projetos, nomeadamente a reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de água do Cuango, iluminação pública na sede municipal, Cafunfo e Luremo, construção de escola de sete salas e construção de duas escolas de quatro salas de aula no bairro Mwene Cafunfo e Nguriacama. O concurso também é extensivo para a construção de um centro de saúde no bairro Elevação (Cafunfo), construção de pontes e colocação de manilhas sobre os rios Cabunda, Cole e Txicunhe e construção de um armazém para escoamento de produtos agrícolas. A terraplanagem de 45 quilómetros de via terciária, troço do Bala-bala ao bairro Canguanda (Cafunfo), a aquisição de mobiliários para a administração e direções municipais, aquisição de máquinas para o saneamento básico no âmbito do PIIM (Plano Integrado de Intervenção nos Municípios), apetrechamento da escola 4 de abril e o fornecimento de merenda escolar constam também do concurso público. Segundo o anúncio, assinado pelo administrador municipal do Cuango, Guilherme Cango, para critério de adjudicação será escolhida a “proposta economicamente vantajosa tendo em conta os fatores enunciados nas peças do procedimento”. A vila mineira de Cafunfo, município do Cuango, leste de Angola centralizou as atenções das autoridades e membros da sociedade civil na sequência de incidentes de 30 de janeiro passado, que as autoridades consideraram como “ato de rebelião” e outros descrevem como “manifestação pacífica”.

 -  O Governo do Japão doou um milhão de dólares (840 mil euros) às agências das Nações Unidas para apoiar populações vulneráveis em Angola, nomeadamente refugiados congoleses que vivem no assentamento de Lóvua e no Dundo (Lunda Norte). Ocontributo destina-se à Organização Mundial de Saúde (OMS), Programa Alimentar Mundial (PAM) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Segundo um comunicado da OMS, o apoio japonês engloba um pacote de atividades que visam, entre outras, "promover questões de saúde mental e garantir que os refugiados da região de Kasai da República Democrática do Congo, acomodados no assentamento de Lóvua e que vivem no Dundo (província da Lunda Norte) possam atender os requisitos básicos de alimentação e nutrição". "À medida que as consequências da covid-19 se aprofundam, a OMS, o PAM e a Unicef procuram proteger as crianças e famílias em Angola de níveis catastróficos de privação, reforçando os serviços essenciais, incluindo de saúde, segurança alimentar, nutrição, higiene e educação", lê-se no documento. "A contribuição do Japão permitirá que o PAM apoie 7.000 refugiados durante dois meses", segundo o chefe do escritório do PAM em Angola, Michele Mussoni. Tendo apoiado a assistência vital do PAM aos refugiados em 2020, o Japão continua a ser um parceiro importante em Angola, garantindo a continuidade das operações. "Com este financiamento, reforçamos uma vez mais o compromisso do Governo do Japão, em contribuir para a melhoria das condições de vida das famílias em Angola e na criação de um ambiente favorável para o desenvolvimento integral de cada criança, particularmente aquelas que vivem em situações que aumentam a sua vulnerabilidade", afirmou Maruhashi Jiro, embaixador do Japão em Angola, citado no comunicado. Uma parte dos fundos do Japão será destinada a ações no domínio de água e saneamento, produção de materiais de comunicação de risco e engajamento comunitário para escolas, e o acesso aos serviços de nutrição a pelo menos 10.000 crianças menores de 5 anos, para a prevenção e gestão da desnutrição aguda.

