“”(…) Uma missão de assistência técnica do
Fundo Monetário Internacional (FMI) iniciou hoje, em Luanda, reuniões de
trabalho com o Executivo angolano, no âmbito da supervisão financeira, poucas
semanas depois de ter sugerido o corte da subvenção aos combustíveis.
De acordo com informação do Ministério das Finanças
angolano, esta missão insere-se no artigo IV do Acordo Constitutivo do FMI, que
prevê a avaliação regular da política económica dos Estados membros para
"averiguar se esta é compatível com a estabilidade do sistema monetário
internacional".
A delegação presente em Luanda até 21 de fevereiro é liderada por Ricardo
Velloso, chefe da Missão do FMI para Angola, e vai analisar a execução das
políticas económicas do Executivo, "focando-se em adquirir atualizações e
uma visão geral dos últimos desenvolvimentos a nível dos setores petrolífero e
financeiro".Já hoje a delegação do FMI reuniu-se com o ministro das Finanças, Armando Manuel, prevendo-se também contactos com os titulares dos ministérios do Planeamento e Desenvolvimento Territorial, Petróleos, Economia e Construção. Outros contactos incluem o Banco Nacional de Angola, Sonangol, Fundo Soberano de Angola, Comissão de Mercado de Capitais, Instituto Nacional de Estatística, banca comercial e outros representantes do sector público e privado.
Em menos de um ano, trata-se da quarta visita de técnicos do FMI a Angola. Contudo, esta decorre em pleno processo de revisão do Orçamento Geral do Estado angolano, motivado pela quebra na cotação internacional do barril de petróleo, e que já foi entregue na Assembleia Nacional.
Num relatório revelado pela Lusa a 02 de fevereiro, posteriormente tornado público pelo FMI, aquela organização sugere a eliminação já em 2015 dos subsídios que o Estado angolano despende com a gasolina e redução faseada, até 2020, nas subvenções aos restantes combustíveis.
O documento foi elaborado após uma visita de técnicos do organismo a Luanda, precisamente a pedido do Governo angolano - que ainda não se pronunciou sobre o mesmo - para assistir tecnicamente a reforma dos subsídios públicos aos combustíveis.
Estes subsídios permitem manter os preços artificialmente baixos e custaram 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) angolano em 2014, mas beneficiam essencialmente as famílias "mais abastadas", segundo o relatório.
"Aproximadamente 80% dos combustíveis refinados são consumidos pelos 40% mais ricos, enquanto apenas 7% são consumidos pelos 40% mais pobres", lê-se no documento.
Entre várias propostas, o plano de ação do FMI estabelece a eliminação, já este ano, dos subsídios à gasolina.
Após dois aumentos em 2014, os primeiros em quatro anos, o litro de gasolina custa atualmente 90 kwanzas (77 cêntimos de euro), mas com a eliminação total do subsídio público subiria para 111 kwanzas (95 cêntimos de euro).
O FMI defende também um corte nos subsídios que provoque o aumento do litro do gasóleo dos atuais 60 kwanzas para 65 kwanzas (55 cêntimos de euros), já este ano. Novo aumento é proposto para 2018, para 90 kwanzas (77 cêntimos de euro), e no ano seguinte, para 120 kwanzas (1 euro).
Com estas medidas, no âmbito de um plano a vigorar até 2020, o FMI estima que a poupança orçamental líquida resultante da reforma pode chegar aos 2% do PIB angolano. “” – FONTE : NOTÍCIAS AO MINUTO
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