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sábado, 15 de agosto de 2009

O “ PATRÃO “ da UNITA

Há quem queira ser Líder, mas nunca deixará de ser um mero « chefe »!

Na sessão da abertura da Comissão Política da UNITA, o mote da mesma está a vista de todos: o chefe quer ser o patrão do partido, nem que para tal, se tenha de socorrer dos estatutos da UNITA.

Vejamos uma parte do discurso do chefe:
«…Fortaleceremos a UNITA se nos apegarmos aos nossos princípios, aos nossos valores. E um desses princípios é a lealdade ao Partido. Quem ama a UNITA, quem é leal à UNITA, não causa problemas à UNITA. Outro desses princípios é o diálogo, que, de acordo com os nossos Estatutos, traduz-se na procura de amplos consensos para a resolução de problemas ou de conflitos, não no recurso aos jornais ou à rádio. Outro desses princípios é a democracia. É por demais conhecido o elevado grau de democraticidade interna no seio do nosso Partido. Mas atenção: parece haver alguns desvios, ou melhor, um mau entendimento dos princípios democráticos.Há diferença entre democracia e indisciplina. As regras de disciplina da UNITA estabelecem que as regras fundamentais de disciplina são: (a) Subordinação activa de todos os membros à Direcção do Partido; (b) Subordinação da minoria à maioria; (c) Tomada a decisão, os indivíduos que estiverem em minoria devem respeitar escrupulosamente o parecer da maioria e cumprir a decisão democraticamente tomada; Isto é democracia.Esta reunião deverá debruçar-se também sobre uma recomendação do Comité Permanente no sentido do reforço da nossa disciplina e coesão. Fortalecer a disciplina e a coesão é fortalecer o Partido.» … ( fim de citação ).

Palavras para quê?... até parece que está tudo dito.

Mas não está.

A Lei Fundamental Angolana, a nossa Constituição, está acima de qualquer estatuto partidário; como nenhum estatuto partidário deve coertar os direitos fundamentais do cidadão, mesmo quando ele é filiado num partido.

O chefe, esqueceu-se que em democracia, as maiorias devem respeitar as opiniões e a liberdade de expressão das minorias, e não subjugá-las, oprimindo-as na base de uma disciplina que servirá, quiçá, para « esconder » a falta de capacidade de liderança, que o «chefe» manifestamente não tem e que dificilmente conseguirá, socorrendo-se da « ferramenta estatutária (leia-se disciplina partidária).

O consenso, não é conceder a outra parte a oportunidade na discussão e ameaçá-la com a disciplina partidária para a calar, enquanto minoria. Mas antes, dar a minoria a possibilidade de opinar sobre os assuntos partidários e não relegá-la para um «canto» até as próximas eleições ao « cadeirão » de Presidente da UNITA.

O chefe, já deve ter reparado, que aqueles que têm a ousadia de opinar com liberdade e responsabilidade, não dependem, nem são sustentados pela máquina partidária e por isso, exercem o seu direito crítico, embora como minoria, para alertar as estruturas do partido, para o perigo de uma ditadura encapuçada no quadro de uma democracia disciplinada proposta por um chefe com pretensões a ser PATRÃO.

A UNITA é de todos aqueles, que desinteressadamente militam ou dirigem o partido, sem pedir em troca, mais do que aquilo que merecem, pelo trabalho realizado em prol de todos. E são estes que trabalhando no interesse comum, são por vezes considerados uma minoria indisciplinada por um grupo parasitário que orbita em redor do chefe, que falam naquilo em que deviam estar a fazer, mas que nunca fazem nada.

O partido será fortalecido, com os homens e mulheres que estarão dispostos a trabalhar numa equipa proactiva, leal e respeitadora das diferenças de opinião de cada um, sem preocupações de cargos e mordomias salariais, que só beneficiam, isso sim, uma minoria dita maioritária.

A UNITA precisa de um LÍDER, não de um chefe e muito menos de um PATRÃO!

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