 -  Angolanos em grande número estão a entrar ilegalmente na Namíbia para fugirem à seca e fome que assola o sul de Angola, revelam notícias publicadas na Namibia e confirmadas por fontes locais. O crescente número de Angolanos, muitos em situação desesperada “com fome, sede e sub nutrição” está a preocupar as autoridades do país vizinho e a embaixadora de Angola deverá visitar a região em breve para se inteirar do problema. Há receios de que os namibianos possam retaliar contra a crescente presença dos angolanos e a polícia avisou os namibianos para denunciarem a presença dos angolanos mas para não os atacarem. O jornal The Namibian disse que cerca de 100 angolanos foram deportados da Namíbia na semana passada, acrescentando que angolanos estão a entrar ilegalmente no pais à procura de alimentos, água, assistência médica e emprego. Um porta voz da polícia na zona de Ohangwena disse que “um grande numero de angolanos ilegais estão na região à procura de oportunidades de trabalho”. Há angolanos acampados na zona de irrigação de Etunda e em Oshifo, disse o jornal que acrescentou que há sub-nutrição generalizada entre as crianças angolanas vindas do Cunene e Huíla. Segundo o jornal há angolanos a chegarem a sete cidades da Namibia à procura de trabalho para sobreviverem e uma fonte numa dessas cidades disse que nunca se viu tantos angolanos a atravessarem a fronteira para escaparem à fome. O governador de Omusati confirmou a entrada em grande número de angolanos afirmando que a seca e a fome são a “força motriz” da imigração ilegal, acrescentando que as pessoas chegam com fome e sede. O governador disse esperar reunir-se com a embaixadora angolana para discutir a situação apelando à população para informar a policia de imigrantes ilegais na zona mas disse que “não lhes devem fazer mal”. O jornal disse que devido à pandemia da covid-19 há receios entre os namibianos daquelas zonas que os angolanos possam estar a trazer o coronavirus para a zona. A mesma fonte disse ainda que há agora casos de angolanos a entrarem na Namibia com o seu gado à procura de pasto, isto apesar da região do Cunene na Namíbia estar também afectada pela seca.

 - Oposição angolana acusa direção da Assembleia Nacional de limitar o seu trabalho ao não pagar as subvenções mensais aos grupos parlamentares. Valores não seriam pagos há um ano. Partidos na oposição em Angola dizem-se preocupados com o silêncio da Assembleia Nacional sobre as subvenções mensais dos grupos parlamentares que não são pagas há um ano. O deputado Liberty Chiyaka, líder parlamentar da União para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição em Angola, diz que o atraso no pagamento das verbas limita os trabalhos dos deputados junto das comunidades. "A falta de recursos financeiros impede o grupo parlamentar da UNITA a manter contacto permanente e regular com o eleitorado. O grupo parlamentar da UNITA estabeleceu uma prática de realização de jornadas municipais mensalmente, mas, infelizmente, por falta de recursos que são o nosso direito, estamos condicionados e não podemos realizar as atividades com a regularidade que se impunha," descreve. Na UNITA, os parlamentares estão a contribuir com o próprio salário para custearem as despesas das atividades do grupo. "Há compromisso de serviço público assumido pelos deputados do grupo parlamentar da UNITA. Todos os meses, disponibilizam parte do seu salário para que o grupo parlamentar da UNITA procure minimizar os graves constrangimentos causados pela falta de disponibilização regular das nossas subvenções," revela. O atraso na cabimentação das verbas é uma manobra para que os grupos não tenham capacidade de executar as tarefas agendadas, entende o diretor-geral do grupo parlamentar da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Domingos Pedro. "Eles não pagam com frequência as subvenções dos grupos parlamentares. Nunca justificaram as razões. Isso é uma pretensão deliberada para que os grupos parlamentares não tenham dinheiro para fazerem os seus trabalhos," considera. "Não se justificam os atrasos quando o dinheiro está orçamentado, está aprovado. Porquê que não pagam? Salários dos funcionários nunca atrasaram, mas as subvenções para os grupos parlamentares atrasam," critica.

 -  O Governo angolano tomou a iniciativa de promover a reforma da regulação dos preços em Angola transferindo estas competências para os respetivos setores, anunciou hoje o Ministério das Finanças. Num comunicado de imprensa o ministério esclarece que a iniciativa da Reforma da Regulação dos Preços em Angola consiste na reestruturação de duas dimensões da política de preços. A  reforma da dimensão institucional visa o reforço do papel institucional e técnico dos reguladores setoriais com a descentralização das atribuições especializadas na regulação para os mesmos. A reforma da dimensão política, que consiste na definição dos serviços ou bens "cujos preços devem ser regulados", é a segunda dimensão ou eixo desta reforma. Segundo o Ministério das Finanças angolano, atual autoridade de preços no país, a proposta de reforma da regulação dos preços "emerge no âmbito dos esforços do executivo para a melhoria do ambiente de negócios e da concorrência". A garantia da "concretização dos primados constitucionais da organização e regulação das atividades económicas" e a "política de sustentabilidade das finanças públicas" constituem igualmente fundamentos desta iniciativa. Para as autoridades angolanas, a medida decorre também da necessidade do "reposicionamento" do papel do Estado de se "mover gradualmente da figura de um Estado operador económico para uma figura mais progressiva e mais sólida de Estado regulador". A proposta, que visa a "maior especialização e eficiência" no tratamento da questão, refere que a transferência da competência da regulação de preços para os setores "fica condicionada à existência de um instituto público especializado, sendo imediata para os setores onde existem". O documento observa que, como resultado desta iniciativa de reforma, a regulação dos preços já foi automatizada para bens, serviços, setores e correspondentes institutos públicos, nomeadamente o Instituto Regulador dos Serviços de Água e Eletricidade e Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo. A automatização da regulação dos preços, asseguram as autoridades, seguir-se-á para bens e serviços dos setores dos transportes, nos respetivos institutos públicos, e setor das telecomunicações pelo Instituto Angolano das Comunicações. O Ministério das Finanças diz estar a trabalhar com os setores da saúde, educação e ensino superior e comércio para "encontrar soluções" que resultem na criação ou transformação de órgãos reguladores setoriais especializados na regulação de preços.

 RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola.

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sexta-feira, 12 de março de 2021

OUÇA JÁ A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 207ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 11-3-2021.‏

 Rádio Angola Unida (RAU): 207º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 11-3-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

-  O partido Bloco Democrático (BD), oposição angolana, considerou hoje que o MPLA, no poder, "deve fazer uma cura de oposição para limpar a corrupção em si instalada", enquanto a UNITA apontou a impopularidade" dos "camaradas" do MPLA como fundamento da revisão constitucional. Para o presidente do BD, Justino Pinto de Andrade, que defende a "conjugação" de forças políticas e da sociedade civil para afastar o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), "é chegada a hora de o MPLA ir descansar". "O MPLA precisa de ir descansar, porque ao longo desses anos mostrou a sua incapacidade de governar e, mais, mostrou que afinal ele é o próprio centro da corrupção", afirmou hoje o líder do BD durante uma conferência de imprensa. "A corrupção está no MPLA e, por isso mesmo, o MPLA tem que se afastar do poder, fazer uma cura de oposição para se limpar do mal que tem dentro de si, que produziu durante esses anos, aquilo que são os `marimbondos` [alusão a vespas]", acusou o também deputado angolano.Os líderes do BD, da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior, e o coordenador do projeto político do Partido do Renascimento Angola - Juntos por Angola - Servir Angola (PRA-JA Servir Angola), Abel Chivukuvuku, juntaram-se hoje para uma conferência de imprensa, em Luanda, abordando a intenção do Presidente angolano de fazer uma revisão constitucional pontual. João Lourenço anunciou, na passada semana, uma revisão pontual da Constituição, com o objetivo, entre outros, de clarificar os mecanismos de fiscalização política, dar direito de voto a residentes no estrangeiro e eliminar o princípio de gradualismo nas autarquias. O chefe de Estado angolano sublinhou que os detalhes das propostas, o seu sentido, alcance e fundamento serão apresentados publicamente. "Com esta proposta de revisão pontual da Constituição pretende-se preservar a estabilidade dos seus princípios fundamentais, adaptar algumas das suas normas à realidade vigente, mantendo-a ajustada ao contexto político, social e económico, clarificar os mecanismos de fiscalização política e melhorar o relacionamento entre os órgãos de soberania, bem como corrigir algumas insuficiências", destacou. A proposta de revisão de 40 artigos da CRA já foi entregue à Assembleia Nacional (parlamento angolano). O presidente da UNITA disse, na ocasião, que a iniciativa de revisão constitucional, apesar de ter obedecido aos limites legais, surge em momento de pré-campanha e, por isso, atropela aspetos éticos e de universalidade. Para Adalberto Costa Júnior, não houve qualquer golpe aos partidos na oposição, com esta iniciativa do Presidente angolano, considerando que "houve sim um ato de oportunismo em função de um momento de extraordinária impopularidade pessoal". "Da inexistência de quaisquer respostas de combate à crise económica e social, o país não vê luz no fundo do túnel no combate à pobreza, está num dos piores momentos jamais atravessados no âmbito socioeconómico", disse. 

