Rádio Angola Unida (RAU): 151º
Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 23-1-2020
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- A empresária angolana Isabel dos Santos foi
constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem
pela petrolífera estatal Sonangol, anunciou esta quarta-feira a
Procuradoria-Geral da República de Angola. A empresária angolana Isabel dos
Santos foi constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante
a passagem pela petrolífera estatal Sonangol, anunciou esta quarta-feira, 22 de
janeiro, a Procuradoria-Geral da República de Angola. O anúncio foi feito pelo
procurador-geral, Heldér Pitta Grós, em conferência de imprensa em Luanda. Enquanto
isso, O general Hélder Pitta Grós vai encontrar-se, esta quinta-feira, com a
Procuradora-Geral da República portuguesa, a magistrada Lucília Gago Lucília
Gago. A reunião é a primeira desde que foi conhecida a investigação ‘Luanda
Leaks’, na qual é revelado que a empresária angolana Isabel dos Santos desviou,
alegadamente, milhões de dólares para o Dubai. Também, Isabel dos Santos vai
deixar de ser acionista no EuroBic. Em comunicado, o banco explica que "a
operação de alienação da sua participação já foi iniciada" e que a sua
saída "decisiva" vai "concretizar-se o mais brevemente
possível". Sendo assim, a empresária angolana renunciou ao exercício dos
seus direitos de voto e, consequentemente, todos os administradores não executivos
"que exercem funções na estrutura de gestão do Universo da Eng.ª Isabel
dos Santos apresentaram a renúncia aos seus cargos no EuroBic com efeitos
imediatos". A venda dos 42,5% que tem no antigo BPN está a ser negociada.
- A responsável da Transparência
Internacional (TI) para o sul de África considerou hoje que os ‘Luanda Leaks’
estão a provocar “ondas de choque”, nomeadamente em África, admitindo um
“efeito dominó” de revelação de casos semelhantes no continente. “A
investigação está a provocar ondas de choque não só em África, mas também na
comunidade internacional, porque mostra que ninguém está imune e que os delitos
supostamente secretos não o são”, adiantou, em declarações à agência Lusa,
Mokgao Kupe. A coordenadora regional da Transparência Internacional para o Sul
de África disse, por outro lado, acreditar que “provavelmente a investigação
terá um efeito dominó” que levará a “revelações explosivas” em outros países.
Mokgao Kupe classificou como “cruciais” as revelações da investigação ‘Luanda
Leaks’ por tornarem “mais claro” o nível de corrupção que, durante duas
décadas, “existiu nos setores público e privado em Angola”.
- Angola espera obter a cooperação de outros
países que estejam abrangidos pelo caso 'Luanda Leaks', que envolve Isabel dos
Santos, afirmou hoje em Londres o ministro de Estado para a Coordenação
Económica angolano, Manuel Nunes Júnior. Numa intervenção no Instituto Real de
Relações Internacionais Chatham House, o governante disse que espera
"cooperação em termos diplomáticos com todos aqueles países que sintam que
aspetos que foram trazidos à luz tenham relevância para os seus países".
"O combate que estamos a fazer ao mau uso de recursos públicos em Angola é
um combate sério, firme e vai continuar, porque precisamos de ter em Angola uma
sociedade que respeite a lei. Vamos buscar a cooperação de todos aqueles países
que podem ser relevantes nesta luta contra a corrupção", afirmou Manuel
Nunes Júnior, questionado sobre o caso 'Luanda Leaks'. O ministro angolano
admitiu que o caso relativo à filha do anterior Presidente José Eduardo dos
Santos "é uma situação sensível, mas é algo que o executivo angolano tem
realmente de tratar". Sobre o papel das consultoras que faziam auditorias
a empresas, referiu que "vários órgãos de Angola e não só vão ter de pegar
nessa informação toda, analisá-la e ver os passos seguintes".
- A Organização das Nações Unidas (ONU)
antecipa que Angola ainda continue em recessão este ano, com um crescimento
negativo de 1%, e comece a crescer em 2021, com uma expansão de 1,5%, segundo
um relatório hoje divulgado. De acordo com o relatório sobre a Situação
Económica Mundial e Perspetivas, lançado hoje em Nova Iorque, a ONU estima que
a economia angolana enfrente o quinto ano consecutivo de recessão económica,
regressando depois ao crescimento económico, vendo a economia expandir-se 1,5%.
A situação económica na África Austral deteriorou-se em 2019, com várias
economias em estagnação ou recessão num contexto de baixo investimento, faltas
de energia, elevado desemprego e clima catastrófico", lê-se no documento,
que dá conta que estas economias do sul de África devem ter crescido 0,3% em
2019 e deverão acelerar para 0,9% este ano e 1,9% em 2021. Segundo o relatório,
o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita "deverá manter-se em
território negativo este ano" nesta região. Em Angola, a maior economia da
região depois da África do Sul, "a recessão deverá continuar este ano num
contexto de contínua queda da produção e dificuldades na atração de
investimentos estrangeiros", frisa o documento. Assim, continua a ONU,
"em Angola o crescimento do PIB deverá entrar em terreno positivo apenas
em 2021, mas em termos per capita [divisão do crescimento da economia pelo
crescimento da população] o país deverá continuar a contrair-se pelo sétimo ano
consecutivo".
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Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
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