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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Funcionários queixam-se de maus tratos em empresa chinesa em Angola



“”(…)  Para além dos colegas que morreram e cujos corpos despareceram, os trabalhadores da empresa China International Trust and Investment Corporation (CITIC) em Angola queixam-se da falta de assistência médica e de atrasos no pagamento das remunerações salariais.
A maioria dos funcionários vem de províncias do interior de Angola. Entre eles está Manuel Figueiredo Loguembia, que saiu da Huíla há cinco meses para procurar emprego. Na CITIC, encontrou os conterrâneos, que trabalhavam há mais de dois anos nesta empresa.
Porém, inconformado com os maus-tratos a que era submetido, Manuel Figueiredo Loguembia abandonou o estaleiro em setembro, juntamente com outros companheiros. Temem pelas suas vidas, uma vez que os dirigentes da empresa são figuras políticas, como o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Corpos desaparecidos
O jovem denuncia casos de trabalhadores que morreram na sequência dos maus-tratos, mas que foram imediatamente enterrados para sonegar o assunto.
"Morre-se durante a noite, mas eles desligam as luzes e deitam o corpo fora. Encontram uma vala e é aí onde o enterram sem ninguém saber", explica o jovem.
"Se alguém do quarto se aperceber que fulano morreu, mandam-no calar com duzentos ou trezentos mil kwanzas (dois mil dólares ou três mil dólares)", denuncia, acrescentando que se os trabalhadores estiverem doentes "têm de pagar a própria medicação” e a consulta porque “nada é de graça, tudo é a pagar".
Os feriados e fins de semana não são respeitados nesta empresa, o valor dos talheres e da comida é descontado dos salários e o valor das remunerações é baixo.
"Não temos feriados, não temos domingos… Não temos dia [de folga]. É só trabalhar… Quando toca [o despertador] às quatro e trinta, acordamos, às seis horas estamos na fila do pão e às 11 horas na fila do almoço com arroz sem sal", descreve Manuel Figueiredo Loguembia.
O jovem diz ainda que a vigilância no local de trabalho é feita por elementos da Unidade da Guarda Presidencial (UGP) da República de Angola.

Poder judicial refém do poder político
Para o responsável da Fundação Open Society-Angola, Elias Isaac, esta situação é consequência do fraco poder judicial no país, que diz ser refém do poder político.
"Quando num sistema político e de governação não existem fronteiras entre o governo e o partido, mas sim um sincretismo, então todos os órgãos do Estado, em particular o sistema judicial e até mesmo o sistema legislativo, perdem a sua utilidade política e tornam-se reféns do executivo ou reféns de um grupo de indivíduos. E este é o caso de Angola", lamenta Elias Isaac.
O ativista social António Francisco lembra que muitas famílias já perderam vários dos seus membros nesta empresa.
"E até hoje muitas pessoas ainda procuram Justiça. Pedem sobretudo as certidões de óbito para que de facto se assumam as culpas", frisa.

A DW África contactou a empresa CITIC e o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, mas estas entidades preferiram não comentar o assunto.”” – FONTE : DW África

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