-  O antigo presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal (BdP) questionou-se hoje, na comissão de inquérito ao Novo Banco, se a garantia estatal de Angola ao BESA "não devia ter tido outro tratamento". "Uma questão distinta é saber se uma garantia de um Estado ao mais alto nível, que foi prestada pelo ministro das Finanças angolano [Armando Manuel], suportada por uma deliberação do próprio Presidente da República de Angola [José Eduardo dos Santos], se essa garantia não devia ter tido outro tratamento", disse hoje aos deputados na sua audição na comissão de inquérito ao Novo Banco e às perdas imputadas ao Fundo de Resolução. Sublinhando que não se pronunciaria diretamente sobre isso por não ter informação, referiu anteriormente que os elementos dessa garantia, concedida em 31 de dezembro de 2013, não eram conhecidos. "Foi argumentado que com a lei angolana sobre sigilo bancário para não ser dado conhecimento ao anexo com os créditos concretos. Nessas condições a supervisão do Banco de Portugal disse: `numa perspetiva prudencial, esta garantia não pode ser considerada`", disse João Costa Pinto. A comissão a que presidiu "diz que a supervisão tem razão, e o Banco de Portugal [também], porque sem saber quais são os créditos, como é que se avalia em que condições é que a garantia pode ser ativada?", questionou. Segundo João Costa Pinto, "uma das questões importantes mais mal explicadas de todo este processo é a garantia soberana de Angola", considerando-a "crítica pela dimensão que tinha e pelas questões de natureza política". A exposição do BES ao BESA entre 2008 e 2014 passou de 1.700 para 3.300 milhões de euros, sendo correspondente a 47% dos fundos próprios do BES na data final, segundo disse o deputado João Paulo Correia (PS) na comissão. 

- Guimarães Domingos Kanga, conhecido por "Libertador de Mentes Aprisionadas", é um dos promotores de uma marchada marcada para o dia 20. O activista angolano Guimarães Domingos Kanga, conhecido por "Libertador de Mentes Aprisionadas", um dos organizadores da marcha prevista para o próximo dia 20, na cidade do Uíge para exigir a retomada das obras na estrada de Buengas, diz estar a ser alvo de perseguição e ameaças por supostos agentes da polícia e da segurança do Estado na província. De acordo com o activista, supostos agentes disseram que ele está devidamente identificado. “Na terça-feira, apareceram dois elementos no meu local de serviço a procurar por um elemento com nomes iguais aos meus, dizendo que o mesmo é foragido, eu conversei com eles e disseram que não era eu, mas no final da conversa disseram que eu já estava devidamente identificado em tudo, o que mais me preocupa é que no dia seguinte apareceram mais dois a saber se os primeiros não me haviam feito nada e se eu estava bem e em liberdade”, relata o activista que garante não ter nada a temer. Ele ainda assegurou que a manifestação marcada para o dia 20, tem todos os trâmites legais cumpridos e apelou "à participação de todas as camadas da sociedade". A marcha visa exigir a conclusão da construção da estrada do município dos Buengas, que nunca foi asfaltada desde a fundação do município, ainda antes da independência. 

- Advogados do empresário angolano Carlos São Vicente apresentaram uma queixa junto de um organismo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pedindo-lhe que exija a libertação imediata do mesmo. Numa queixa apresentada junto do daquele orgão da ONU em Genebra, os advogados denunciam violações das leis de julgamentos isentos e condições de detenção “contrárias a todas as noções de justiça e dignidade”. Carlos São Vicente foi detido no passado dia 22 de Setembro depois de ter sido constituído arguido por suspeita de crimes de peculato e branqueamento de capitais. O processo começou depois das autoridades judiciais da Suíca congelarem uma conta de São Vicente, no valor de 900 milhões de dólares, por suspeita de branqueamento de capital. Desde a sua detenção contudo as autoridades angolanas ainda não indicaram se tencionam levar São Vicente a julgamento. Anteriormente advogados do empresário na Suíça acusaram as autoridades judiciais angolanas de não responderem às suas cartas pedindo esclarecimentos sobre a prisão de São Vicente. Na queixa agora apresentada dois advogados franceses, François Zimeray e Jessica Finella, denunciam “uma detenção e processo de chantagem óbviamente motivadas por razões políticas”, sublinhando que antes da detenção a procuradoria tinha informado as autoridades suíças não terem encontrado qualquer prova de crime contra o empresário. A queixa sublinha ainda a violação do princípio da presunção de inocência , o facto da detenção estar a ser feita sem qualquer controlo de um juíz, acrecentando ainda que a detenção põe em perigo a saúde do detido que sofre de diabetes e hipertensão. O advogado François Zimeray que está acreditado junto do Tribunal Penal Internacional, disse que Carlos São Vicente, “para além da sua própria situação, tenciona denunciar as condições de todos os presos em Angola, especialmente aqueles que não têm os recursos para se alimentarem e defenderem a si próprios”.

