Rádio Angola Unida (RAU): 168º
Edição do programa "7 dias de informação em Angola" apresentado no dia 21-05-2020
por Serafim de Oliveira com análises e comentários de Carlos Lopes:
- Empresários angolanos alertam que os seus
negócios estão à beira do abismo, com despedimentos em massa à vista, mas não
apenas por causa da Covid-19. É que, lembram, a crise empresarial dura há quase
cinco anos. Rui Santos considera que o setor empresarial vai sair muito
penalizado desta situção se o Estado não agir. “E não é apenas por causa da Covid-19,
mas a crise nas empresas já tem cinco anos e o setor não vai sobreviver sem as
ajudas do Estado, em termos de empréstimos bancários com juros baixos que
permitam às empresas remontar os seus planos de negócios e reiniciar o seu
trabalho", diz Santos, lembrando que “as empresas estão sem recursos e sem
recursos não têm outra opção, que não sejam os despedimentos que vão
acontecer". Por seu lado, o empresário Carlos Padre vai mais longe e
alerta o Executivo para o que chama de distorções enormes da economia nacional
que levam as empresas ao abismo. "A Covid-19 só veio destapar o que já
estava mal, sobretudo as micro, pequenas e médias empresas, e há enormes
distorções que causam danos ao funcionamento das empresas”, explica Padre que,
além de pedir ao Executivo que tenha noção desta realidade, diz recear que “a
falência das empresas leve o país a situações de instabilidade social”. Aquele
empresário alerta que “com o nível de desemprego que temos, há um barril de
pólvora com um rastilho curto que precisamos resolver já para evitar convulsões
sociais”, no momento em que, segundo diz, aumenta também o número de pessoas em
torno de contentores de lixo, principalmente nas áreas onde vive uma certa
classe média.
- Como
a elite angolana criou uma rede privada de bancos para transferir as suas
fortunas para a União Europeia. Um grupo de destacados responsáveis do Governo
de Angola e banqueiros canalizou centenas de milhões de dólares para fora do
país com reduzida supervisão, criando a sua própria rede privativa de bancos
através dos quais transferiu o dinheiro para Portugal e outros países da União
Europeia, revela uma investigação do Organized Crime and Corruption Reporting
Project (OCCRP, um consórcio de jornalismo constituído por centros de
investigação em vários continentes). Através dos seus bancos, a rede canalizou
pelo menos 324 milhões de dólares, a maioria dos quais teve origem em Angola.
Outros 257 milhões de dólares foram encontrados na posse de empresas europeias
com ligações próximas a estes destacados responsáveis. O esquema foi
documentado em 2016 pelo Banco de Portugal em dois relatórios de auditoria que
não tinham ainda sido tornados públicos. Nestes relatórios, os bancos que o
grupo criou e usou foram descritos como tendo violado dezenas de normas bancárias.
- O primeiro lote de material médico
transportado pela companhia de bandeira angolana TAAG depois de o Governo ter
dispensado, na semana passada, o serviço da Ethiopian Airlines, contratada
inicialmente para o transporte da carga, já se encontra em Luanda. Um avião da
companhia angolana proveniente da China, aterrizou no domingo, 17, na capital
do país com 30 toneladas de materiais diversos de biossegurança e de outros
meios de prevenção e combate à pandemia. A interrupção unilateral do contrato
com a Ethiopian Airlines deveu-se ao fato daquela companhia ter sido utilizada
“por entidades privadas alheias ao contrato, de parte da capacidade das
aeronaves fretadas por Angola, para trazer os meios”, disse, na altura, a
Comissão Multissectorial para a Prevenção e Combate à Covid-19. Este órgão não
revelou, entretanto, a identidade das figuras envolvidas no “esquema”, mas o
Presidente da República mandou instaurar uma sindicância para aferir o
envolvimento da comissão ou não no negócio. João Lourenço não só ordenou a
suspensão do contrato com a Ethiopian Airlines e a sua substituição pela
companhia nacional, como também mandou confiscar as mercadorias transportadas a
custo zero. O jornalista Alexandre Solombe diz que o “escândalo resulta da luta
pela oportunidade de negócio, por parte de alguma figuras dentro da comissão
multissectorial”, aproveitando-se dos esforço do Governo para combater a
pandemia. Por seu turno, o analista Ilídio Manuel acrescenta que o resultado
deste inquérito tem de ser divulgado por se tratar de “um teste à governação de
João Lourenço”.
-
"As perspetivas económicas de Angola continuam fracas, com a
recessão a dever prolongar-se pelo quinto ano consecutivo em 2020", lê-se
na análise que os peritos da unidade de análise da revista económica britânica
The Economist fazem ao segundo maior produtor de petróleo na África
subsaariana. No texto, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os
analistas da EIU escrevem que antecipam uma recessão de 4,1% este ano e um
regresso ao crescimento, ainda que ligeiro, no próximo ano, que estimam ser de
0,1%. "As exportações de petróleo vão continuar a cair, enquanto o fluxo
de investimentos vai continuar a ser fraco, já que o preço do petróleo continua
baixo", afirmam, acrescentando que entre 2022 e 2024 a previsão aponta
para um crescimento médio de 4,3%, "impulsionado por uma recuperação na
agricultura, minas, construção, manufatura e serviços". A produção de
petróleo, estima a EIU, ficou-se pelos 1,39 milhões de barris diários, abaixo
do limite acordado com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(OPEP), que apontava para uma produção de 1,48 milhões. "A produção de
petróleo vai continuar a cair este ano devido aos campos em maturação e à falta
de investimento", salientam, apontando também que o limite de produção ao
abrigo do acordo com a OPEP desceu para 1,18 milhões por dia em maio e junho, e
depois subindo para 1,25 milhões diários na segunda metade do ano. "As
exportações vão cair fortemente e a receita reduzida do petróleo vai limitar a
capacidade do Governo para aumentar significativamente a despesa e providenciar
a rede de segurança social necessária durante o período de confinamento",
concluem os analistas.
- Empresa portuguesa abriu ação contra Angola
e a General Electric em Nova Iorque. Reclama 550 milhões de dólares. É uma
espécie de David contra Golias. A Aenergy, empresa portuguesa que até ao ano
passado empregava 250 trabalhadores, avançou com um processo em Nova Iorque
contra a República de Angola e contra a gigante norte-americana de turbinas
General Electric (GE), com uma capitalização bolsista equivalente a €46 mil
milhões. Na ação, a que o Expresso teve acesso, a empresa reclama mais de 550
milhões de dólares (€507 milhões) de indemnização. Em causa está um diferendo
entre a Aenergy, fundada em 2012 pelo empresário português Ricardo Machado, e o
Governo angolano em torno do fornecimento de turbinas da GE para várias
centrais elétricas em Angola. O diferendo, que o Expresso já havia revelado em
novembro do ano passado, culminou no afastamento da Aenergy dos contratos que
vigoravam desde 2017.
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Perguntas e sugestões podem ser enviadas para
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