Rádio Angola Unida (RAU): 174º
Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 2-07-2020
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- O Ministério Público (MP) de Angola pediu ao Tribunal Supremo uma peça
de prisão não inferior a 10 anos de prisão para o antigo governador do Banco
Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, e de até sete anos para o
ex-presidente do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno dos Santos, bem como
para o empresário Jorge Gaudens Sebastião. O pedido foi feito nas alegações
finais do julgamento que ainda decorre nesta terça-feira, 30, do chamado caso
dos "500 milhões", em que aqueles três arguidos e o antigo diretor do
Departamento de Gestão de Reservas do BNA, António Bule Manuel, foram acusados
de crimes de tráfico de influência, branqueamento de capitais, burla por
defraudação e branqueamento de capitais. O MP também pediu que os arguidos
indemnizem o Estado angolano.
- O Presidente angolano, João Lourenço, defendeu a luta que o seu Governo
tem vindo a fazer contra a corrupção e criticou aqueles que têm dito que esse
combate tem sido mal gerido, bem como os que, segundo ele, fazem um discurso
“baseado na mentira” contra os titulares dos poderes públicos. "Alguns
consideram apenas bons resultados o maior ou menor número de pessoas arroladas,
detidas ou condenadas ou que o Estado já devia ter recuperado todos os ativos,
o que a todos os títulos não é realista, uma vez que o dinheiro criou em alguns
a ilusão e falsa sensação de impunidade, não fazendo voluntariamente a
devolução dos ativos que ao povo angolano pertencem", disse Lourenço na
abertura da reunião do Bureau Político do MPLA nesta terça-feira, 30, em
Luanda, num discurso em que defendeu a independência da justiça e realçou que a
corrupção não é um problema do partido no poder, mas de toda a sociedade.
"É um problema dos angolanos e da sociedade no seu todo, nenhuma força
política pode se arrogar o direito de a monopolizar, sob pena de ser entendido
como uma tentativa de branqueamento dos seus", afirmou o Presidente que
defendeu o debate sobre as questões nacionais entre todos os atores do país.
- Na semana passada, o
Procurador-Geral de Angola admitiu a emissão de um mandado de captura
internacional contra Isabel dos Santos em coordenação com as autoridades
portuguesas. Agora, o marido de Isabel dos Santos afirma que é do interesse de
todos encontrar-se uma saída para o processo e diz-se disposto a negociar com a
Justiça de Angola. A declaração foi feita numa entrevista a uma rádio de
Luanda, onde acusou as autoridades portuguesas, que conduzem várias
investigações e o arresto de bens, de estarem às ordens de Angola. Isabel dos
Santos e Sindika Dokolo são suspeitos de desviarem milhões dos cofres do país.
- Os partidos da oposição parlamentar em Angola manifestam-se contra o
despedimento de 1.600 trabalhadores do Banco de Poupança e Crédito (BPC) e
desvalorizam as prometidas indemnizações aos visados. A UNITA, o PRS e a
CASA-CE apontam o dedo ao partido no poder, o MPLA, de, alegadamente, ter
estimulado a falência da instituição. O principal banco público do país
anunciou que, a partir do dia 13 de Julho, vai despedir um terço dos seus 4.800
funcionários como resultado do encerramento de 106 dependências em 13
províncias, 22 das quais em Luanda. A medida foi justificada pelo presidente do
Conselho de Administração (PCA), André Lopes, com a necessidade de “reduzir os
custos operacionais da instituição em face da deterioração dos seus ativos que,
segundo afirmou, “nos últimos sete anos tiveram prejuízos acumulados de 404,7
mil milhões de kwanzas (700 milhões de dólares), até dezembro de 2019”. André
Lopes prometeu um processo de despedimento gradual e por mútuo acordo com os
abrangidos pela medida. A deputada Mihaela Weba, da UNITA, diz que o seu
partido não concorda com o despedimento de trabalhadores em tempo de crise e
acusa o partido no poder de permitir a redução dos postos de trabalhado
contrariando as suas próprias promessas eleitorais. “Estão a criar problemas
sociais no seio das famílias”, disse. Por sua vez, o vice-presidente da
CASA-CE, Manuel Fernandes, exige do BPC seriedade no cumprimento da promessa de
compensação aos trabalhadores a despedir. Rui Malopa, secretário-geral do PRS,
considera “incompreensível” que um banco com capitais do Estado coloque na rua
um número tão elevado de trabalhadores.
- A Fitch Ratings disse que entre os cinco países com um maior rácio da
dívida sobre o PIB na África subsaariana estão Angola, Cabo Verde e Moçambique,
todos acima de 100%. A agência de notação financeira Fitch Ratings disse esta
quarta-feira que entre os cinco países com um maior rácio da dívida sobre o PIB
na África subsaariana estão Angola, Cabo Verde e Moçambique, todos acima de
100%. “A Fitch estima que o rácio da dívida pública face ao PIB seja mais
elevada no final deste ano em Cabo Verde, com 157% do PIB, seguida da República
do Congo, com 115%, Moçambique, com 113%, Zâmbia com 110% e Angola com 108%”,
lê-se num relatório sobre as economias da África subsaariana. No documento,
enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Fitch
Ratings, detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions, dizem que a
subida deste rácio desde 2012 foi mais elevado na Zâmbia, onde subiu 86 pontos
percentuais, seguido da Angola (82 pontos) e Moçambique, com 73 pontos
percentuais. “O peso da dívida para os governos da África subsaariana está a
subir a um ritmo mais rápido e para níveis mais elevados que outros mercados
emergentes, evidenciando o risco de mais descidas no rating e incumprimentos
financeiros (defaults, no original em inglês)”, lê-se na análise. Os efeitos da
propagação da pandemia de Covid-19 e o choque petrolífero “estão a ter um
impacto severo na região”, escreve a Fitch, apontando que “o PIB real deve cair
2,1%, em média, este ano, e os défices orçamentais deverão alargar-se de 4,9%,
no ano passado, para 7,4% este ano”. A degradação das condições económicas
destes países, entre os quais se contam os lusófonos Angola, Cabo Verde e
Moçambique, não começou com a pandemia, diz a Fitch Ratings, notando que o
agravamento das condições macroeconómicas está em curso há uma década e vai ser
difícil de reverter.
RAU – Rádio Angola Unida - Uma rádio ao serviço dos angolanos, que não
têm voz em defesa dos Direitos Humanos e Combate a Corrupção, em prol de um
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Os programas da Rádio Angola Unida (RAU) são
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Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
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