 -  Decisão da OPEP+ de manter os cortes na produção fortaleceu as perspetivas favoráveis para o preço do crude, diz a consultora Eaglestone, sublinhando que isso é uma notícia positiva para Angola, pois ajuda a recuperação económica e as contas públicas do país. Num cenário do preço médio do Brent atingir os 60 dólares por barril em 2021, a economia angolana registaria um superávit representando 3% do Produto Interno Bruto (PIB), num ano para o qual o Governo de João Lourenço orçamentou um défice de 2,2%, assumindo um preço médio de 39 dólares, referiu a consultora Eaglestone Securities. Numa nota de research assinada por Tiago Bossa Dionísio, a Eaglestone recordou que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus parceiros decidiram na passada quinta-feira manter um limite apertado na produção de crude em abril, levando a uma forte valorização do seu preço num mercado que esperava um aumento da oferta. O cartel debatia se havia de repor até 1,5 milhões de barris por dia (bpd) no próximo mês, com a Arábia Saudita ainda a reter um milhão de bpd em cortes voluntários de produção e demonstrando que não tem muita pressa em fazer regressar esta oferta. “A decisão da OPEP+ foi não só uma surpresa, mas indica também que o mercado mundial vai estar mais limitado nos próximos meses”, explicou.

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sexta-feira, 5 de março de 2021

JÁ PODE OUVIR A RÁDIO ANGOLA UNIDA (RAU): A 206ª Edição do programa “7 dias de informação em Angola “ em 04-3-2021

 Rádio Angola Unida (RAU): 206º Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 04-3-2021 por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:

- Após o Presidente angolano João Lourenço anunciar o início de um processo de "revisão pontual" da Constituição, partidos e juristas preferem esperar para ver. O jurista Vicente Pongolola diz não estar convencido que as alterações pontuais à Constituição avançadas pelo Presidente da República tragam alguma mudança no actual sistema de governação e admitindo que possam forçar a alteração da periodicidade das eleições em Angola. Em conversa com a VOA, Pongolola diz haver "um sério risco de que as eleições não se realizem no próximo ano tendo em conta o que se pretende agora” e classifica abolição do gradualismo nas eleições autárquicas como “uma operação de charme”. Entretanto, o também jurista Carlos Veiga entende que as propostas de alteração pontual à Constituição do país "são muito positivas e visam impor a normalidade constitucional”. Veiga considera que as propostas do Presidente da República colocam um desafio aos políticos do país no sentido de alargar o debate à volta dos temas mais candentes do país. “Vai haver um debate interessante que vai ajudar a interpretar correctamente o que nesta altura carece de algum esclarecimento”, sustenta. As propostas de alteração do Presidente da República são justificadas com a necessidade de, entre outros, “preservar a estabilidade social, corresponder à realidade e aos desafios do desenvolvimento do país, o reforço institucional,norelacionamento entre o Presidente da República e a Assembleia Nacional''. A proposta introduz na Constituição a figura de “Governo de gestão corrente”, a vigorar no início das campanhas eleitorais até a posse do Executivo a ser eleito e que visa impedir o Presidente em funções “tomar decisões de fundo”. 

