Rádio Angola Unida (RAU): 172º
Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 18-06-2020
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- O Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA) defendeu, em
Luanda, que os investimentos para a Covid-19 sejam os mesmos do que para a
malária, doença que mais mata no país, noticiou esta terça-feira a imprensa. Em
conferência de imprensa, na segunda-feira, para reclamar as injustiças contra a
classe médica, o presidente do SINMEA, Adriano Manuel, questionou o
comprometimento que as autoridades angolanas têm com o país, tendo em conta “o
dinheiro que se gastou para resolver, até recentemente, no caso do novo
coronavírus”. Angola registou no primeiro trimestre deste ano, segundo dados do
Programa Nacional de Luta contra a Malária, 2.548 mortes, de um total de
2.065.673 casos. Para o sindicalista, a aposta governamental deveria ser para a
medicina preventiva, mas, ao contrário, os investimentos são para a medicina
curativa. “Os governantes angolanos costumam vangloriar-se com os altos hospitais
que estão a construir, os altos equipamentos, mas o que mata neste país são
doenças preveníveis, 95% das patologias no nosso país são preveníveis”, frisou.
Segundo Adriano Manuel, nunca se investiu tanto na saúde durante a atual
governação como se faz agora. “Nunca se criou uma comissão interministerial
para se resolver o problema da malária, que é o que mata mais, da má nutrição,
que é o que está a matar mais, mas temos uma comissão multiministerial que está
a investir milhões e milhões de dólares”, referiu o sindicalista, lembrando que
um doente de Covid-19, segundo informações da ministra da Saúde, custa em média
16 milhões de kwanzas (cerca de 23.500 euros), enquanto que o doente da malária
nem metade custaria. “E este doente que está em quarentena está assintomático,
mas gasta-se 16 milhões de kwanzas, isto é uma aberração, e temos pessoas a
morrer nos nossos hospitais”, vincou. O presidente do SINMEA sublinhou que não
descura a gravidade da pandemia, contudo, é preciso que se dê atenção ao mesmo
tempo às doenças que mais matam no país.
- Segundo o governante, que falava em Luanda, durante a cerimónia de
apresentação do Polo de Desenvolvimento Diamantífero de Saurimo, a "meta
essencial" que reconhece não ser fácil de atingir surge no âmbito da nova
política de comercialização de diamantes e o seu regulamento.
"Efetivamente é um desafio enorme, não é fácil chegar a 20% da lapidação,
hoje talvez estejamos a lapidar cerca de 2% da nossa produção, é irrisório e
por isso para chegarmos aos 20% vamos ter que trabalhar muito", afirmou.
Para Diamantino Pedro Azevedo, no decurso das ações do setor esta meta estará
patente, admitindo, no entanto, que a mesma "não será atingida neste e nem
provavelmente no próximo mandato", mas, insistiu, "é o desafio"
que pretende atingir. Angola produz cerca de 9 milhões de quilates de
diamantes/ano e cerca de 90% produção tem origem na província angolana da Lunda
Sul, leste do país, onde está a ser construído o polo orçado em 77 milhões de
dólares (68,2 milhões de euros). O ministro angolano considerou também que a
pandemia de covid-19 veio "agravar ainda mais" as dificuldades da
indústria diamantífera, uma vez que os "diamantes sintéticos tornam
igualmente mais difícil a atividade de diamantes naturais". "E isso
exige de nós mais responsabilidade e trabalho", exortou o governante aos
operadores angolanos e estrangeiros presentes na cerimónia. Quatro fábricas de
lapidação de diamantes operam em Angola, todas em Luanda, e no polo de Saurimo,
cuja conclusão está prevista para novembro próximo, deve congregar mais quatro
fábricas de lapidação. De acordo ainda com o governante, as quatro fábricas de
lapidação em construção no polo de Saurimo, Lunda Sul, constituem "âncoras
do projeto como garantias de materialização do empreendimento".
- A agência de notação financeira
Fitch Ratings disse este domingo que Angola deverá ter de pagar cerca de 5 mil
milhões de dólares este ano em pagamentos de dívida pública, representando mais
de 60% da receita do Governo. De acordo com o relatório, enviado aos
investidores e a que a Lusa teve acesso, “apesar do ajustamento orçamental em
curso, a depreciação das reservas estrangeiras e o aumento dos custos de
financiamento aumentaram o rácio da dívida sobre o PIB para bem acima da
classificação média de B”, o rating atribuído a Angola. “O choque do novo
coronavírus vai exercer ainda mais pressão sobre as finanças públicas em 2020”,
dizem os analistas, acrescentando que, por isso, “Angola deverá chegar a acordo
com os credores oficiais bilaterais sobre a reestruturação da dívida, mas a
revisão do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) pode requerer uma
reestruturação adicional da dívida comercial”. Angola, o segundo maior produtor
de petróleo na África subsaariana e a quarta maior economia da região, a seguir
à Nigéria, África do Sul e Quénia, está a sofrer as consequências da descida
dos preços do petróleo e o impacto das medidas de combate à pandemia de
covid-19, que causou até ao momento no país 138 infetados e seis mortos.
- A empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente de Angola José
Eduardo dos Santos, tem, pelo menos, sete inquéritos abertos pelo Ministério
Público (MP) contra si, ao que o jornal “Observador” apurou. Em causa estão
suspeitas de vários crimes económico-financeiros. Segundo o “Observador”, o
último dos sete inquéritos baseia-se na carta rogatória que Angola emitiu para
solicitar a cooperação judiciária de Portugal e que levou ao arresto, em Março,
das participações detidas por Isabel dos Santos nas sociedades Nos, Eurobic e
Efacec, assim como de todas as contas bancárias em Portugal da empresária, de
Mário Leite da Silva, de Paula Oliveira e de Sarju Rainkundalia, ex-chief
financial officer da Sonangol. O MP realizou, ontem, buscas judiciais a vários
alvos no âmbito das investigações abertas contra a empresária. Foram
autorizadas pelo juiz Carlos Alexandre do Tribunal Central de Instrução
Criminal e confirmadas pela Procuradoria-Geral da República. O “Observador”
conta que as autoridades realizaram buscas e apreenderam provas documentais nas diversas sedes das
sociedades portuguesas de Isabel dos Santos, com destaque para a Fidequity, com
escritórios na Avenida da Liberdade, em Lisboa, ligada a transferências de
cerca de 100 milhões de euros da Sonangol para o Dubai. Os mandatos de busca
referem também, segundo o “Observador”, outras sociedades ligadas a Isabel dos
Santos, como a Matter Business Solutions e a Burgate. O ex-advogado da
empresária também foi alvo de buscas, na sua casa e numa sala ocupada por si
num escritório das Amoreiras. A sociedade de advogados Uría Menéndez Proença de
Carvalho, onde José Brito Pereira trabalhava quando o caso Luanda Leaks
explodiu, também foi visto pelas autoridades.
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