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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Empresas vêem limite de 1,5 milhões como dificuldade no recurso à linha de crédito para Angola



“”(…)  As empresas portuguesas em Angola admitem interesse na linha de crédito criada pelo Governo português, mas o limite de 1,5 milhões de euros poderá condicionar a sua utilização, admitem empresários consultados pela agência Lusa em Luanda.
Em causa está uma linha de 500 milhões de euros a estabelecer pelo Governo português com os bancos, para reforço da tesouraria das empresas portuguesas com actividade ou que exportam para Angola, medida que para o director-geral da subsidiária angolana da Efacec "é importante", tendo em conta a actual "fase complicada".
"Os nossos serviços jurídicos estão a analisar e é muito importante que o Governo tenha ouvido a nossa voz [das empresas]. Mas para uma empresa como a Efacec, em que as dívidas dos clientes são de 20 milhões de dólares (18 milhões de euros), é uma ajuda que teria pouca expressão. Teremos que encontrar outro caminho", admite José Cabral Costa.
O ministro da Economia português, António Pires de Lima, já explicou que cada empresa poderá fazer uma utilização máxima de 1,5 milhões de euros desta linha, limite imposto para que a mesma não seja considerada "uma ajuda de Estado" pela União Europeia.
Explicou também que o objectivo é dar uma "almofada financeira" para as empresas poderem gerir o período que se vive em Angola, resultante da descida do preço do petróleo, com o Estado a contar com menos receita fiscal. Para já, a Efacec Angola, detida a 100% pela casa mãe (Efacec) e que conta com um volume de negócios de 80 milhões de euros, não antevê recorrer a esta linha.
"Mas é uma medida concreta que temos de saudar, só espero que se sigam outras", afirmou José Cabral Costa, em entrevista à Lusa.
Da mesma forma, uma fonte oficial da administração do grupo Visabeira em Angola, que conta com cerca de meia dúzia de empresas no país, sobretudo na área das telecomunicações (detém 50% da TV Cabo), disse à Lusa que está a estudar o acesso a esta linha. Isto face a dívidas de clientes - nomeadamente empresas públicas angolanas - que ascendem a "poucas dezenas de milhões de dólares".
"Não vamos descartar qualquer possibilidade que haja de apoio a empresas portuguesas. Vamos estudar em que termos é que [a linha] vai ser feito", refere a mesma fonte.

Também o limite de 1,5 milhões de euros é visto, à semelhança de outras empresas que operam em Angola, como restritivo, em função das dificuldades de tesouraria actuais e dos grandes atrasos, que se avolumam, nos pagamentos. "Não será uma verba por aí além, para quem tem créditos mais expressivos, e tendo em conta o mercado angolano e as relações económicas entre os dois países", apontou ainda a administração daquele grupo português em Angola.
Já para o empresário português Acácio Matias, que instalou em Angola um negócio de distribuição de máquinas para construção, "dificilmente" a solução para as dificuldades que enfrenta passará pelo recurso a esta linha. "Endividamento já nós temos que chegue. O que resolveria era que Portugal abrisse uma linha de crédito de mil ou dois mil milhões de euros, como fazem os chineses, e as empresas portugueses recebessem desse fundo, ficando o Governo angolano a pagar. Só que Portugal tem os cofres cheios é de miséria e de ar", criticou o sócio-gerente da Mundimáquinas.
No caso desta empresa, que emprega em Luanda oito trabalhadores, as dificuldades colocam-se ainda pela impossibilidade de devolver à casa-mãe, em Portugal, cerca de 400 mil euros, relativos a investimento realizado na instalação em Angola. "As coisas não estão fáceis, mas temos de continuar, para ver se fica melhor", desabafou Acácio Matias.
A criação desta linha de crédito foi justificada pelo Governo português com a "particularidade da situação que muitos grupos portugueses vivem em Angola, nomeadamente Pequenas e Médias Empresas (PME)", contando a mesma com "uma dimensão de 500 milhões de euros, com prazo máximo de dois anos e carência de um ano". “” – FONTE : PÚBLICO

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