-  A violência nas manifestações em Angola, que integra mais uma vez o grupo de “países não livres” no relatório Liberdade no Mundo 2021 da organização Freedom House, divulgado nesta quarta-feira, 3, constitui o reflexo de um regime agarrado a práticas de partido único, com monopólios em vários sectores da vida, mas com margem para uma sociedade civil influente. É desta forma que analistas angolanos olham para a posição do país em matéria de liberdades, extensivas à comunicação social, havendo quem associe o que chama de repressão policial à corrupção, fenómeno que o Presidente define como inimigo em mais de três anos de governação. Em grande medida focado nos acontecimentos de Cafunfo, ainda em voga, o economista Filomeno Vieira Lopes diz que o rótulo de país não livre pune a actuação das autoridades face a protestos. "Usam o monopólio do poder, da força, da economia, o que é a essência da ditadura e de país autoritário. É a sonegação de direitos, marginalização dos outros porque as coisas não acontecem como o poder quer’’, justifica Vieira Lopes, acrescentando que "a repressão visa evitar denúncias de corrupção’’. De acordo com aquele analista, um ponto de partida para cenários diferentes pode ser a proposta de revisão constitucional anunciada pelo Presidente João Lourenço. “Era por aí que, eventualmente, deveria ter começado, e com maior profundidade. O próprio sistema legal viabiliza esta dinâmica de partido único, de país autoritário’’, sublinha Vieira Lopes, para quem “quando um Presidente tem excessos de poder e uma Assembleia não fiscaliza …’’. Mesmo perante este quadro, o consultor social João Misselo da Silva, da Organização Humanitária Internacional (OHI), considera que existem margens para que a sociedade civil ajude na prevenção de cenários de violência. "Há limitações no exercício das liberdades, por isso a sociedade civil deve criar espaços de diálogo, chamar as autoridades. Nem tudo está perdido, por duas razões muito simples: a sociedade civil é proactiva na promoção da cidadania para o contexto de Angola e há capacidade para a promoção da liberdade de imprensa". O relatório Liberdade no Mundo 2021 da organização não governamental Freedom House, com sede em Washington, coloca Angola como único país africano de língua portuguesa no grupo de Estados não livres, enquanto Moçambique e Guiné-Bissau integram o grupo de países parcialmente livres e Cabo Verde e São Tomé e Príncipe no de países livres. 

- Luanda prevê realizar o sonho de muitos angolanos: ter rádios comunitárias através de uma nova lei que está em fase de consulta pública. Jornalistas esperam que a proposta não traga "valores absurdos" e duras exigências. O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) defende que a adequação do pacote legislativo da Comunicação Social, que está em fase de consulta pública em Angola, deve banir "os valores absurdos" exigidos para a constituição de uma estação radiofónica. Em Angola, os investidores no setor da imprensa encontram enormes dificuldades para constituir uma estação televisiva ou uma rádio. A rádio é o meio de comunicação mais utilizado pelos angolanos, mas a sua abrangência e pluralidade ainda está fora da realidade. Só a Rádio Nacional de Angola (RNA) é ouvida em todo o país. A lei angolana exige perto de 100 mil euros para quem queira ter uma rádio local em Angola. Este valor é "absurdo", segundo o secretário-geral do sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido. "Dizem ainda que se quiser ter uma rádio que emite em todo o território nacional, deve-se pagar 250 milhões de Kwanzas (mais de 330 mil euros). Estes valores são absurdos por um lado, porque não há bancos que nos vão conceder isso, segundo, impede que os jornalistas e outros profissionais possam constituir órgãos de comunicação social", diz Teixeira Cândido, defendendo que "há aqui uma limitação de livre concorrência.  Este é um dos grandes problemas". 

- O Presidente angolano falou hoje, pela primeira vez, sobre os incidentes em Cafunfo, condenando o alegado ato de rebelião, mas garantindo também que serão responsabilizados os polícias que terão "praticado atos considerados desumanos". Um mês depois dos acontecimentos violentos, que, segundo a versão oficial, causaram seis mortos durante uma alegada invasão de uma esquadra, mas que testemunhas locais e organizações da sociedade civil descreveram como uma tentativa de manifestação em que foram mortas mais de 20 pessoas, João Lourenço falou sobre o caso, afirmando que se aguardam ainda as conclusões do inquérito em curso. O Presidente angolano falava hoje na abertura da segunda sessão ordinária do Conselho de Ministros, que decorre na Cidade Alta em Luanda, sublinhando que a sua intervenção teria como foco não a corrupção ou a covid-19, mas "acontecimentos políticos sociais dos últimos dias que têm despertado a atenção" da sociedade angolana. Segundo João Lourenço, o país foi surpreendido no dia 30 de janeiro com um "ato de rebelião armada na vila de Cafunfo, na Lunda Norte, protagonizado por cidadãos nacionais e estrangeiros que atacaram com armas uma esquadra policial", resultando em consequência da reação das forcas policias a morte de seis insurgentes e alguns feridos "que foram prontamente assistidos nalgumas unidades hospitalares". O Presidente lamentou a perda de vidas humanas "19 anos depois do calar definitivo das armas no país e do restabelecimento da paz entre os angolanos", mas condenou "energicamente" a ação, desencorajando a prática de todos os atos que atentam contra a segurança e a soberania nacional, contra a Constituição e a lei como a tentativa de divisão e desmembramento ou separação de parcelas do território nacional. João Lourenço deixou também recados às organizações não governamentais, bispos católicos e partidos da oposição que condenaram a ação da polícia no que descreveram como um massacre. "Como sempre, surgiram visões que se apressaram a condenar a ação policial que frustrou a ação criminosa, e não os atores do atentado contra o Estado angolano. Para estas pessoas e organizações, criminosa é a polícia porque, no seu entender, os que na madrugada atacaram com armas a esquadra policial são pacatos cidadãos que realizavam uma simples manifestação reivindicando melhores condições de vida", disse. Segundo o chefe de Estado, incluem-se neste grupo "partidos políticos com assento parlamentar cujos deputados juraram cumprir e fazer cumprir a lei". Neste sentido, continuou o chefe do executivo angolano, é preciso deixar que "os competentes órgãos do Estado, o Serviço de Investigação Criminal (SIC), a Procuradoria-Geral da República (PGR) e os tribunais apurem toda a verdade dos factos, a responsabilidade de cada um dos participantes e atuem dentro dos termos da lei". João Lourenço disse ainda que é preciso aguardar pelas conclusões do inquérito em curso e a responsabilização criminal dos agentes da polícia que "terão praticado atos considerados desumanos desonrando a farda que envergam". O chefe de Estado angolano condenou ainda "veementemente esse tipo de práticas que em nada dignificam a corporação". A polícia angolana afirma que cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende autonomia desta região rica em recursos minerais, tentaram invadir nesse dia uma esquadra policial e, em defesa, as forças de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas. A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de 20 mortos.

