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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

BES conhecia falta de garantias nos crédito em Angola desde final de 2011



“”(… )  O BESA (Banco Espírito Santo Angola) enviou para o BES em Lisboa um relatório com informação detalhada sobre os créditos concedidos pelo banco angolano e o nível de cobertura por parte de garantias.
Segundo João Moita, ex-responsável pela gestão de risco do BESA, este documento foi enviado no final de 2011 na sequência de uma inspeção da Troika ao BES. O relatório revelava que apenas 59% do crédito concedido tinha garantia. No entanto, entre os créditos com garantia, 70% tinham apenas contratos de promessa de hipoteca e não hipotecas efetivas. Esta situação prende-se com as dificuldades de provar a propriedade em Angola, explica.
O gestor, que está a ser ouvido está quarta-feira na comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do BES e do Grupo Espírito Santo, sublinha que o relatório sobre a situação do crédito concedido em Angola foi do conhecimento de Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires e Joaquim Goes. Os três ex-administradores do BES manifestaram na comissão de inquérito surpresa pelo descontrolo da situação financeira do BESA.
João Moita, que hoje trabalha no banco angolano com Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BESA, diz que este relatório nunca foi discutido com o conselho de administração. Assinala que depois do relatório ser entregue em Lisboa, o volume de crédito concedido em Angola cresceu e o financiamento do BES ao BESA também. Do crédito à participada angolana que ultrapassou três mil milhões de euros, uma parte substancial, mil milhões correspondiam a juros que não foram pagos pelo banco angolano à casa-mãe.
Neste relatório foi ainda feita uma estimativa para as necessidades de provisões no futuro face ao à evolução do nível de incumprimento. As provisões teriam de subir de 90 milhões em 2011 para 440 milhões num cenário mais favorável e de 700 milhões de dólares em 2015. Havia também uma noção dos problemas de liquidez do BESA.
João Moita nega ainda ter autorizado sozinho créditos de 500 milhões de dólares, conforme aparece descrito na ata da assembleia geral do BESA de outubro de 2013. Assegura que as operações eram aprovadas por três pessoas do conselho de crédito do BESA. Sobre levantamentos em numerário, João Moita assinala que havia limitações a 10 ou 20 mil dólares, além de que o BESA não teria recursos em numerário para entregas de milhões de dólares a clientes.
Garante ainda que 90% dos mutuários dos créditos concedidos pelo BESA estavam identificados e qualifica de absurdo indicação de que 80% do crédito concedido não tem beneficiários identificados. O BES em Lisboa, enquanto banco correspondente do BESA, sabia quem recebia as transferências. O dinheiro não voou, conclui.

Saber quem eram os clientes “é uma falsa questão”, realça o ex-responsável do BESA. O que será importante perceber é se está a ser feita alguma coisa para recuperar o dinheiro. Quando confrontado com operações e clientes concretos, João Moita não responde por causa do sigilo bancário angolano. O gestor lembrou no início da audição que tem nacionalidade angolana e que irá voltar ao país dentro de dias.
João Moita é presidente de um banco em Angola do qual Sobrinho é acionista. Nega que o ex-presidente do BESA tenha sido afastado da liderança da instituição pelo supervisor angolano devido a problemas de idoneidade. O gestor acompanhou o ex-presidente do BESA na sua audição na comissão de inquérito em 2014.
No início da sua audição o gestor lembra que Angola e o BESA só respondem por um terço das situações que levaram ao colapso do BES. “” – FONTE :  OBSERVADOR

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