“”(…) As empresas portuguesas em Angola admitem interesse na linha de crédito criada pelo Governo português, mas o limite de 1,5 milhões de euros poderá condicionar a sua utilização, admitem empresários consultados pela agência Lusa em Luanda.
Em causa está uma linha de 500 milhões de euros a estabelecer
pelo Governo português com os bancos, para reforço da tesouraria das empresas
portuguesas com actividade ou que exportam para Angola, medida que para o
director-geral da subsidiária angolana da Efacec "é importante",
tendo em conta a actual "fase complicada".
"Os nossos serviços jurídicos estão a analisar e é muito importante que
o Governo tenha ouvido a nossa voz [das empresas]. Mas para uma empresa como a
Efacec, em que as dívidas dos clientes são de 20 milhões de dólares (18 milhões
de euros), é uma ajuda que teria pouca expressão. Teremos que encontrar outro
caminho", admite José Cabral Costa.O ministro da Economia português, António Pires de Lima, já explicou que cada empresa poderá fazer uma utilização máxima de 1,5 milhões de euros desta linha, limite imposto para que a mesma não seja considerada "uma ajuda de Estado" pela União Europeia.
Explicou também que o objectivo é dar uma "almofada financeira" para as empresas poderem gerir o período que se vive em Angola, resultante da descida do preço do petróleo, com o Estado a contar com menos receita fiscal. Para já, a Efacec Angola, detida a 100% pela casa mãe (Efacec) e que conta com um volume de negócios de 80 milhões de euros, não antevê recorrer a esta linha.
"Mas é uma medida concreta que temos de saudar, só espero que se sigam outras", afirmou José Cabral Costa, em entrevista à Lusa.
Da mesma forma, uma fonte oficial da administração do grupo Visabeira em Angola, que conta com cerca de meia dúzia de empresas no país, sobretudo na área das telecomunicações (detém 50% da TV Cabo), disse à Lusa que está a estudar o acesso a esta linha. Isto face a dívidas de clientes - nomeadamente empresas públicas angolanas - que ascendem a "poucas dezenas de milhões de dólares".
"Não vamos descartar qualquer possibilidade que haja de apoio a empresas portuguesas. Vamos estudar em que termos é que [a linha] vai ser feito", refere a mesma fonte.
Também o limite de 1,5 milhões de euros é visto, à semelhança de outras empresas que operam em Angola, como restritivo, em função das dificuldades de tesouraria actuais e dos grandes atrasos, que se avolumam, nos pagamentos. "Não será uma verba por aí além, para quem tem créditos mais expressivos, e tendo em conta o mercado angolano e as relações económicas entre os dois países", apontou ainda a administração daquele grupo português em Angola.
Já para o empresário português Acácio Matias, que instalou em Angola um negócio de distribuição de máquinas para construção, "dificilmente" a solução para as dificuldades que enfrenta passará pelo recurso a esta linha. "Endividamento já nós temos que chegue. O que resolveria era que Portugal abrisse uma linha de crédito de mil ou dois mil milhões de euros, como fazem os chineses, e as empresas portugueses recebessem desse fundo, ficando o Governo angolano a pagar. Só que Portugal tem os cofres cheios é de miséria e de ar", criticou o sócio-gerente da Mundimáquinas.
No caso desta empresa, que emprega em Luanda oito trabalhadores, as dificuldades colocam-se ainda pela impossibilidade de devolver à casa-mãe, em Portugal, cerca de 400 mil euros, relativos a investimento realizado na instalação em Angola. "As coisas não estão fáceis, mas temos de continuar, para ver se fica melhor", desabafou Acácio Matias.
A criação desta linha de crédito foi justificada pelo Governo português com a "particularidade da situação que muitos grupos portugueses vivem em Angola, nomeadamente Pequenas e Médias Empresas (PME)", contando a mesma com "uma dimensão de 500 milhões de euros, com prazo máximo de dois anos e carência de um ano". “” – FONTE : PÚBLICO
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