 -  A ministra das Finanças de Angola disse hoje que a primeira prioridade para o financiamento dos projetos no país é recorrer ao investimento privado, e só depois usar o financiamento das instituições financeiras multilaterais internacionais. "Temos de ser conservadores, estamos a olhar para o financiamento concessional e semiconcessional, mas esta é a segunda opção, a primeira opção é o investimento privado, fazer com que os investidores privados estrangeiros invistam em Angola, e com isso vamos fazer crescer a economia, criar empregos e aumentar a receita fiscal", disse Vera Daves de Sousa. A governante angolana falava no primeiro painel do Fórum Orçamental Africano, que decorre hoje e quarta-feira a partir de Washington em formato virtual. No painel com a presença, entre outros, da diretora executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, do comissário do Comércio da União Africana, Albert Muchanga, e da comissária da União Europeia para as Parceiras Internacionais, Jutta Urpilainen, a ministra angolana disse que "o financiamento público servirá para as infraestruturas, para os projetos que tiverem mais impacto social e para aqueles com menor rentabilidade, que o Governo fará por si próprio". Durante as intervenções, Vera Daves salientou que "o setor privado vai ter um papel importante para a economia crescer e assim aumentar a base fiscal que permitirá avançar para os investimentos públicos que diminuam as desigualdades", que todos os interveniente reconheceram que aumentaram devido aos efeitos da pandemia de covid-19. Questionada sobre o impacto da descida dos preços do petróleo e das medidas de confinamento na economia de Angola, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, Vera Daves relembrou as medidas que tomou para suster o crescimento do rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e vincou que, para além da reestruturação de vários empréstimos de credores oficiais e bilaterais, "os credores privados estão abertos a negociar" e a "dar mais espaço de manobra". As reformas económicas lançadas nos últimos anos, acrescentou a governante, estão já a apresentar sinais de sucesso, destacando a proteção das reservas internacionais e os investimentos feitos dentro do país, nomeadamente na agricultura. "Conseguimos proteger as nossas reservas internacionais, e também dar um sinal ao mercado de que a produção nacional é uma boa opção de investimento, estamos a ver os resultados, há investidores locais a pôr dinheiro na agricultura e nas pequenas indústrias, porque percebem que o regime livre da taxa cambial cria um incentivo e sabem que o Estado não está a subsidiar as importações como era feito no regime cambial anterior", argumentou a ministra. 

RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um Estado Democrático e de Direito, apostando no Desenvolvimento sustentável e na dignidade do povo soberano de Angola. 

Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são apresentados e produzidos em Washington D.C.

Perguntas e sugestões podem ser enviadas para Prof.kiluangenyc@yahoo.com.

