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domingo, 19 de outubro de 2014

Judiciária apreende mais de 8 milhões de euros em dinheiro vivo a Bento dos Santos ‘Kangamba’, além de património.



“”(… )  A fortuna em Portugal do general Bento dos Santos ‘Kangamba’, uma das principais figuras da esfera do poder no regime angolano, está na mira da PJ por fortes suspeitas de que o sobrinho do presidente Eduardo dos Santos gere um fundo milionário que serve para branquear dinheiro no nosso país. E, por isso, grande parte dos bens patrimoniais de ‘Kangamba’ e do dinheiro que tinha depositado em vários bancos foram ontem apreendidos.

Foram encontrados mais de oito milhões de euros em dinheiro vivo, apurou o CM, que já estão à guarda do Estado. Assim como foram arrestados pelo menos três imóveis do general angolano, nomeadamente o apartamento na zona do Parque das Nações, em Lisboa, avaliado em cerca de dois milhões de euros.
Foi tudo apreendido às ordens do juiz Carlos Alexandre, na investigação da Unidade de Combate à Corrupção da PJ e do Departamento Central de Investigação e Ação Penal. Entendem que toda a fortuna de ‘Kangamba’ em Portugal tem origem criminosa. E que o branqueamento de capitais é um crime autónomo. A investigação faz o seu curso sem depender, por exemplo, de uma investigação por corrupção no país de onde saíram os capitais – Angola.
Bento dos Santos é ainda suspeito no Brasil de chefiar um negócio milionário de tráfico de mulheres para a prostituição – que as autoridades brasileiras suspeitam ter gerado 33 milhões de euros, que terão sido branqueados no futebol (ver caixa). E foi também indiciado em França por branqueamento, em 2013.
A polícia francesa apreendeu três milhões de euros em dois Mercedes de matrícula portuguesa – e deteve um grupo de portugueses, angolanos e cabo-verdianos que seguiam de Portugal para o Mónaco. Um deles tinha 60 mil euros e um cartão bancário do general ‘Kangamba’. Disseram que 100 mil euros se destinariam a gastos de jogo num casino no Mónaco.

Investimentos no futebol levantam dúvidas
Há suspeitas, na investigação brasileira por tráfico de mulheres, de que a paixão assumida do general Bento dos Santos por futebol é também uma forma que aquele encontra para fazer branqueamento de capitais – o mesmo crime pelo qual está a ser investigado em Portugal e que ontem levou a uma operação da Judiciária. Acredita a polícia brasileira que foi através de investimentos no futebol que a organização chefiada pelo general terá movimentado e branqueado cerca de 33 milhões de euros angariados com o negócio da prostituição. Bento dos Santos é presidente do Kabuscorp Futebol Clube do Palanca, em Angola, e na última época era um dos principais patrocinadores do Vitória de Guimarães. As iniciais BK, de ‘Bento Kangamba’, surgiam nas camisolas dos jogadores. Foi falado o seu interesse em entrar no capital do Belenenses, para comprar 9%, mas o negócio não avançou.

Acusado de chefiar rede de tráfico de mulheres
A operação ‘Garina’, em outubro do ano passado, arrastou o nome de Bento dos Santos ‘Kangamba’ para as primeiras páginas dos jornais brasileiros, uma vez que, segundo a polícia de São Paulo, seria o general angolano quem liderava uma rede de tráfico de mulheres para a prostituição – que foi desmantelada e cujos membros colocavam dezenas de mulheres, desde 2007, a prostituir-se em Portugal, Angola, África do Sul e Áustria.
A rede aliciava mulheres em Indianópolis, a sul de São Paulo, com valores entre 7200 e 72 mil euros. Mas, já no estrangeiro, as vítimas eram mantidas sob sequestro e obrigadas a manter relações sexuais sem preservativo. Ser-lhes-ia dado um suposto cocktail de drogas anti-sida.
Na altura, um porta-voz de ‘Kangamba’ desmentiu o seu envolvimento: "Facilmente se depreende, pelas notícias, que a intenção de citar o seu nome visa atingir e caluniar outras personalidades do Estado angolano."

Proximidade com poder angolano
Apesar de ser considerado ainda um jovem general, aos 49 anos, Bento dos Santos goza de proximidade e influência junto das altas esferas do poder em Angola – nomeadamente do próprio presidente José Eduardo dos Santos e do general Manuel Hélder Vieira Dias ‘Kopelipa’, chefe da Casa Militar do presidente angolano. Para tal, contribui o facto de o general Bento dos Santos ‘Kangamba’ ser um dos dirigentes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido que está no poder daquele país africano, e de ser sobrinho por afinidade de José Eduardo dos Santos: é casado com uma filha de Avelino dos Santos, que é irmão do presidente angolano. “” - FONTE : CM

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