“”(…) Cerca de 240 casas foram destruídas
pelas autoridades em Cangambo, a sudoeste de Malanje, levando os seus
residentes a manifestarem-se em frente à administração municipal da cidade.
As casas a
sudoeste desta capital destruídas nos dias 3 e 4 deste mês por funcionários da
referida administração sob protecção de fiscais e efectivos policiais.
A primeira
tentativa de manifestação junto do gabinete provisório do governador Norberto
Fernandes dos Santos teve lugar no passado dia 5, mas sem contudo haver
qualquer encontro por razões desconhecidas.
Uma das
habitantes do bairro, identificada apenas como Dona Catarina, disse que as
autoridades meteram as crianças e os haveres na rua antes de destruírem as
casas.
“Não temos
sítio onde recorrermos, por isso, viemos ao Governo para ver se nos dá apoio,
para onde conseguimos construir e poder viver”, disse.
Outra
residente, Cristina da Conceição, disse que tinha havido uma discriminação
suspeita na destruição das casas porque nem todas foram demolidas.
“Eles quando
chegaram lá partiram uma parte, a outra parte ficou e isso é que nos doeu”,
disse.
Muitas famílias
passam a noite nos pouco escombros que resultaram das demolições.
Cristina da
Conceição disse que os habitantes tinham sido intimidados e “perseguidos por
fiscais e agentes da Unidade da Polícia de Intervenção Rápida”.
O pequeno
Jorge, de nove anos de idade, mostrou-se surpreso ao não encontrar a casa em
que vivia no lugar habitual.
“Vivi
com o Miloy, eu fui passear com os meus amigos e depois quando voltei só
encontrei as coisas fora”, contou.
O
administrador municipal de Malanje Osvaldo Naval dos Santos disse que as
populações tinham sido alertadas para os riscos que corriam pelo
modo como adquiriram os terrenos para construir as suas habitações.
“Ainda
durante a manhã de hoje tive um encontro com quatro cidadãos que representavam
o grupo de populares que estavam a ocupar a zona da reserva fundiária da
Cangambo e expliquei todos os requisitos necessários para a obtenção de um
terreno”,explicou.
Osvaldo
Naval dos Santos admitiu que um suposto funcionário da Administração Municipal
de Malanje influenciou os habitantes a ocuparem as respectivas parcelas de
terreno sem autorização.
“Nós estamos
cá para averiguar, é um processo que vai agora dar início aqui na Administração
Municipal e esperemos que haja também continuidade junto dos órgãos judiciais”,
concluiu.”” – FONTE : VOA
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