PARA OUVIR: https://www.blogtalkradio.com/profkiluangenyc/2021/03/05/polticas-pblicas-de-desenvolvimentodiscursos-ocos-da-ministra-das-finanas?fbclid=IwAR0wwRCCRpo7HrF4naAOS3S2xbwDKtYE1kycgfOwXR18q9RuTc-xU35UKJA

segunda-feira, 1 de março de 2021

Adalberto Costa Júnior Vs Abel Chivukuvuku

 



As informações que correm no facebook, sobre uma possibilidade do Abel Chivukuvuku entrar em Junho do corrente ano, com os seus apoiantes no Bloco Democrático, num Congresso deste Partido, sendo depois nomeado e aclamado Presidente do BD e desta forma concorrer as eleições Presidenciais de 2022. Se houver um fundo de verdade neste cenário político-partidário, então permito-me a fazer uma análise política.
Como tudo tem um início, um durante e um fim, vou começar pelo início.
Em 2012, houve conversações entre o Abel Chivukuvuku e o BD, pela mão do Filomeno Vieira Lopes, na altura era o Secretário-Geral do BD, mas a maior parte dos dirigentes do BD, que já vinham do FPD, rejeitaram tal hipótese, não admitindo as aspirações do Chivuku em ser Presidente do BD.
Como o tempo «corria contra as aspirações do Chivuku» em ser Presidente de um Partido Político, para concorrer as eleições gerais de 2012, restava a possibilidade da Coligação com quatro Partidos desconhecidos mas legalizados no TC e com os «independentes» que o acompanharam da UNITA e eu fui um dos que aceitou o convite do Abel, tendo estado na fundação da CASA em 3 de Abril de 2012. Nessa altura, os ditos quatro Partidos aceitaram em «desfazerem» a sua estrutura partidária e a CASA passaria de coligação para um Partido Político.
Historicamente, a CASA-CE consegue eleger oito Deputados nas eleições gerais de 2012.
Em Setembro de 2016, o Abel Chivukuvuku é eleito novamente Presidente da CASA-CE no Congresso e os líderes dos quatro Partidos acitam no citado Congresso que a CASA-CE seja um Partido Político.
Contudo, passados uns dias começam haver divergências nessa pretenção e passados uns meses, próximo das eleições gerais de 2017, o BD pede e aceta as condições do Abel para entrarem na CASA-CE, porque caso contrário seria ilegalizado e a possibilidade do Presidente do BD, Justino Pinto de Andrade ficar em posição elegível para Deputado, o que veio acontecer. Entrou nessa altura mais um Partido Político, ficando a CASA-CE com seis Partidos Políticos, mais os «independentes» que eram a maioria e detinham os lugares chaves, a nível do ógão nacional como Provincial e esta situação, criou mal estar nos Partidos Políticos da CASA-CE.
Nas eleições gerais de 2017 a Casa-Ce elege 16 Deputados.
A partir daqui, o descontentamento dos Partidos cresce contra Chivuku e como é do conhecimento geral, os diversos Acórdãos do TC, levam a saída do Abel Chivukuvuku, a nomeação do Almirante "MIAU" e recente demissão deste, com a eleição do Manuel Fernandes, que sempre foi um dos Vice-Presidentes da confiança do Abel.
Caso se concretize, a entrada do Abel Chivukuvuku no Congresso do BD em Junho deste ano, e se for eleito Presidente do BD, ultrapassando uma maioria de dirigentes que continuam a ser contra o Abel como líder do BD, este fica a Presidir um Partido da Coligação da CASA-CE. Nesta situação, as intrigas serão muito grandes na CASA-CE. A forma de as ultrapassar será Abel Chivukuvuku Presidente do BD, sair da CASA-CE e ir a votos nas eleições gerais de 2022.
Apesar da amizade que o Abel tem com o Adalberto e aceitando fazer uma Frente Patriótica contra o MPLA nas eleições de 2022, temos uma «luta de galos», entre o Presidente da UNITA, o maior Partido da Oposição em Angola e um Abel Presidente do BD, que é um Partido pequeno, mas com um Líder capaz de mobilizar mais eleitorado jovem que o Adalberto.
Eu conheço melhor o Adalberto desde a cidade do Porto, do que o Abel em Luanda na UNITA e na CASA-CE, mas reconheço que o Chivuku, tem maior capacidade de mobilização do eleitorado jovem e maturidade política, numa eventual Frente Política contra o MPLA e ser indicado para cabeça de Lista e futuro Presidente de Angola.
Não há fumo sem fogo, por isso, vou aguardar por este desenvolvimento da minha análise política.