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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Angola: 'Situação vai ser preocupante para os exportadores'



“”(…)  O Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola garante que o país aprendeu com a crise de 2008-2009 e que Luanda está mais preparada para lidar com a queda do petróleo. Mas Paulo Varela reconhece que negócios dos portugueses vão ser afectados.

A CCIPA tem sido abordada devido a dificuldades de pagamentos em Angola?
As empresas associadas começam a dar-nos nota de atrasos nos pagamentos, não apenas em termos do sector público mas também do próprio sector privado. Outro problema é o dos trabalhadores expatriados: apesar de darem ordem de transferência dos salários, estes levam mais tempo a disponibilizar em Portugal. Mas importa realçar que, mesmo em circunstâncias normais, no primeiro trimestre verifica-se uma menor disponibilidade de divisas no sistema financeiro, com tendência a melhorar nos restantes trimestres. Este ano, a este efeito conjuntural acresce a questão mais estrutural do preço do petróleo.

Como tem evoluído a situação?
Há sinais positivos. Na última semana de Janeiro o BNA disponibilizou à banca comercial cerca do dobro das divisas que tinha disponibilizado na semana de 16 de Janeiro. E estão a ser priorizados os pagamentos dos bens alimentares e dos medicamentos.

Qual a capacidade de Angola reagir à queda do preço do petróleo?
Esta é a segunda crise derivada da queda do preço do petróleo em seis anos. Angola tirou a lição de que é preciso diversificar a economia. O país não pode assentar a sua estabilidade económica e financeira na volatilidade de uma matéria-prima. Nos últimos anos, o Executivo começou a promover programas e políticas de desenvolvimento em áreas não petrolíferas que têm visto o seu peso aumentar no PIB e a um ritmo muito superior ao do próprio petróleo. Mas lançar - ou relançar - a indústria de um país até se verem resultados leva tempo. A economia angolana está hoje mais robusta do que estava em 2008-2009: o esforço de diversificação da economia deu alguns resultados. As reservas externas aumentaram e cobrem cerca de 7 meses de importações; a taxa de inflação aumentou moderadamente; espera-se um aumento da receita não petrolífera devido à reforma tributária. Não obstante a evolução, a economia continua excessivamente dependente da indústria petrolífera, como prova a presente situação.

Que consequências prevê?
Haverá, como disse o Presidente José Eduardo dos Santos, uma revisão dos planos de investimento e dos gastos públicos. E esta revisão ou 'repriorização' terá impacto na economia real, isto é, consequências sobre a actividade das empresas, nomeadamente as que actuam nos sectores da construção e obras públicas, cujo principal cliente é o sector público.

Qual o impacto em Portugal?
O segundo grupo de produtos mais exportados por Portugal para Angola são os bens alimentares, por isso há um impacto sobre as empresas portuguesas. A situação será mais grave no sector das bebidas - em particular dos refrigerantes, que são o produto mais exportado para o mercado angolano. Todavia, é ainda cedo para quantificar o real impacto, porque não sabemos como vai ser feito o rateio das quotas de importação entre os grossistas importadores e, destes, quais são os que importam de Portugal. Mas vai ser uma situação preocupante para os exportadores portugueses dos bens alimentares definidos pelo Governo angolano.

A CCIPA tem em curso iniciativas para mitigar os problemas em Angola?
Estamos em contacto directo e permanente com as autoridades de Portugal e Angola, para estarmos capacitados para, em qualquer momento, transmitir aos nossos associados a informação necessária à continuação dos seus negócios com Angola. Estamos também a prestar às empresas associadas a informação que vai sendo divulgada, para que a sua actuação possa minimizar as consequências de eventuais dificuldades acrescidas nos recebimentos.

Os bancos podem ajudar a contornar as dificuldades de pagamentos?
Há instituições financeiras a actuar nos dois países que já manifestaram disponibilidade para a criação de instrumentos de crédito, em Portugal, que de alguma forma 'compensem' os pagamentos que não forem efectuados a partir de Angola. “” – FONTE : SOL

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