Rádio Angola Unida (RAU): 158º
Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 12-03-2020
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- O centro de quarentena da Barra do Kwanza,
onde se encontravam sete pessoas, vai ser esvaziado hoje para ser transformado
numa unidade de tratamento do novo coronavírus, informou o secretário de Estado
para a Saúde Pública de Angola. Segundo Franco Mufinda, já passaram pelos dois
centros de quarentena existentes mais de 200 pessoas, encontrando-se até
terça-feira nos dois locais cerca de 120 passageiros. O governante, que falava
em conferência de imprensa na terça-feira, anunciou a saída, até hoje, do
"último grupo da Barra do Kwanza, para ficar preparado para, no futuro,
dedicar-se exclusivamente ao atendimento de casos, enquanto que o Calumbo ficará
para gerir a quarentena". Franco Mufinda avançou que a maioria de pessoas
neste momento em quarentena são chineses residentes no país e cerca de 12
angolanos. Amanhã [quarta-feira] havemos de esvaziar a Barra do Kwanza, um
grupo de sete pessoas que ficaram saem, e depois passa para o Calumbo, em
termos de quarentena", frisou então. O centro da Barra do Kwanza tem
capacidade para 100 camas, enquanto que o de Calumbo tem 250 camas, funcionando
em ambos profissionais formados para lidar com os casos suspeitos, desde os
mais simples até ao mais complexo. O governante angolano revelou que está
prevista a abertura de um centro de quarentena exclusivo para as petrolíferas.
De acordo com o secretário de Estado para a Saúde Pública, as plataformas
continuam a trabalhar, estando permitida a entrada no país apenas do
estrangeiro residente e os angolanos que lá funcionam.
- O Departamento de Estado dos EUA salienta
que as autoridades civis mantêm um controlo efetivo sobre as Forças Armadas e a
Polícia angolana, consideradas "eficientes", mas por vezes brutais na
manutenção da estabilidade, denunciando mortes e detenções arbitrárias, bem
como a existência de presos políticos. Entre os problemas identificados estão
os crimes de violência contra mulheres e crianças, relativamente aos quais
"o Governo tem tomado poucas ações para punir", mas também pressões
sobre refugiados e casos de corrupção, apesar de medidas significativas para
pôr fim à impunidade de responsáveis de alto nível. "A impunidade das autoridades
e uma aplicação uniforme da legislação anticorrupção continuam a ser um grave
problema", salienta o documento. Outras das áreas problemáticas são o
tráfico de pessoas e os crimes contra pessoas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais
e Transexuais) apesar de a Assembleia Nacional ter aprovado legislação no
sentido de proibir a discriminação, no ano passado. O Governo liderado por João
Lourenço "deu passos significativos para responsabilizar e punir os
responsáveis dos abusos". Além disso, demitiu e processou judicialmente
ministros, governadores provinciais e altas patentes militares e outros
responsáveis de alto nível por crimes financeiros e corrupção", refere o
relatório. No entanto, uma maior responsabilização "foi limitada devido à
falta de capacidade institucional, cultura de impunidade e corrupção do
Governo". Entre os casos analisados no relatório destacam-se o ataque a um
grupo de mineiros na Lunda Norte por uma empresa de segurança privada, a 22 de
agosto, que culminou na morte de um homem, bem como mortes extrajudiciais
alegadamente perpetradas por agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC),
por vezes em coordenação com a Polícia Nacional, para combater o crime. Há
também relatos sobre espancamentos em esquadras e algumas intervenções
violentas em manifestações contra o governo. As autoridades angolanas
contrapõem que se tratam de agitadores que tentam criar
"instabilidade" organizando estes protestos.
- A
agência de notação financeira Fitch Ratings considerou que a descida dos preços
do petróleo devido aos receios com o surto de Covid-19 é o principal risco para
as economias africanas exportadoras, como Angola. "Encaramos o colapso nos
preços do petróleo e de outras matérias-primas como o principal canal para as
dificuldades económicas resultantes do surto de coronavírus para os países da
África e do Médio Oriente", lê-se numa nota sobre o impacto do surto no
continente africano. "Para os grandes produtores da África subsaariana,
como Angola e o Gabão, uma descida de 10 dólares no petróleo tem um impacto nas
receitas equivalente a 1 a 2% do PIB", alertam os analistas. "O
choque na procura vai ter um efeito negativo substancial nas receitas fiscais,
fluxos em moeda estrangeira e no crescimento económico para um conjunto de
países" nesta região, acrescentam os analistas na nota enviada aos
clientes, e a que a Lusa teve acesso. Nos últimos dias, o preço do petróleo
reduziu-se significativamente, valendo hoje cerca de 40 dólares, o que coloca o
valor bastante abaixo da previsão inscrita no Orçamento do Estado de Angola
para este ano, que antevê um valor médio anual do petróleo nos 56 dólares por
barril. No relatório, a Fitch, que na semana passada piorou o 'rating' de
Angola devido à descida de preços e produção de petróleo e ao aumento da dívida
pública, escreve que "Angola tem pouca margem orçamental para resistir a
um choque". "A descida da notação de Angola reflete o impacto da
produção mais baixa de petróleo, com preços mais baratos, e uma queda maior que
o antecipado do kwanza, o que aumentou os níveis de dívida pública e os custos
de servir a dívida externa, ao passo que os níveis das reservas internacionais
também caíram", escreveram então os analistas.
- Ex-oficiais generais das Forças Armadas na
reforma anunciaram que vão manifestar-se nas ruas a 23 de Março, para exigir o
pagamento de todos os valores de pensões a que dizem ter direito. Os generais e
outros oficiais das Ex FAPLAS, FALA, FLEC e ELNA pertencentes à Associação dos
Ex Oficiais Generais Superiores e Subalternos na Reforma, passaram à reforma em
1992, e alegam que lhes foram cortados todos os subsídios que auferiam. Um dos
membros da organização, o brigadeiro na reforma José Alberto Salimukweno,
coordenador da organização, disse que os oficiais estão a reclamar há 12 anos
sem qualquer sucesso. Salimukweno disse que a sua organização possui provas de
que o antigo chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, emitiu uma ordem para
que fossem pagas essas quantias “mas a ordem não foi cumprida até hoje”.
Agastados com a situação os ex oficiais generais e subalternos prometem sair à
rua no dia 23 deste mês para pressionar o pagamento de seus dinheiros. O Major
na reforma Mateus de Oliveira culpou a situação em funcionários do Ministério
da Defesa que disse se apoderaram desses fundos.
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Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são
apresentados e produzidos em Washington D.C.
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
Prof.kiluangenyc@yahoo.com.
PARA OUVIR: https://www.blogtalkradio.com/profkiluangenyc/2020/03/12/angola-infeo-respiratrias-ou-coronavrus-covid-19-quem-infecta-quem?fbclid=IwAR2p46eBjMyVkAh0vef_aO1V2RxWt12wch3SVqOHL_sXYkx2R_q8VR6gVy8
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